Poetas do Atlântico: as descobertas como metáfora e ideologia em Whitman, Crane e Pessoa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Maria Irene Ramalho de Sousa
Data de Publicação: 1990
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/11709
Resumo: Nos finais do século XIX, alguns pensadores políticos defendiam no Ocidente a ideia de uma comunidade do Atlântico, como a única forma de preservar a supremacia europeia branca num mundo cada vez mais perturbado pela inevitabilidade da descolonização e pelo aparecimento, nos continentes asiático e africano, de novas nações ameaçadoramente diferentes. Muito antes disso, Whitman celebrara, na sua "grande ideia" da América, a utopia exaltada da passagem para "mais do que a Índia". Que a metáfora de Whitman é tão política quanto poética, entende-se melhor a partir do uso que os modernistas Crane e Pessoa dela viriam a fazer. Na Mensagem, que parece ser apenas uma elegia pela perda do império ultramarino português, Pessoa, inspirado pelo "alto espírito atlântico" de Walt Whitman, profetiza afinal uma renovada hegemonia mundial nas superiores realizações da tradição poética ocidental. Em The Bridge, é propósito da mítica "síntese" da América concebida por Crane realizar a "re-descoberta" da América, tal como Waldo Frank a tinha formulado, assim confiando à nova nação e à nova potência a missão de preservar os valores "universais" da cultura ocidental. O modo como ambos os poetas invocam o mito da Atlântida--Pessoa contemplando a utopia do fim do velho império, Crane olhando-a do início do poderio do novo mundo--convida-nos também a perguntar pela relação entre as visões dos dois poetas e o conceito político de atlantismo em gestação durante as primeiras décadas deste século.
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