Alterações climáticas e saúde : estudo ecológico sobre ondas de calor e utilização de cuidados de saúde na região do Alentejo em 2018

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nóbrega, Teresa Sofia Aires de Matos
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/89819
Resumo: RESUMO - INTRODUÇÃO: As alterações climáticas são um dos principais desafios que a humanidade enfrenta atualmente e refletem-se no aumento da frequência de eventos meteorológicos extremos e na alteração dos padrões epidemiológicos pelo que representam um desafio aos sistemas de saúde. Verifica-se um aumento do número de dias quentes por ano e também das temperaturas médias a nível global. Os estudos e relatórios publicados sobre a temática evidenciam na sua generalidade a existência de efeitos deletérios das ondas de calor na saúde das populações. FINALIDADE E OBJETIVOS: O trabalho desenvolvido nesta dissertação teve como finalidade contribuir para o estudo da influência das alterações climáticas no estado de saúde das populações. Para o efeito, procurou discutir a relação entre ondas de calor e utilização de cuidados de saúde numa região rural portuguesa. Definiram-se como objetivos específicos a identificação das ondas de calor observadas na região do Alentejo durante o ano de 2018 e a análise das variações em indicadores de utilização de Cuidados de Saúde Primários (CSP) e Cuidados Hospitalares. MÉTODOS: Conduziu-se um estudo observacional ecológico da população residente na área da ARS Alentejo utilizando dados de temperaturas extraídos do NCEI NOA, alertas do IPMA e informações de utilização de cuidados disponibilizadas pela ARS. A metodologia incluiu diferentes tipos de análise, nomeadamente: regressão linear, análise de percentis, construção de gráfico de frequências, cálculo da variação de episódios para os indicadores de utilização e aplicação do teste t para amostras independentes utilizando o SPSS. Para cada indicador foram comparados os números de episódios observados durante as ondas de calor de 2018 e o período equivalente, que decorreu entre 2014 a 2017 para CSP; 2016 e 2017 para episódios de urgência e 2017 para episódios de urgência com internamento. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram identificadas duas ondas de calor, uma em agosto em todas as regiões e uma em setembro no Alentejo Central e Baixo Alentejo. Ao comparar os períodos de onda de calor de 2018 e o período equivalente, verificou-se aumento do número de episódios existindo evidência das diferenças entre as médias dos períodos comparados nos seguintes indicadores: episódios de consultas não programadas nos CSP no Alentejo Central e Alto Alentejo nos dias 6 e 7 de agosto; nos episódios de urgência na região do Alentejo Central e Alto Alentejo durante a onda de calor de Agosto e nos episódios de urgência com internamento na região do Alentejo Central durante a onda de calor de Setembro. As fontes de informação apresentaram-se incompletas, sendo que relativamente às temperaturas não foi possível realizar análise de percentis na região do Alto Alentejo e Alentejo Litoral tendo para estas sido utilizado os alertas do IPMA. Quanto a informação sobre cuidados de saúde não foi possível analisar períodos iguais para os diferentes indicadores nem aceder aos dados desagregados por sexo e idade que permitissem caracterizar os utilizadores. Apesar de existir evidência de aumento da utilização de cuidados de saúde em alguns dos indicadores estudados, as referidas limitações condicionaram os resultados do trabalho. CONCLUSÕES: De um modo geral, são necessários mais estudos neste âmbito. Em particular, estudos que explorem a realidade portuguesa, que permitam a caracterização da população e constituam evidência para o desenho e avaliação de políticas públicas. É ainda fundamental a construção de uma resposta multissectorial que proteja a população e os serviços de saúde.
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FINALIDADE E OBJETIVOS: O trabalho desenvolvido nesta dissertação teve como finalidade contribuir para o estudo da influência das alterações climáticas no estado de saúde das populações. Para o efeito, procurou discutir a relação entre ondas de calor e utilização de cuidados de saúde numa região rural portuguesa. Definiram-se como objetivos específicos a identificação das ondas de calor observadas na região do Alentejo durante o ano de 2018 e a análise das variações em indicadores de utilização de Cuidados de Saúde Primários (CSP) e Cuidados Hospitalares. MÉTODOS: Conduziu-se um estudo observacional ecológico da população residente na área da ARS Alentejo utilizando dados de temperaturas extraídos do NCEI NOA, alertas do IPMA e informações de utilização de cuidados disponibilizadas pela ARS. A metodologia incluiu diferentes tipos de análise, nomeadamente: regressão linear, análise de percentis, construção de gráfico de frequências, cálculo da variação de episódios para os indicadores de utilização e aplicação do teste t para amostras independentes utilizando o SPSS. Para cada indicador foram comparados os números de episódios observados durante as ondas de calor de 2018 e o período equivalente, que decorreu entre 2014 a 2017 para CSP; 2016 e 2017 para episódios de urgência e 2017 para episódios de urgência com internamento. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram identificadas duas ondas de calor, uma em agosto em todas as regiões e uma em setembro no Alentejo Central e Baixo Alentejo. Ao comparar os períodos de onda de calor de 2018 e o período equivalente, verificou-se aumento do número de episódios existindo evidência das diferenças entre as médias dos períodos comparados nos seguintes indicadores: episódios de consultas não programadas nos CSP no Alentejo Central e Alto Alentejo nos dias 6 e 7 de agosto; nos episódios de urgência na região do Alentejo Central e Alto Alentejo durante a onda de calor de Agosto e nos episódios de urgência com internamento na região do Alentejo Central durante a onda de calor de Setembro. As fontes de informação apresentaram-se incompletas, sendo que relativamente às temperaturas não foi possível realizar análise de percentis na região do Alto Alentejo e Alentejo Litoral tendo para estas sido utilizado os alertas do IPMA. Quanto a informação sobre cuidados de saúde não foi possível analisar períodos iguais para os diferentes indicadores nem aceder aos dados desagregados por sexo e idade que permitissem caracterizar os utilizadores. Apesar de existir evidência de aumento da utilização de cuidados de saúde em alguns dos indicadores estudados, as referidas limitações condicionaram os resultados do trabalho. CONCLUSÕES: De um modo geral, são necessários mais estudos neste âmbito. Em particular, estudos que explorem a realidade portuguesa, que permitam a caracterização da população e constituam evidência para o desenho e avaliação de políticas públicas. É ainda fundamental a construção de uma resposta multissectorial que proteja a população e os serviços de saúde.ABSTRACT - INTRODUCTION: Climate change is one of the main challenges that humanity embraces nowadays. This change reflects the increase of meteorological extreme events and the change in epidemiology patterns that are a threat to health systems. In fact, every year there are more hot days and the average temperature is rising globally. The literature shows the harmful effects of heatwaves in the health status of the populations. PURPOSE AND OBJECTIVES: Thus, this study aimed to contribute to the understanding of the influence of climate change on human health and to discuss the relationship between heatwaves and the demand for healthcare in a rural region of Portugal. The objectives were to identify the heat waves that took place in the region in 2018 and analyse the variations in pre-set indicators of primary care and hospital care. METHODS: An ecological study of ARS Alentejo population was performed. Temperature data were collected from NCEI NOA and IPMA warnings. Whereas healthcare use data was provided by ARS. To identify the heat waves period, a linear regression and analysis of the 90 percentile were applied. The healthcare use variations were accessed liken the number of episodes in 2018 with the mean number of episodes in the previous years and applying the T test for independent samples. For each indicator the number of episodes observed in the 2018 heat wave were compared with an equivalent period between 2014 and 2017 for primary care, and between 2016 and 2017 for emergency episodes. RESULTS AND DISCUSSION: Two heatwaves were identified: the first in August in the four areas and the second in September only in Alentejo Central and Baixo Alentejo. There was a statistically significant increase between 2018 and the equivalent period of episodes of non-scheduled appointments in Alentejo Central and Alto Alentejo on August 6th and 7th, in the emergency episodes in Alentejo Central and Alto Alentejo during the August heatwave and in the emergency episodes with hospital stay in Alentejo Central during the September heatwave. Due to lack of temperatures data from Alto Alentejo e Alentejo Litoral, it was not possible to perform percentile analysis in these areas. Concerning healthcare data, the periods of analyses were not equal in the several indicators. Furthermore, disaggregated data with sex and age information were not available, not allowing the characterization of the users.CONCLUSIONS: In general, more research on the influences of climate change on health is needed. Regarding Portugal, further reflection is needed, specially about population characteristics and to create evidence for public policy design and analysis. The development of multisectoral approaches is essential to protect the population and health systems.Nunes, CarlaRUNNóbrega, Teresa Sofia Aires de Matos2019-12-13T10:21:39Z20192019-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/89819TID:202338037porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:40:04Zoai:run.unl.pt:10362/89819Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:37:05.659417Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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