Outras crenças, outras consciências: a era do "Cisne Negro"

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Toldy, Teresa Martinho
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10284/2397
Resumo: No seu livro intitulado “O Cisne Negro: O Impacto do altamente improvável”, Nassim Nicholas Taleb (2007), professor de “Ciências da Incerteza” na Universidade de Massachusetts, chama a atenção para a fragilidade do conhecimento humano moderno, baseado em observações associadas à ideia de uma regularidade construída sobre a repetição. Ora, basta o surgimento de um fenómeno raro, com impacto extremo e previsibilidade retrospectiva, para que as teorias se alterem. E, no entanto, na perspectiva de Taleb, a ciência (entendida aqui como um conhecimento com uma epistemologia própria) tende a ignorar o fenómeno ou a relegá-lo para o plano do “extraordinário”, da “excepção que confirma a regra”. Foi assim que, no seu dizer, foi preciso descobrir um cisne negro na Austrália (também poderia ter sido em Portugal!) para que se reconhecesse que os cisnes não são todos brancos. O cisne negro representa, no livro de Taleb, o fenómeno “desmancha-prazeres” das teorias: “uma única observação pode invalidar uma afirmação geral cuja origem se baseou em séculos de avistamentos de milhões de cisnes brancos” (Taleb, 2008: 15). “A lógica do cisne negro torna aquilo que não sabemos mais relevante do que aquilo que sabemos”, ou, dito de outra forma: expõe a “nossa cegueira relativamente à aleatoriedade” (idem: 17). Esta comunicação, que se concebe como um olhar sócio-antropológico sobre novas formas de crença, pretende equacionar os “cisnes brancos” dos cânones do religioso, mas também da secularização, à luz de relatos de outras experiências e de novas formas de religiosidade. Adoptando uma atitude “agnóstica” face às mesmas, isto é, uma postura que nem as confirma como uma realidade em si, nem as infirma, aceitando, contudo, plenamente, a sua “verdade” para os sujeitos que por elas se deixam inspirar, procurar-se-á traçar um breve perfil dos “cisnes negros” avistados pelos “novos crentes” e das novas formas de racionalidade e de “senso comum” que as mesmas procuram introduzir. Questionar-se-á, por fim, se existirá ou não a tentação de transformar “o cisne negro” numa teoria dos” novos cisnes brancos”. Registe-se desde o início (para que não se criem falsas expectativas!) que este desiderato “pretensioso” se tornará realidade apenas ao nível de uma reflexão que pretende “deitar algumas achas para a fogueira” do debate em torno do tema que nos reúne aqui. Mas comecemos por nos debruçar sobre a “teoria do cisne negro”, de Taleb…
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