A Anestesiologia em Portugal tal como outras especialidades

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ormonde, Lucindo
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.25751/rspa.8860
Resumo: A Anestesiologia em Portugal tal como outras especialidades, debate-se com problemas em diversos níveis, ligados à instabilidade financeira, reorganização hospitalar e viragem do paradigma público/privado. A crise que o país atravessa  do ponto de vista financeiro e económico, tem influenciado de sobremaneira as decisões institucionais e individuais dos anestesiologistas e sobre a anestesiologia. É preocupante o desconhecimento para não dizer ignorância que responsáveis da área da saúde, gestores ou mesmo outros profissionais de saúde, têm sobre o papel do anestesiologista e na seu papel na estrutura hospitalar. O aparecimento de uma nova doença, a Excelite (utilização de uma ferramenta como fim e não como meio), promete tornar-se num fenómeno de erros em cadeia com as catastróficas repercussões que acompanhamos no dia a dia, pois no final a soma das partes não dá o resultado final requerido. As competências definidas para a especialidade de anestesiologia e sustentada pelos organismos que superintendem a inteligência médica (União Europeia dos Médicos Especialistas, Federação Mundial dos Médicos...) está bem cimentada e não oferece dúvidas no atual contexto da ciência médica: Medicina Perioperatória, Medicina Intensiva, Medicina da Dor, Medicina de Emergência. A publicação da carta dos direitos dos doentes anestesiados (Declaração de Helsínquia – já reproduzida nesta revista) é uma iniciativa importante que congregou várias instituições internacionais no sentido de serem acautelados os direitos dos doentes sempre que está em causa  a intervenção do anestesiologista. A recente iniciativa do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no âmbito do Dia Mundial da Anestesiologia, com a promulgação de uma Carta da Anestesiologia e dos Direitos do Cidadão, assim como de um documento congregador da maioria dos Diretores de Serviço dos Serviços de Anestesiologia do País, na defesa do papel da anestesiologia na estrutura hospitalar, é um sinal importante sobre a consciencialização dos profissionais de saúde nas implicações negativas sobre a cidade civil , de determinadas concepções disfuncionais sobre o papel das diversas disciplinas médicas na organização hospitalar. Daí o alerta preventivo e a tomada de posição na defesa dos doentes. O percurso do doente anestesiado que se inicia com a indicação da necessidade de intervenção do anestesiologista, consulta anestésica, avaliação pré anestésica, intraoperatório, pós operatório, seja em recobro, unidade cuidados pós anestésicos, intermédios cirúrgico ou intensivos cirúrgicos e avaliação pós anestésica é todo um processo de garantia de qualidade e diminuição do risco do doente na sua passagem pela instituição hospitalar. As Unidades de Dor Crónica, ou Consultas de Dor, na sua quase esmagadora maioria, são mantidas por anestesiologistas , uns com maior perfil e conhecimentos que outros, alguns com maior dedicação, mas unidos por uma perspectiva de abordagem multidisciplinar, que só poderá manter-se de pé enquanto os Serviços de Anestesiologia forem o seu background nutritivo de conhecimentos e recursos. Na Medicina Intensiva os anestesiologistas desempenham um papel fundamental que lhes está subjacente ao seu core  activity, assim como no seu DNA como disciplina médica. Um bom exemplo da associação tridimensional da atividade do anestesiologista é a sua atividade numa Unidade de Queimados, onde um anestesiologista desempenha vários papéis impossíveis de reunir em qualquer outra especialidade. A vertente de médico intensivista, de anestesista no bloco operatório e nas situações de sedação em balneoterapia. O conhecimento e familiarização de diversas técnicas de alivio da dor são igualmente uma ferramenta importante nas alternativas a oferecer aos doentes no alivio do sofrimento e na diminuição das complicações que lhe são inerentes. Na emergência médica a sua capacidade de abordagem de via aérea, familiarização com situações de falência respiratória, abordagem aos quadros de disrupção cardiovascular e trauma apontam o anestesiologista como o especialista que tem de estar presente nos palcos onde esta disciplina se exerce. É infeliz a ideia de decompor da anestesiologia estes braços de saberes, atribuindo-os a pseudo supraespecialização, limitante da multidisciplinariedade, enganadora do resultado final como o demonstram os raros exemplos existentes. A contínua tentativa de criar a especialidade de Medicina Intensiva é um erro clamoroso não me detendo aqui nas muitas razões que contrariam tal possibilidade. O documento publicado nesta revista e subscrito por diversas entidades dá argumentos mais que válidos para o debate sobre esta intenção que alguns colegas nossos têm em marcha na OM. As razões apontadas pelos mesmos, apontando falências na nossa organização a nível nacional na prestação de cuidados de qualidade na área de cuidados intensivos, não justifica  a solução proposta, sobretudo quando são feitas comparações com países com muito melhores resultados onde esta solução também não  existe. Estamos mais uma vez a tentar esconder com uma má solução os erros que persistimos em não enfrentar e resolver. É mais uma fuga para a frente com custos consideráveis, que não resultará, não havendo como de costume responsáveis a quem assacar responsabilidades que se diluirão na eterna desculpa do sistema. Os problemas são conhecidos e passam pela correta organização das disciplinas médicas dentro do hospital, de acordo com as necessidades do mesmo. As soluções são conhecidas, bastando implementá-las responsavelmente e avaliar resultados de forma honesta para correções necessárias e melhoria constante dos cuidados prestados. Os anestesiologistas têm a obrigação de participar neste debate e de forma assertiva pugnar pelo seu ADN que é fruto da evolução de uma disciplina médica considerada como a grande responsável pelo desenvolvimento da Medicina do Século XX (Lancet 2000).
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As competências definidas para a especialidade de anestesiologia e sustentada pelos organismos que superintendem a inteligência médica (União Europeia dos Médicos Especialistas, Federação Mundial dos Médicos...) está bem cimentada e não oferece dúvidas no atual contexto da ciência médica: Medicina Perioperatória, Medicina Intensiva, Medicina da Dor, Medicina de Emergência. A publicação da carta dos direitos dos doentes anestesiados (Declaração de Helsínquia – já reproduzida nesta revista) é uma iniciativa importante que congregou várias instituições internacionais no sentido de serem acautelados os direitos dos doentes sempre que está em causa  a intervenção do anestesiologista. A recente iniciativa do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no âmbito do Dia Mundial da Anestesiologia, com a promulgação de uma Carta da Anestesiologia e dos Direitos do Cidadão, assim como de um documento congregador da maioria dos Diretores de Serviço dos Serviços de Anestesiologia do País, na defesa do papel da anestesiologia na estrutura hospitalar, é um sinal importante sobre a consciencialização dos profissionais de saúde nas implicações negativas sobre a cidade civil , de determinadas concepções disfuncionais sobre o papel das diversas disciplinas médicas na organização hospitalar. Daí o alerta preventivo e a tomada de posição na defesa dos doentes. O percurso do doente anestesiado que se inicia com a indicação da necessidade de intervenção do anestesiologista, consulta anestésica, avaliação pré anestésica, intraoperatório, pós operatório, seja em recobro, unidade cuidados pós anestésicos, intermédios cirúrgico ou intensivos cirúrgicos e avaliação pós anestésica é todo um processo de garantia de qualidade e diminuição do risco do doente na sua passagem pela instituição hospitalar. As Unidades de Dor Crónica, ou Consultas de Dor, na sua quase esmagadora maioria, são mantidas por anestesiologistas , uns com maior perfil e conhecimentos que outros, alguns com maior dedicação, mas unidos por uma perspectiva de abordagem multidisciplinar, que só poderá manter-se de pé enquanto os Serviços de Anestesiologia forem o seu background nutritivo de conhecimentos e recursos. Na Medicina Intensiva os anestesiologistas desempenham um papel fundamental que lhes está subjacente ao seu core  activity, assim como no seu DNA como disciplina médica. Um bom exemplo da associação tridimensional da atividade do anestesiologista é a sua atividade numa Unidade de Queimados, onde um anestesiologista desempenha vários papéis impossíveis de reunir em qualquer outra especialidade. A vertente de médico intensivista, de anestesista no bloco operatório e nas situações de sedação em balneoterapia. O conhecimento e familiarização de diversas técnicas de alivio da dor são igualmente uma ferramenta importante nas alternativas a oferecer aos doentes no alivio do sofrimento e na diminuição das complicações que lhe são inerentes. Na emergência médica a sua capacidade de abordagem de via aérea, familiarização com situações de falência respiratória, abordagem aos quadros de disrupção cardiovascular e trauma apontam o anestesiologista como o especialista que tem de estar presente nos palcos onde esta disciplina se exerce. 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As competências definidas para a especialidade de anestesiologia e sustentada pelos organismos que superintendem a inteligência médica (União Europeia dos Médicos Especialistas, Federação Mundial dos Médicos...) está bem cimentada e não oferece dúvidas no atual contexto da ciência médica: Medicina Perioperatória, Medicina Intensiva, Medicina da Dor, Medicina de Emergência. A publicação da carta dos direitos dos doentes anestesiados (Declaração de Helsínquia – já reproduzida nesta revista) é uma iniciativa importante que congregou várias instituições internacionais no sentido de serem acautelados os direitos dos doentes sempre que está em causa  a intervenção do anestesiologista. 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