Caracterização do microbioma de populações de Aedes albopictus (Diptera, Culicidae) de Espanha e de São Tomé e Príncipe
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/159081 |
Resumo: | O mosquito Aedes albopictus (Skuse, 1894) é um dos vetores e agentes de incomodidade mais conhecido amplamente distribuído mundialmente. Este é reconhecido como transmissor do vírus da dengue, chikungunya e Zika. De origem asiática, Ae. albopictus invadiu outros continentes, principalmente, através do comércio internacional de pneus e plantas. Nas últimas décadas, houve um aumento dos fatores de risco de transmissão de patógenios por Ae. albopictus, como: proliferação de criadouros e insucesso e/ou ausência de medidas de controlo. Dentro das estratégias de controlo vetorial, a manipulação do microbioma de mosquitos já foi comprovadamente usada para controlar populações de mosquitos, nomeadamente Aedes aegypti. A introdução de endossimbiontes, que não ocorrem naturalmente em Ae. albopictus, demonstrou potencial em mitigar a transmissão de patógenios por esta espécie. Assim os objetivos deste estudo foram: (1) avaliar a composição do microbioma de diferentes populações de Ae. albopictus e (2) caracterizar as estirpes de Wolbachia potencialmente presentes nestas populações. Para atingir estes objetivos, foi efetuada a sequenciação do gene 16S rRNA e a genotipagem por PCR para avaliar a presença de Wolbachia estirpe A e Wolbachia estirpe B. A sequenciação produziu um total de 1.404.803 leituras que foram reunidas em 871 OTUs. Entre as amostras, o número de leituras atribuídas ao género Wolbachia variou entre 92,4% e 98,8%. Esta informação demonstra o predomínio do género Wolbachia em Ae. albopictus, conforme era esperado. Outros géneros também foram detetados, mas com um número menor de leituras atribuídas (entre 0,1% até 1,8%). Estes géneros foram Pelomonas, Asaia, Pseudomonas, Nevskia e Sphingomonas. Os géneros Pelomonas e Nevskia foram descritos pela primeira vez em mosquitos do género Aedes. As estirpes A e B de Wolbachia foram encontradas em ambas as populações. O padrão de infeção variou entre infeção dupla (estirpes A e B) ou infeção simples (estirpes A ou B). A infeção dupla foi predominante, sendo encontrada em 71,11% dos mosquitos infetados com Wolbachia. Os infetados por apenas uma das duas estirpes de Wolbachia corresponderam à 21,66%. As fêmeas apresentaram uma percentagem maior de infeções duplas por Wolbachia quando comparadas aos machos. Este estudo apresenta a primeira descrição do microbioma de populações de Ae. albopictus de Espanha e de São Tomé. Estes resultados poderão ser úteis na investigação, elaboração e implementação de novas metodologias de controlo de vetores, nomeadamente em populações de Ae. albopictus. No entanto, mais estudos são necessários para a melhor compreensão da influência de Wolbachia e outros endossimbiontes nesta espécie. |
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Caracterização do microbioma de populações de Aedes albopictus (Diptera, Culicidae) de Espanha e de São Tomé e PríncipeParasitologia médicaAedes albopictusMicrobiomaControlo vetorialWolbachia.Domínio/Área Científica::Ciências MédicasO mosquito Aedes albopictus (Skuse, 1894) é um dos vetores e agentes de incomodidade mais conhecido amplamente distribuído mundialmente. Este é reconhecido como transmissor do vírus da dengue, chikungunya e Zika. De origem asiática, Ae. albopictus invadiu outros continentes, principalmente, através do comércio internacional de pneus e plantas. Nas últimas décadas, houve um aumento dos fatores de risco de transmissão de patógenios por Ae. albopictus, como: proliferação de criadouros e insucesso e/ou ausência de medidas de controlo. Dentro das estratégias de controlo vetorial, a manipulação do microbioma de mosquitos já foi comprovadamente usada para controlar populações de mosquitos, nomeadamente Aedes aegypti. A introdução de endossimbiontes, que não ocorrem naturalmente em Ae. albopictus, demonstrou potencial em mitigar a transmissão de patógenios por esta espécie. Assim os objetivos deste estudo foram: (1) avaliar a composição do microbioma de diferentes populações de Ae. albopictus e (2) caracterizar as estirpes de Wolbachia potencialmente presentes nestas populações. Para atingir estes objetivos, foi efetuada a sequenciação do gene 16S rRNA e a genotipagem por PCR para avaliar a presença de Wolbachia estirpe A e Wolbachia estirpe B. A sequenciação produziu um total de 1.404.803 leituras que foram reunidas em 871 OTUs. Entre as amostras, o número de leituras atribuídas ao género Wolbachia variou entre 92,4% e 98,8%. Esta informação demonstra o predomínio do género Wolbachia em Ae. albopictus, conforme era esperado. Outros géneros também foram detetados, mas com um número menor de leituras atribuídas (entre 0,1% até 1,8%). Estes géneros foram Pelomonas, Asaia, Pseudomonas, Nevskia e Sphingomonas. Os géneros Pelomonas e Nevskia foram descritos pela primeira vez em mosquitos do género Aedes. As estirpes A e B de Wolbachia foram encontradas em ambas as populações. O padrão de infeção variou entre infeção dupla (estirpes A e B) ou infeção simples (estirpes A ou B). A infeção dupla foi predominante, sendo encontrada em 71,11% dos mosquitos infetados com Wolbachia. Os infetados por apenas uma das duas estirpes de Wolbachia corresponderam à 21,66%. As fêmeas apresentaram uma percentagem maior de infeções duplas por Wolbachia quando comparadas aos machos. Este estudo apresenta a primeira descrição do microbioma de populações de Ae. albopictus de Espanha e de São Tomé. Estes resultados poderão ser úteis na investigação, elaboração e implementação de novas metodologias de controlo de vetores, nomeadamente em populações de Ae. albopictus. No entanto, mais estudos são necessários para a melhor compreensão da influência de Wolbachia e outros endossimbiontes nesta espécie.The Aedes albopictus mosquito (Skuse, 1894) is one of the most known vectors and nuisance agents widely distributed worldwide. This species is recognized as a vector of dengue, chikungunya and Zika viruses. Of Asian origin, Ae. albopictus invaded other continents mainly through international trade in tires and plants. In recent decades, there has been an increase in risk factors for transmission of pathogens by Ae. albopictus, such as: proliferation of breeding sites and failure and/or absence of control measures. Within vector control strategies, manipulation of the mosquito microbiome has already been proven to control mosquito populations, namely Aedes aegypti. Furthermore, introduction of endosymbionts, which do not naturally occur in Ae. albopictus, showed potential in mitigate the transmission of pathogens by this species. Thus, the objectives of this study were: (1) to evaluate the microbiome composition of different populations of Ae. albopictus and (2) to characterize the Wolbachia strains potentially present in these populations. To achieve these goals, 16S rRNA gene sequencing and PCR genotyping were performed to assess microbiome composition and the presence of Wolbachia strain A and Wolbachia strain B, respectively. Sequencing produced a total of 1,404,803 reads that were pooled in 871 OTUs. Among the samples, the number of readings attributed to the genus Wolbachia varied between 92.4% and 98.8%. This information demonstrates the predominance of the Wolbachia genus in Ae. albopictus, as expected. Other genera were also detected, but with a smaller number of assigned readings (between 0.1% and 1.8%). These genera were Pelomonas, Asaia, Pseudomonas, Nevskia and Sphingomonas. The genera Pelomonas and Nevskia were described for the first time in mosquitoes of the genus Aedes. Wolbachia strains A and B were found in both populations. The pattern of infection varied between double infection (strains A and B) or single infection (strains A or B). Dual infections were predominant, being found in 71.11% of mosquitoes infected with Wolbachia. Those infected by only one of the two Wolbachia strains corresponded to 21.66%. Females had a higher percentage of double Wolbachia infections when compared to males. This study represents the first description of Ae. albopictus microbiome from Spain and São Tomé populations. These results may be useful in for the research, elaboration and implementation of new vector control methodologies, namely in populations of Ae. albopictus. However, further studies are needed to better understand the influence of Wolbachia and other endosymbionts on this species.SOUSA, Carla A.SEIXAS, GonçaloRUNMELO, Tiago de2022-01-062022-01-052025-01-06T00:00:00Z2022-01-06T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/159081TID:203205740porinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T05:41:33Zoai:run.unl.pt:10362/159081Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:57:23.908338Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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