Estudo e tentativa de enquadramento da contribuição dos portugueses para o estudo do geomagnetismo na época dos Descobrimentos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2003 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/15522 |
Resumo: | Introdução - Situemo-nos entre os séculos XV e XVI, época que, como sabemos, foi o período áureo dos Descobrimentos Portugueses e, portanto das grandes viagens de exploração marítima. Enquanto a navegação foi efectuada com costa à vista não se colocaram grandes dificuldades de orientação; a situação passou a ser muito diferente quando as naus e caravelas portuguesas se aventuraram em alto mar. Sem possuírem quaisquer pontos de referência fixos, tornava-se essencial encontrar sistematicamente a posição do navio no mar; a determinação do ponto no mar tornava-se pois uma necessidade primordial. Possuindo métodos e instrumentos que permitiam a determinação da latitude, restava o problema da determinação da longitude. Talvez por este conhecimento ser fundamental, terão os navegadores associados, sem se perceber a razão, longitude e declinação magnética. Pensava-se que medindo a variação da bússola se poderia conhecer o meridiano local. Tal procedimento, que parte de um fundamento errado, teve uma consequência importante: gerou grande interesse pelo conhecimento da declinação magnética. Esta dissertação tem como objectivo procurar analisar até que ponto os conhecimentos adquiridos como resultado desse interesse foram relevantes enquanto contributos para o conhecimento do campo geomagnético e para a evolução desse próprio conhecimento. Faremos um percurso em quatro fases, de modo a adquirirmos uma panorâmica tanto quanto possível minuciosa, sobre o modo como os fenómenos magnéticos foram entendidos pelos homens dos Descobrimentos, e sobre as suas relações com as questões náuticas. E evidente que esta monografia teria de começar por uma abordagem física ao campo geomagnético. E o que faremos no primeiro capítulo com a descrição física desse campo, em termos breves mas, tanto quanto possível abrangente, dos principais aspectos. Assumimos a escolha de a fazer em termos qualitativos, sem recorrer a formalismos matemáticos, pois pensamos ser esta a melhor forma de apresentar um trabalho produzido essencialmente para não especialistas. Deixamos contudo, em anexo, o tratamento matemático do campo geomagnético, pois tememos que uma dissertação desta natureza possa de algum modo ficar mcomp eta. No segundo capítulo serão sublinhados os fundamentos necessários para que os navegadores dos Descobrimentos pudessem levar à prática a determinação da longitude por meios magnéticos. Falamos, é claro, da descoberta da designada propriedade directiva do íman e da sua posterior aplicação na bússola, e do conhecimento do fenómeno da declinação magnética e da sua variação espacial. Será uma abordagem efectuada numa perspectiva histórica do conhecimento e evolução destes conceitos e do modo como poderão ter chegado ao conhecimento dos homens dos Descobrimentos. O terceiro capítulo é dedicado por inteiro ao esforço dos portugueses dos Descobrimentos em determinarem a longitude através da declinação magnética, ao modo como essa relação foi sucessivamente entendida e às consequências que daí advieram. Neste contexto será evidenciado o trabalho colectivo de todos aqueles (pilotos, cosmógrafos, navegadores, aventureiros, homens da ciência, artesãos,...) que contribuíram com o seu esforço para esta causa. De entre todos, torna-se necessário destacar, pelo trabalho produzido e pelo modo como o efectuou, uma das mais importantes personalidades do séc. XVI: D. João de Castro. Terminaremos com uma reflexão mais pessoal, em jeito de conclusão, abordando três vertentes, que em nosso entender devem merecer destaque. A primeira procura extrair conclusões sobre o trabalho dos portugueses dos séculos XV /XVI, e a sua importância no contexto do magnetismo terrestre. Supondo que até possa nem ser imprescindível efectuar uma análise desta natureza, consideramos que esta abordagem faz sentido. Não é de descartar a possibilidade de, num contexto, alguém possa sentir a necessidade de se interrogar sobre tal assunto. A segunda relaciona-se com o procedimento de D. João de Castro face à observação de alguns fenómenos magnéticos, em que denota características invulgares para o seu tempo. |
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Pensava-se que medindo a variação da bússola se poderia conhecer o meridiano local. Tal procedimento, que parte de um fundamento errado, teve uma consequência importante: gerou grande interesse pelo conhecimento da declinação magnética. Esta dissertação tem como objectivo procurar analisar até que ponto os conhecimentos adquiridos como resultado desse interesse foram relevantes enquanto contributos para o conhecimento do campo geomagnético e para a evolução desse próprio conhecimento. Faremos um percurso em quatro fases, de modo a adquirirmos uma panorâmica tanto quanto possível minuciosa, sobre o modo como os fenómenos magnéticos foram entendidos pelos homens dos Descobrimentos, e sobre as suas relações com as questões náuticas. E evidente que esta monografia teria de começar por uma abordagem física ao campo geomagnético. E o que faremos no primeiro capítulo com a descrição física desse campo, em termos breves mas, tanto quanto possível abrangente, dos principais aspectos. 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O terceiro capítulo é dedicado por inteiro ao esforço dos portugueses dos Descobrimentos em determinarem a longitude através da declinação magnética, ao modo como essa relação foi sucessivamente entendida e às consequências que daí advieram. Neste contexto será evidenciado o trabalho colectivo de todos aqueles (pilotos, cosmógrafos, navegadores, aventureiros, homens da ciência, artesãos,...) que contribuíram com o seu esforço para esta causa. De entre todos, torna-se necessário destacar, pelo trabalho produzido e pelo modo como o efectuou, uma das mais importantes personalidades do séc. XVI: D. João de Castro. Terminaremos com uma reflexão mais pessoal, em jeito de conclusão, abordando três vertentes, que em nosso entender devem merecer destaque. A primeira procura extrair conclusões sobre o trabalho dos portugueses dos séculos XV /XVI, e a sua importância no contexto do magnetismo terrestre. Supondo que até possa nem ser imprescindível efectuar uma análise desta natureza, consideramos que esta abordagem faz sentido. Não é de descartar a possibilidade de, num contexto, alguém possa sentir a necessidade de se interrogar sobre tal assunto. A segunda relaciona-se com o procedimento de D. 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