Existirá uma única Civilização Islâmica?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carmelo, Luís
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11144/1164
Resumo: O Egipto do início do século XIX não estava de modo nenhum dissociado do que, na Europa, então se designava por «civilização». A cultura técnica e a tradução sistemática de obras científicas, históricas e literárias para Árabe, a indústria do algodão, as reformas administrativas e as irrigações do período de Muhammad ‘Alí (1805-1848) eram disso exemplo. O ambiente de permuta com o Ocidente adensar-se-ia a partir de 1882, com a ocupação inglesa, e foi nessa época – mais concretamente entre 1900 e 1902 – que uma interessantíssima polémica invadiu a imprensa do Cairo (1). De um lado, Farah Antún (1861-1922), um sírio cristão que defendia uma maior tolerância do Cristianismo face ao Islão no que toca à «ciência e cultura»; do outro lado, Muhammad ‘Adbuh (1849-1905), uma figura cosmopolita formada em al-Azhar e que vivera alguns anos em Paris, defendendo a tese oposta. Os principais argumentos de ‘Adbuh baseavam-se na inexistência de clero no Islão e, portanto, na ausência de uma autoridade religiosa para além de Deus e do seu profeta; na recusa de uma política de conversões forçadas e no facto de a inteligência, a razão e o saber serem considerados, no Islão, como instrumentos da fé. A abordagem comparativa de ‘Adbuh é francamente moderna e ilustra a existência de uma elite islâmica que praticava, à época, um discurso do seu tempo. Mas o caso, no entanto, não é representativo. Sobretudo se se tiver em conta o todo do Islão.
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