A piscina de marés e as termas de Vals

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ramos, Ana Cristina Lopes
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/23274
Resumo: Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura, apresentada ao Departamento de Arquitectura da F. C. T. da Univ. de Coimbra.
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spelling A piscina de marés e as termas de ValsArquitectura contemporâneaArquitectura, EstudosEspaço na ArquitecturaSiza, Álvaro, 1933-, obraZumthor, Peter,1943-, obra.Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura, apresentada ao Departamento de Arquitectura da F. C. T. da Univ. de Coimbra.A arquitectura contemporânea é marcada por uma diversificação e multiplicação generalizada. Cada arquitecto desenvolve a sua arquitectura, não existem regras ou uma linha de pensamento que apontem uma tendência concreta. É necessária uma reflexão acerca desta arquitectura, perceber o que deve oferecer ao homem contemporâneo. Torna-se necessária uma mudança, se a vida está presa num sentido, numa direcção, naturalmente procura e encontra outra forma de continuar.1 Contudo, a arquitectura contemporânea não beneficia de avanços tecnológicos significativos que proporcionem uma renovação expressiva da linguagem arquitectónica, como no caso do Movimento Moderno. Viramo-nos para outros formatos de mudança… Depois de uma construção massiva com o movimento moderno, surge uma forte mediatização da arquitectura. Aqui o que importa é a imagem e a criação de novas formas de nos chamar a atenção, de nos seduzir através do que observamos. O arquitecto surge como figura de um star system que o reconhece como criador dessas novas formas ou imagens. Esta forte tendência coloca de parte a vivência do homem no espaço como interesse prioritário, destruindo a linguagem, identidade e noção de pertença. Esta dissertação pretende reflectir, sobre um dos caminhos possíveis, acerca da importância de uma recuperação de valores passados, por uma arquitectura de experiência que, visivelmente, está em decadência. A experiência de que falamos é a da percepção e da sensação, a relação entre o homem e o seu invólucro. É importante perceber que a arquitectura tem uma ligação física e intrínseca com a vida, com o homem. É para ele que ela existe. A arquitectura deve exaltar a vida, deve tornar visível como nos toca o mundo.2 Pretendemos reflectir sobre estas questões e compreender a necessidade de as incorporar nos nossos projectos. Deste modo, iremos fazer referência à arquitectura contemporânea que, remando contra a maré, ainda insiste nas relações que fortificam e densificam a experiência de quem habita esse espaço. Pareceu-nos evidente o estudo das Piscinas de Marés de Álvaro Siza e das Termas de Vals de Peter Zumthor, não só porque partilham de uma sensibilidade para com o tema que acreditamos ser inerente e transversal a qualquer boa arquitectura, como nos mostra que, independentemente da cultura e influências, os princípios que regem o processo arquitectónico são os mesmos – o respeito pelo lugar, pelos materiais, pelo homem; sobretudo porque desde o início deste curso foram elementos de referência e de inspiração. Começámos por ler alguns críticos que se mostram fundamentais para o entendimento da arquitectura contemporânea [Sigfried Giedion, Bruno Zevi, Le Corbusier, entre outros], de modo a sustentar e a tornar mais coesa a noção, ainda pouco clara, do mundo e da arquitectura actual. Sigfried Giedion vê na história da arquitectura e da arte, no passado, uma forma de analisar o presente e antecipar o futuro, pretendendo mostrar a evolução da noção de espaço ao longo dos tempos, a ideia de que o passado está sempre presente no presente. Além disso, revela a importância da cultura e das tradições para a construção de um futuro [próximo ou não], revê as concepções do espaço ao longo da história de modo a captar pistas para uma noção arquitectónica contemporânea e tenta, de certo modo, fazer no campo da arquitectura o mesmo que Einstein fez na física: trazer um conjunto de regras que estabeleçam um princípio regulador ou modelo que nos permita evoluir sobre o conceito de espaço. É um pouco neste sentido que a dissertação se vai desenvolver, um retomar dos princípios reguladores da arquitectura que nos parecem fragilizados e cada vez menos incluídos na concepção dos espaços e edifícios. A par de um entendimento da teoria arquitectónica, procurámos uma fundamentação filosófica com base numa compreensão dos temas inerentes à experiência que envolve o mundo contemporâneo. O mundo, enquanto complexo de relações, não permite o estudo da experiência sem a criação de uma rede de articulações teóricas, sem uma abertura ao novo e desconhecido e sem uma reflexão sobre o mesmo. A complexidade do tema engloba uma multidisciplinaridade que aprofundada irá alargar o campo de estudo, intensificando e enriquecendo a problemática. Assim, o estudo de temas como a percepção, os sentidos, a sensação, o pitoresco, o movimento, a empatia [Einfühlung] - a relação homem-espaço - serão de um profundo interesse para a compreensão da temática. Começaremos com uma análise de conceitos que giram em torno da problemática da concepção do espaço, da relação homem-espaço. Debateremos as diferenças entre paisagem e natureza, entre lugar e espaço. Da percepção à apreciação será um subtema no qual iremos proceder ao desmantelamento da evolução da estética, do pitoresco estático até à percepção em movimento. Falaremos de Kant, de Dilthey, de Schamrsow, entre outros, o que conduzirá ao subtema O corpo em Movimento. Por fim, e de modo a rematar esta abordagem mais filosófica, iremos tratar as questões da linguagem, como entendemos o espaço e de que forma pode o arquitecto contribuir para um entendimento mais generalizado deste [ainda que a experiência seja individual e única]. Prosseguiremos com um enquadramento da noção de banho, da água enquanto elemento inerente às obras que nos propomos estudar, a evolução e crescente incorporação na vida quotidiana e de como se tornou resposta na procura de um experienciar o espaço. Por fim, iremos referenciar os casos que deram origem a esta dissertação – primeiro as Piscinas de Marés, depois as Termas de Vals – numa abordagem pragmática, discutindo os pensamentos que poderão ter estado na sua origem, fazendo um enquadramento do projecto, descrevendo e reflectindo acerca da sucessão espacial. Interessa-nos a arquitectura que é mais do que uma resposta funcional ao programa proposto, a arquitectura que nos toca, que nos motiva, que encontra formas de interacção com o ser e que existe por ele. Esperamos conseguir fazer jus à sua importância e motivar a sua reflexão com as próximas páginas.2012-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10316/23274http://hdl.handle.net/10316/23274porRamos, Ana Cristina Lopes - A piscina de marés e as termas de Vals : por uma recuperação da experiência. Coimbra, 2012.Ramos, Ana Cristina Lopesinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-01-20T17:48:54Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/23274Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:54:58.091993Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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