(Pré) textos e contextos: media periferia e racialização

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Alves, Ana Rita
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/35394
Resumo: O colonialismo inaugurou um conjunto de processos de racialização que se consolidaram, até à actualidade, numa relação estreita com noções de espaço, confinamento e segregação. Tendo como espaço etnográfico a cidade de Lisboa, este artigo procurará analisar o papel do discurso mediático na produção e fixação dos bairros (autoconstruídos e de realojamento) como espaços essencialmente racializados e descontínuos do restante tecido urbano. Embora se tratem de estruturas formalmente distintas, a sua história encontrase profundamente relacionada no imaginário da nação, devido às políticas e aos discursos públicos que os constituiu como a periferia material e simbólica da cidade. Se inicialmente, os bairros autoconstruídos representaram a única solução habitacional para muitos dos imigrantes que chegavam a Portugal dos antigos espaços coloniais, então independentes; posteriormente, através da implementação do Programa Especial de Realojamento, tomaram forma bairros de iniciativa estatal ainda mais segregados que os primeiros. Uma análise atenta a fragmentos do discurso mediático permitirá entender de que forma a periferia foi sendo constituída no imaginário público como espaço racializado, ilegal e à margem da restante sociedade. Neste artigo, procurar-se-á entender de que forma este processo de racialização parece ter conduzido a processos relacionados de desumanização dos habitantes, contribuindo para a existência de vidas “não choráveis” nos bairros e naturalizando o controlo e a repressão Estatais em determinadas latitudes da periferia, perante uma indiferença generalizada do resto da sociedade.
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