Comportamentos suicidários: caracterização e discussão de fatores de vulnerabilidade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ramôa,Andreia Filipa Araújo da Silva
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: Soares,Célia, Castanheira,Joana, Sequeira,José, Fernandes,Natália, Azenha,Sónia
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732017000500003
Resumo: Objetivos: Caraterizar a população de doentes observados em primeira consulta na Unidade de Comportamentos Suicidários (UCS) do serviço de psiquiatria do Hospital de Braga (HB) durante os anos 2014-2015 e identificar características associadas a maior risco de comportamentos suicidários de repetição e uso de métodos violentos. Tipo de estudo: Estudo observacional, transversal, descritivo e analítico. Local: Hospital de Braga. População: Doentes que tiveram primeira consulta na UCS do serviço de psiquiatria do HB no período compreendido entre 01/01/2014 e 31/12/2015. Métodos: Recolha de dados da rotina da consulta. Recolha de variáveis sociodemográficas, psicossociais, circunstanciais do comportamento suicidário e clínicas. Os dados foram colhidos através do processo clínico informático e analisados no programa SPSS®, v. 21. Foi realizada uma análise descritiva univariada e bivariada. Seguidamente foi criado um modelo de regressão logística binária para identificar possíveis fatores de risco associados aos comportamentos repetitivos e uso de métodos mais violentos. Resultados: Foram incluídos no estudo 154 indivíduos, maioritariamente mulheres (70,8%), com média de idades de 39,7 anos. A maioria era casada (51,9%). Os meses com períodos diurnos mais curtos foram aqueles em que se observaram maior número de tentativas de suicídio. A ingestão medicamentosa foi o método mais frequente (68,2%). Os métodos mais violentos e letais foram mais usados por homens (p=0,036). O consumo de substâncias foi associado ao uso de métodos mais violentos (p=0,045). A existência de perturbação da personalidade (p=0,001) e a terapêutica com antidepressivos (p=0,028) foram fatores de risco para comportamentos suicidários de repetição. Este estudo revelou ainda que a maioria (72%) das pessoas recorreu ao seu médico de família nos 12 meses prévios à tentativa de suicídio. Conclusões: Neste estudo, o diagnóstico mais frequente foi a depressão. Este estudo permitiu identificar, por um lado, a perturbação da personalidade e o uso de antidepressivos como fatores de risco associados ao comportamento suicidário repetitivo. Por outro lado, ajudou a definir o género masculino e o consumo de substâncias como fatores de risco para o uso de métodos mais violentos e letais na tentativa de suicídio. Este conhecimento é essencial para a prevenção da mortalidade associada aos comportamentos suicidários, nomeadamente entre médicos de família, que se encontram numa posição privilegiada para conhecimento do indivíduo e seu contexto. São, no entanto, necessários mais estudos para reforçar a influência dos fatores considerados de risco na população, uma vez que vários destes carecem ainda de evidência epidemiológica consistente
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