A superação do gnosticismo na teoria da criação de Leonardo Coimbra

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dimas, Samuel
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.14/33518
Resumo: A filosofia espiritualista portuguesa encerra uma forte influência do pensamento místico das religiões orientais e do pensamento gnóstico desenvolvido no período helenista. Esta presença do gnosticismo caracteriza-se por um dualismo antropológico, em que o corpo é concebido como o cárcere da alma, e por uma cisão ontológica e cosmológica, em que o mundo sensível é concebido como uma realidade aparente e maligna. Nos períodos da Galécia e da Lusitânia a influência gnóstica situa-se no contexto do diálogo com a patrística e da apologética contra correntes de pensamento como o maniqueísmo e o origenismo. No período do al-Andalus e da fundação da nacionalidade o gnosticismo manifesta-se por via da presença do neoplatonismo nas culturas islâmicas e hebraicas e na cultura cristã em torno do debate acerca do mundo como resultado da criação ou da emanação. A contemporaneidade vai retomar estes debates, regressando aos temas maniqueístas da cisão no Ser e da oposição entre o espírito e a matéria. Assistimos à recuperação da noção de dupla criação de Orígenes e Gregório de Nissa, para conciliar a teoria platónica da pré-existência das almas com a teoria judaico-cristã da criação ex nihilo. Encontramos a negação do caráter histórico da revelação divina e do mistério da ressurreição do corpo. Identificamos a tese cosmológica do movimento cíclico de egressus e regressus como forma de retorno à Origem da realidade divina decaída.
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