Perceção de risco, experiência de acidentes e comportamentos de segurança na atividade de bombeiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fialho, Mário Luis Falcão Murta Mariani
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/42510
Resumo: Sendo a perceção de risco a forma como cada um interpreta determinado situação ou contexto como perigoso, importa perceber o que influencia esta análise tão individual, para que se possam adotar as estratégias adequadas de prevenção de acidentes e sensibilização para a saúde e segurança no trabalho. O presente estudo visa a análise da perceção de risco no seio de uma amostra de bombeiros portugueses, com base em determinantes como a experiência de acidentes de trabalho e os fatores sociodemográficos (idade, género, número de filhos, habilitações literárias) e socioprofissionais (tipo de vínculo profissional, antiguidade na profissão, número de horas de formação anual). Para além dos determinantes da perceção de risco, procurou-se também investigar a relação entre a perceção de risco e a adoção de comportamentos de segurança por parte dos bombeiros (como a utilização de equipamentos de proteção individual, a atitude face a regras e procedimentos de segurança e a atitude face à formação para a segurança). A amostra, obtida por conveniência, foi constituída por bombeiros de corporações de duas zonas geográficas, Porto e Setúbal, tanto voluntários como sapadores (Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto, Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, Bombeiros Voluntários Portuenses e Bombeiros Voluntários de Setúbal). O questionário, construído com base na revisão da literatura e no método do paradigma psicométrico, foi administrado eletronicamente, tendo-se obtido 59 questionários respondidos e validados. Da análise dos resultados, concluiu-se que a perceção de risco dos bombeiros participantes é elevada (média de 8.61, numa escala de 1 a 10). A perceção de risco cognitivo (grau de exposição que os bombeiros consideram ter a vários riscos) apresentou uma média de 5.18, numa escala de 1 a 7, valor mais elevado do que a perceção de risco emocional (grau de preocupação que os bombeiros manifestaram relativamente aos vários riscos) que apresentou uma média de 4.88.Das nove dimensões (A1 a A9) consideradas pelo modelo do paradigma psicométrico, as dimensões associadas ao receio de sofrer dano (A3), probabilidade de ocorrência/vulnerabilidade pessoal (A4) e a gravidade da lesão ou doença (A5), são as que mais influenciam a perceção global de risco dos bombeiros da amostra. Os bombeiros consideram estar mais expostos e a um nível elevado, aos riscos ergonómicos, decorrentes do manuseamento de cargas ou ferramentas pesadas, que poderão levar às lesões músculo-esqueléticas de que 60% dos bombeiros inquiridos refere ser vítima. Os bombeiros consideram também estar expostos a um nível elevado, e por ordem decrescente, a riscos associados aos turnos noturnos ou prolongados, riscos respiratórios (intoxicações, asfixia, doença pulmonar), stress térmico, stress (burnout, ansiedade, depressão), riscos biológicos, risco de queimadura e risco de explosão. Os resultados obtidos permitiram concluir não existir evidência estatística da influência das variáveis sociodemográficas, tipo de vínculo ou experiência de acidentes de trabalho, na perceção de risco dos bombeiros. No entanto, verificou-se uma relação significativa positiva entre a perceção de risco e a variável antiguidade na profissão, concluindo-se que os bombeiros com mais de 20 anos de serviço apresentam uma maior perceção global de risco. Verificou- se também uma relação significativa positiva entre a perceção de risco e o número anual de horas de formação/treino. Finalmente, no tocante à relação entre a perceção de risco e comportamentos de segurança, verificou-se que os bombeiros que mais afirmam aplicar sempre regras e procedimentos de segurança são também os que tendem a apresentar uma perceção de risco mais elevada; e os bombeiros que consideram desnecessários ou prejudiciais alguns procedimentos de segurança, tendem a apresentar uma perceção de risco inferior. A profissão de bombeiro sujeita os seus operacionais a um ambiente stressante, hostil e com múltiplos riscos. A cultura “Vida por vida” encontra-se enraizada no seio dos bombeiros, pois estes não refutaram de forma clara a prioridade que atribuem ao salvamento em detrimento da própria segurança. Fica assim clara a importância de analisar de que forma os bombeiros portugueses percecionam o risco no cumprimento da sua missão, no sentido de implementar estratégias eficazes, nomeadamente de formação para a segurança, por forma a que os bombeiros considerem a sua segurança como uma prioridade.
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Para além dos determinantes da perceção de risco, procurou-se também investigar a relação entre a perceção de risco e a adoção de comportamentos de segurança por parte dos bombeiros (como a utilização de equipamentos de proteção individual, a atitude face a regras e procedimentos de segurança e a atitude face à formação para a segurança). A amostra, obtida por conveniência, foi constituída por bombeiros de corporações de duas zonas geográficas, Porto e Setúbal, tanto voluntários como sapadores (Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto, Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, Bombeiros Voluntários Portuenses e Bombeiros Voluntários de Setúbal). O questionário, construído com base na revisão da literatura e no método do paradigma psicométrico, foi administrado eletronicamente, tendo-se obtido 59 questionários respondidos e validados. Da análise dos resultados, concluiu-se que a perceção de risco dos bombeiros participantes é elevada (média de 8.61, numa escala de 1 a 10). 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Os bombeiros consideram também estar expostos a um nível elevado, e por ordem decrescente, a riscos associados aos turnos noturnos ou prolongados, riscos respiratórios (intoxicações, asfixia, doença pulmonar), stress térmico, stress (burnout, ansiedade, depressão), riscos biológicos, risco de queimadura e risco de explosão. Os resultados obtidos permitiram concluir não existir evidência estatística da influência das variáveis sociodemográficas, tipo de vínculo ou experiência de acidentes de trabalho, na perceção de risco dos bombeiros. No entanto, verificou-se uma relação significativa positiva entre a perceção de risco e a variável antiguidade na profissão, concluindo-se que os bombeiros com mais de 20 anos de serviço apresentam uma maior perceção global de risco. Verificou- se também uma relação significativa positiva entre a perceção de risco e o número anual de horas de formação/treino. Finalmente, no tocante à relação entre a perceção de risco e comportamentos de segurança, verificou-se que os bombeiros que mais afirmam aplicar sempre regras e procedimentos de segurança são também os que tendem a apresentar uma perceção de risco mais elevada; e os bombeiros que consideram desnecessários ou prejudiciais alguns procedimentos de segurança, tendem a apresentar uma perceção de risco inferior. A profissão de bombeiro sujeita os seus operacionais a um ambiente stressante, hostil e com múltiplos riscos. A cultura “Vida por vida” encontra-se enraizada no seio dos bombeiros, pois estes não refutaram de forma clara a prioridade que atribuem ao salvamento em detrimento da própria segurança. Fica assim clara a importância de analisar de que forma os bombeiros portugueses percecionam o risco no cumprimento da sua missão, no sentido de implementar estratégias eficazes, nomeadamente de formação para a segurança, por forma a que os bombeiros considerem a sua segurança como uma prioridade.Since the risk perception is the way in which each person interprets a given situation or context as dangerous, it is important to understand what influences this very personal analysis, so that appropriate strategies can be adopted to prevent accidents and raise awareness on health and safety at work. This work aims to analyze the risk perception within a sample of Portuguese firefighters, based on determinants such as the experience with accidents at work and sociodemographic factors (age, gender, number of children, educational qualifications) and socio-professional factors (type of contract, years in the profession, number of hours of annual training). In addition to the determinants of risk perception, we also sought to investigate the relationship between risk perception and the adoption of safety behaviours by firefighters (such as the use of personal protective equipment, the attitude towards rules and procedures of safety and attitude towards safety training). The sample consisted of firefighters from corporations from two geographical areas, Porto and Setúbal, both volunteers and professionals (Batalhão de Sapadores do Porto, Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, Bombeiros Voluntários Portuenses e Bombeiros Voluntários de Setúbal). The survey, built based on a literature review and the psychometric paradigm method, was administered electronically, resulting in 59 answered and validated questionnaires. We can conclude from the analysis of the results, that risk perception of the participating firefighters is high (average of 8.61, on a scale of 1 to 10). The cognitive risk perception (level of exposure that firefighters consider to have to various risks) presented an average of 5.18, on a scale from 1 to 7, a higher value than the emotional risk perception (degree of concern that firefighters expressed relatively to the various risks) which presented an average of 4.88. Of the nine dimensions (A1 to A9) considered by the psychometric paradigm model, the dimensions associated with fear of harm (A3), probability of occurrence/personal vulnerability (A4) and the severity of the injury or illness (A5) are the ones that influence the overall risk perception of the firefighters in the sample. Firefighters consider themselves to be more exposed, and at a higher level, to ergonomic risks arising from handling heavy loads or tools, which could lead to musculoskeletal injuries, which 60% of the surveyed firefighters said to have already experienced. Firefighters also consider themselves to be exposed to a high level, and in descending order, to risks associated with night and longer shifts, respiratory risks (poisoning, asphyxia, lung disease), thermal stress, stress (burnout, anxiety, depression), biological risks, risk of burns and risk of explosion. The results obtained allowed us to conclude that there is no statistical evidence of the influence of sociodemographic variables, type of contract or experience of work accidents, on the firefighters' risk perception. However, there was a significant positive relationship between risk perception and the years in the profession, concluding that firefighters with more than 20 years of service have a greater overall risk perception. There was also a significant positive relationship between risk perception and the annual number of training hours.Reis, Carla GamelasNunes, SandraRepositório ComumFialho, Mário Luis Falcão Murta Mariani2022-12-02T14:22:54Z2022-112022-11-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.26/42510TID:203102720porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-21T09:57:16Zoai:comum.rcaap.pt:10400.26/42510Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T23:12:42.275652Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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