O que leva um réptil diurno a sair à noite? Razões para a presença de lagartixas-da-Madeira (Teira dugessi) em ninhos de cagarra (Calonectris borealis) na Selvagem Grande

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Esteves, Fernando Miguel Madeira Ferreira
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/30763
Resumo: Tese de mestrado em Biologia da Conservação, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, 2017
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spelling O que leva um réptil diurno a sair à noite? Razões para a presença de lagartixas-da-Madeira (Teira dugessi) em ninhos de cagarra (Calonectris borealis) na Selvagem GrandeTeira dugesiiCalonectris borealisEcossistemas insularesTermorregulaçãoRelações interespecíficasTeses de mestrado - 2017Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências BiológicasTese de mestrado em Biologia da Conservação, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, 2017Os répteis são os vertebrados não voadores mais comuns em ilhas oceânicas, vivendo muitas vezes associados a colónias de aves marinhas, onde exploram os recursos criados pelas aves, ou até mesmo as próprias aves. A Selvagem Grande é uma importante colónia de aves marinhas, sendo uma delas a cagarra, Calonectris borealis, que nidifica em cavidades rochosas. Nos ninhos desta espécie existe uma grande concentração de invertebrados, sendo muitos deles ectoparasitas das aves. Na Selvagem Grande existe também uma espécie de lacertídeo, a lagartixa-da-Madeira, Teira dugesii. É uma espécie omnívora, conhecida por predar crias e ovos de cagarra, que pode ser encontrada frequentemente nos ninhos desta ave. Tal como os restantes lacertídeos, a lagartixa-da-Madeira é uma espécie diurna, heliotérmica e termófila, dependendo de temperaturas altas para a sua atividade. No entanto, é comum encontrar lagartixas ativas de noite nos ninhos de cagarra. Como as cagarras retornam à noite a terra para alimentar as crias, as lagartixas poderão estar a alargar o seu ciclo de atividade diário, de forma a aproveitar os restos de alimento. No entanto, é plausível que possam também utilizar o calor dos ninhos, e das próprias aves, para manter uma temperatura corporal mais elevada durante a atividade noturna. O presente estudo visa melhorar o conhecimento sobre as relações que se estabelecem entre as duas espécies através da medição das condições bióticas e abióticas de ninhos de cagarra, dos comportamentos das lagartixas que os utilizam, da comparação dos principais estímulos que as atraem e da medição das temperaturas corporais das lagartixas que os utilizam. Foram medidas as condições bióticas e abióticas de ninhos ocupados e não ocupados por cagarra. Os dois tipos de ninho foram também filmados, de forma a descrever os padrões diários de atividade e de comportamento das lagartixas. Adicionalmente, foi testada a influência dos estímulos atrativos “Odor a Sardinha” e “Calor” nas lagartixas, nos períodos diurno e noturno. Por fim, foi descrita a variação diária das temperaturas corporais de lagartixas com e sem acesso a ninhos. Estas tarefas foram realizadas em 3 épocas do ciclo reprodutor das cagarras: período de incubação, pós-eclosão das crias e altura do primeiro voo. Apesar dos ninhos ocupados serem tendencialmente mais profundos, não foram encontradas diferenças entre o ambiente térmico destes e dos não ocupados. Os ninhos não ocupados albergam uma menor abundância de invertebrados, possuindo apenas cerca de 2% dos parasitas de cagarra encontrados nos ocupados. As lagartixas exibiram uma maior diversidade de comportamentos em ninhos com aves, principalmente os ligados à procura e obtenção de alimento. A atividade de lagartixas nos ninhos ocupados foi particularmente importante após a eclosão das crias de cagarra, altura em que estiveram 3 vezes mais presentes em ninhos ocupados, e onde passaram 7 vezes mais tempo à procura de alimento. As lagartixas apareceram mais rapidamente e em maior abundância com o estímulo “odor a sardinha”, tanto de dia como de noite. O estímulo “Calor”, apesar de não parecer ser atrativo para esta espécie, foi utilizado para termorregulação sempre que presente. As temperaturas corporais das lagartixas variaram com as temperaturas ambientais; no entanto foram quase sempre superiores a estas. Das 43 lagartixas capturadas de noite, 13 foram encontradas dentro de ninhos de cagarra e inclusivamente debaixo de crias. Estas exemplares possuíam uma temperatura corporal 4.40 ± 1.63 ºC acima da ambiental. Das fontes térmicas medidas, as proporcionadas pelos ocupantes do ninho aparentam ser as únicas capazes de manter as temperaturas corporais noturnas medidas. Este é um dos poucos casos conhecidos de atividade noturna em lacertídeos, sendo possivelmente o primeiro caso reportado de uso de ninhos para termorregulação.Reptiles are the most common non-flying terrestrial vertebrates in insular ecosystems, being commonly associated with seabird colonies, where they use the resources made available by the presence of birds, and sometimes prey on the birds. Selvagem Grande is an important seabird colony. Cory’s shearwater, Calonectris borealis, nests in this island on burrows and rock cavities. In these nests, it is possible to find a high abundance of invertebrates, many of them bird ectoparasites. Selvagem Grande is also the home of a lacertid, the Madeiran wall lizard, Teira dugesii. This small omnivorous lizard is often found in Cory’s shearwater nests, and sometimes preys on chicks and eggs of this species. Like other lacertids, T. dugesii is diurnal, heliothermic and thermophile, relying on high temperatures to be active. Despite this, it’s common to find active Madeiran Wall lizards in Cory’s nests during the night. Cory’s shearwaters, like other seabirds, return to land at night to feed the chicks and it is plausible that the lizards may be extending its daily cycle to take advantage of the leftover food. It is also plausible that the lizards are using the residual heat of the nests or of the birds to maintain a higher internal temperature during the night. The present study aims to improve the knowledge about the relationship between these two species by characterizing abiotic and biotic conditions in Cory’s nests, assessing lizard activity and behavior and determining the main stimuli attracting lizards to the nests, and describing the diel thermal cycle of the lizards associated with nests. The nests were filmed to describe the daily variation in activity and behavior of lizards. The influence of the stimuli “sardine smell” and “heat” in lizards was tested during the day and night. Finally, the daily variation of T. dugesii’s body temperature, with and without access to nests, was described. All sampling took place during 3 distinct phases of Cory’s reproductive cycle: incubation period, chick rearing, and their abandonment of nests. Despite occupied nests being deeper, their thermal conditions were not different from unoccupied ones. Unoccupied nests had fewer invertebrates, housing only about 2% of the ectoparasites found in occupied nests. Lizards displayed a more frequent and wider array of behaviors, especially those related to feeding, in occupied nests. Lizard activity in nests with birds was particularly intense just after the chicks hatched. During this time, individuals of T. dugesii were 3 times more present and spent 7 times more time searching for food in occupied nests. Lizards responded more rapidly and in greater numbers to the stimulus “sardine smell”, both during the day and night. Despite being apparently ineffective in attracting lizards, the stimulus “heat” was used for thermoregulation whenever available. Madeiran Wall lizard body temperatures, despite being almost always higher, varied with the environment. Of the 43 lizards captured during the night, 13 were found inside Cory’s nests and even underneath chicks. The measured body temperature in these lizards was 4.40 ± 1.63 ºC above the environmental temperature. Only the heat emitted by the nests occupants explains such temperature differences during the night. This is one of the few recorded cases of nocturnal activity in lacertids and possibly the first one involving thermoregulation in birds’ nests.Rebelo, Rui Miguel Borges Sampaio e,1969-Catry, PauloRepositório da Universidade de LisboaEsteves, Fernando Miguel Madeira Ferreira2018-01-19T15:29:23Z201720172017-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/30763TID:201854058porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:23:44Zoai:repositorio.ul.pt:10451/30763Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:46:23.194323Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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