Estudo de alternativa aos fluorocarbonos como agentes de repelência à água e óleos na indústria têxtil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Correia, Catarina Cruz
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.22/14871
Resumo: As atividades produtivas de têxteis e vestuário têm acompanhado a história da humanidade, evoluindo em sintonia com as necessidades sentidas pelo ser humano. Atualmente, os têxteis são utilizados numa larga variedade de aplicações, pelo que os consumidores exigem produtos têxteis com elevado desempenho. Os têxteis funcionais surgiram assim para satisfazer requisitos funcionais bem determinados, que se sobrepõem às necessidades estéticas e de conforto, garantidas por um têxtil convencional. Um dos requisitos funcionais mais difundido é a repelência à água e a óleos. Atualmente, na generalidade dos casos, a repelência à água e ao óleo é alcançada pela aplicação de acabamentos químicos de fluorocarbonos. A recente intensificação da legislação e o aumento da pesquisa à cerca da natureza toxicológica e persistente dos fluorocarbonos ditaram a necessidade de se encontrar uma alternativa a estes compostos. O presente trabalho tem assim como objetivo o estudo de uma alternativa aos fluorocarbonos como agentes de repelência à água e óleos na indústria têxtil. O trabalho desenvolvido compreendeu a incorporação de diversos produtos químicos fluorados (Produtos C6 e C8) e não fluorados (Produtos A, B, C, D, E, F e G), nos substratos têxteis de algodão e de poliéster, através de um processo de pad-dry-cure, e posterior avaliação das propriedades funcionais dos mesmos, nomeadamente as propriedades hidrofóbicas e oleofóbicas, através da realização de testes de spray, medição de ângulos de contacto e testes de resistência a hidrocarbonetos. Realizaram-se ainda testes de durabilidade do revestimento por este ser um filme à superfície, nomeadamente o teste de solidez do acabamento à lavagem e o teste de abrasão Martindale. Os acabamentos com os produtos químicos fluorados (Produtos C6 e C8), a uma concentração de 40 g/L, demonstraram uma ótima repelência à água e ao óleo. Este trabalho permitiu confirmar que os acabamentos com fluorocarbonos de cadeia longa (Produto C8) conferem um melhor desempenho a nível das propriedades hidrofóbicas e oleofóbicas, comparativamente aos fluorocarbonos de cadeia curta (Produto C6). Com a espetroscopia de infravermelho foi possível concluir que os produtos A, B, C e D apresentam um perfil espetroscópico característico de hidrocarbonetos, enquanto que os produtos E e F apresentam um perfil espetroscópico típico de silicones. Os acabamentos com os produtos químicos não fluorados, a uma concentração de 80 g/L, não demonstraram repelência ao óleo, sendo claramente inferiores nesta propriedade aos acabamentos com os produtos fluorados. No entanto, os acabamentos com os produtos A, B, C, D e E, apresentaram um bom grau de repelência à água, superior a ISO 3, em algodão e poliéster. Este trabalho permitiu assim concluir que conhecendo a energia livre superficial de um sólido, a partir da identificação dos grupos funcionais é possível prever o comportamento de um líquido sobre o mesmo. Relativamente aos testes de durabilidade realizados, este trabalho permitiu concluir que a lavagem e a abrasão, de uma forma geral, reduzem a hidrofobicidade e oleofobicidade das superfícies. Os acabamentos com os produtos não fluorados apresentaram uma solidez à lavagem inferior aos produtos fluorados. Com vista a melhorar este problema, procedeu-se à aplicação de nanopartículas de sílica, usando uma abordagem baseada no trabalho de Roe e Zhang. No entanto, não se conseguiu uma melhoria na solidez à lavagem. Os acabamentos repelentes são importantes em várias vertentes da indústria têxtil, nomeadamente em vestuário para atividades ao ar livre. Tendo em conta que a principal propriedade de repelência exigida no vestuário para atividades ao ar livre é a repelência à água, a aplicação de acabamentos de fluorocarbonos neste setor é supérflua, uma vez que estes acabamentos fornecem repelência ao óleo, o que excede os requisitos da maioria dos usuários. Desta forma, podem ser aplicados acabamentos com produtos não fluorados, como hidrocarbonetos ou silicones, sem que haja uma redução muito significativa no desempenho da repelência à água nas roupas.
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Atualmente, na generalidade dos casos, a repelência à água e ao óleo é alcançada pela aplicação de acabamentos químicos de fluorocarbonos. A recente intensificação da legislação e o aumento da pesquisa à cerca da natureza toxicológica e persistente dos fluorocarbonos ditaram a necessidade de se encontrar uma alternativa a estes compostos. O presente trabalho tem assim como objetivo o estudo de uma alternativa aos fluorocarbonos como agentes de repelência à água e óleos na indústria têxtil. O trabalho desenvolvido compreendeu a incorporação de diversos produtos químicos fluorados (Produtos C6 e C8) e não fluorados (Produtos A, B, C, D, E, F e G), nos substratos têxteis de algodão e de poliéster, através de um processo de pad-dry-cure, e posterior avaliação das propriedades funcionais dos mesmos, nomeadamente as propriedades hidrofóbicas e oleofóbicas, através da realização de testes de spray, medição de ângulos de contacto e testes de resistência a hidrocarbonetos. Realizaram-se ainda testes de durabilidade do revestimento por este ser um filme à superfície, nomeadamente o teste de solidez do acabamento à lavagem e o teste de abrasão Martindale. Os acabamentos com os produtos químicos fluorados (Produtos C6 e C8), a uma concentração de 40 g/L, demonstraram uma ótima repelência à água e ao óleo. Este trabalho permitiu confirmar que os acabamentos com fluorocarbonos de cadeia longa (Produto C8) conferem um melhor desempenho a nível das propriedades hidrofóbicas e oleofóbicas, comparativamente aos fluorocarbonos de cadeia curta (Produto C6). Com a espetroscopia de infravermelho foi possível concluir que os produtos A, B, C e D apresentam um perfil espetroscópico característico de hidrocarbonetos, enquanto que os produtos E e F apresentam um perfil espetroscópico típico de silicones. Os acabamentos com os produtos químicos não fluorados, a uma concentração de 80 g/L, não demonstraram repelência ao óleo, sendo claramente inferiores nesta propriedade aos acabamentos com os produtos fluorados. No entanto, os acabamentos com os produtos A, B, C, D e E, apresentaram um bom grau de repelência à água, superior a ISO 3, em algodão e poliéster. Este trabalho permitiu assim concluir que conhecendo a energia livre superficial de um sólido, a partir da identificação dos grupos funcionais é possível prever o comportamento de um líquido sobre o mesmo. Relativamente aos testes de durabilidade realizados, este trabalho permitiu concluir que a lavagem e a abrasão, de uma forma geral, reduzem a hidrofobicidade e oleofobicidade das superfícies. Os acabamentos com os produtos não fluorados apresentaram uma solidez à lavagem inferior aos produtos fluorados. Com vista a melhorar este problema, procedeu-se à aplicação de nanopartículas de sílica, usando uma abordagem baseada no trabalho de Roe e Zhang. No entanto, não se conseguiu uma melhoria na solidez à lavagem. Os acabamentos repelentes são importantes em várias vertentes da indústria têxtil, nomeadamente em vestuário para atividades ao ar livre. Tendo em conta que a principal propriedade de repelência exigida no vestuário para atividades ao ar livre é a repelência à água, a aplicação de acabamentos de fluorocarbonos neste setor é supérflua, uma vez que estes acabamentos fornecem repelência ao óleo, o que excede os requisitos da maioria dos usuários. Desta forma, podem ser aplicados acabamentos com produtos não fluorados, como hidrocarbonetos ou silicones, sem que haja uma redução muito significativa no desempenho da repelência à água nas roupas.The productive activities of textiles and clothing have been following the history of mankind, evolving in tune with the needs felt by the human being. Textiles today are used in a wide variety of applications, therefore consumers are demanding high performing textiles. Functional textiles have thus emerged to satisfy well defined functional requirements, which override the aesthetic and comfort needs of a conventional textile. One of the most widespread functional requirements is water and oil repellency. Today, in most cases, water and oil repellency is achieved by the application of fluorocarbon chemical finishes. Recent intensification of legislation and increasing research on the toxicological and persistent nature of fluorocarbons has dictated the need to find an alternative to these compounds. The present work aims to study an alternative to fluorocarbons, as water and oil repellent agents in the textile industry. The work carried out included the incorporation of various fluorinated (Products C6 and C8) and non-fluorinated (Products A, B, C, D, E, F and G) chemicals into the cotton and polyester textile substrates, through a pad-dry-cure process, and further evaluation of their functional properties, namely hydrophobic and oleophobic properties, by performing spray tests, contact angle measurements and hydrocarbon resistance tests. Durability testing of the coating was also carried out, as this is a surface film, namely the wash finish solidity test and the Martindale abrasion test. Finishes with fluorinated chemicals (Products C6 and C8), at a concentration of 40 g/L, demonstrated excellent water and oil repellency. This work confirmed that long chain fluorocarbon finishes (Product C8) give better performance in hydrophobic and oleophobic properties compared to short chain fluorocarbons (Product C6). With infrared spectroscopy it was possible to conclude that products A, B, C and D have a characteristic hydrocarbon spectroscopic profile, while products E and F have a typical spectroscopic profile of silicones. Finishes with non-fluorinated chemicals, at a concentration of 80 g/L, did not show oil repellency and were clearly inferior in this property to finishes with fluorinated products. However, finishes with products A, B, C, D and E showed a good degree of water repellency, higher than ISO 3, on cotton and polyester. This work allowed to conclude that knowing the free surface energy of a solid, from the identification of the functional groups, it is possible to predict the behavior of a liquid on it. Regarding the durability tests performed, this work concluded that washing and abrasion generally reduces the hydrophobicity and oleophobicity of surfaces. Finishes with non- fluorinated products have a lower wash fastness than fluorinated products. To improve this problem, silica nanoparticles were applied using an approach based on the work of Roe and Zhang. However, no improvement in wash fastness was achieved. Repellent finishes are important in many fields of the textile industry, notably outdoor clothing. Given that the main repellent property required for outdoor clothing is water repellency, the application of fluorocarbon finishes in this sector is superfluous as these finishes provide oil repellency, which exceeds the requirements of most users. This way, finishes with nonfluorinated products such as hydrocarbons or silicones, can be applied without significantly reducing the water repellent performance of clothing.Ribeiro, António Alfredo CrispimRepositório Científico do Instituto Politécnico do PortoCorreia, Catarina Cruz2022-10-30T00:31:02Z20192019-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.22/14871TID:202295648porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-13T12:58:31Zoai:recipp.ipp.pt:10400.22/14871Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:34:40.679750Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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