Intendente: Turismo, consumo e lazer num território em transformação
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/27605 |
Resumo: | A presente dissertação traça um retrato etnográfico do processo de regeneração urbana da zona lisboeta do Intendente (2009-2016), apoiada num trabalho de campo de cerca de oito meses, tendo como enfoque principal os frequentadores e os diferentes usos dados a este território. Em primeiro lugar, é indubitável que esta regeneração foi bem-sucedida, após muitas décadas de progressiva degradação e alguns impulsos de reconversão prévios que acabaram por não surtir grande efeito, e teve consequências visíveis ao nível da captação de novos públicos para fins de lazer e turismo. Mas esta captação – que mobilizou um conjunto específico de agentes, atividades, recursos e meios de comunicação – não ditou o desaparecimento absoluto do velho Intendente marginal e multiétnico. Daí, em segundo lugar, a ideia de um Intendente multiusos, decorrente da sobreposição de vários mundos sociais em torno do largo homónimo, a partir da qual questionamos a aplicação da ideia de gentrificação a esta zona (pelo menos na aceção clássica que implica a substituição de um grupo de moradores por outro dotado de mais possibilidades económicas) bem como o paradigma residencialista que tem marcado as etnografias de bairro. Em terceiro lugar, defendemos que o esforço regenerador procurou unificar os diferentes mundos do Intendente em torno de uma noção de bairro personificada num conjunto específico e facilmente identificável de frequentadores – conjunto esse que pode ser entendido como constituindo uma comunidade. Embora o objeto que escolhemos se destaque sobretudo pelas suas valências em termos de consumo e lazer, não restam dúvidas de que as características sui generis do Intendente regenerado fazem com que o mesmo se assuma igualmente como um produto turístico. Para além duma considerável variedade de espaços comerciais, a zona dispõe efetivamente de recursos histórico-patrimoniais e de lazer que estimulam atividades de passeio (a pé ou de bicicleta), fotografia, gastronomia e diversão noturna perfeitamente integráveis em diversas modalidades de turismo. Neste âmbito, identificámos quatro tipos de frequentadores do Intendente: jovens estudantes Erasmus, de proveniência europeia; pessoas de diversas nacionalidades e que passam por Lisboa para visitar amigos ou familiares; viajantes em trabalho (nomeadamente conferencistas ou criadores envolvidos em residências artísticas); e pessoas em férias, algumas das quais enquadráveis nos estereótipos do turismo de massas. |
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Intendente: Turismo, consumo e lazer num território em transformaçãoLargo do Intendente (Lisboa)regeneração urbanamundos sociaisetnografiaturismoA presente dissertação traça um retrato etnográfico do processo de regeneração urbana da zona lisboeta do Intendente (2009-2016), apoiada num trabalho de campo de cerca de oito meses, tendo como enfoque principal os frequentadores e os diferentes usos dados a este território. Em primeiro lugar, é indubitável que esta regeneração foi bem-sucedida, após muitas décadas de progressiva degradação e alguns impulsos de reconversão prévios que acabaram por não surtir grande efeito, e teve consequências visíveis ao nível da captação de novos públicos para fins de lazer e turismo. Mas esta captação – que mobilizou um conjunto específico de agentes, atividades, recursos e meios de comunicação – não ditou o desaparecimento absoluto do velho Intendente marginal e multiétnico. Daí, em segundo lugar, a ideia de um Intendente multiusos, decorrente da sobreposição de vários mundos sociais em torno do largo homónimo, a partir da qual questionamos a aplicação da ideia de gentrificação a esta zona (pelo menos na aceção clássica que implica a substituição de um grupo de moradores por outro dotado de mais possibilidades económicas) bem como o paradigma residencialista que tem marcado as etnografias de bairro. Em terceiro lugar, defendemos que o esforço regenerador procurou unificar os diferentes mundos do Intendente em torno de uma noção de bairro personificada num conjunto específico e facilmente identificável de frequentadores – conjunto esse que pode ser entendido como constituindo uma comunidade. Embora o objeto que escolhemos se destaque sobretudo pelas suas valências em termos de consumo e lazer, não restam dúvidas de que as características sui generis do Intendente regenerado fazem com que o mesmo se assuma igualmente como um produto turístico. Para além duma considerável variedade de espaços comerciais, a zona dispõe efetivamente de recursos histórico-patrimoniais e de lazer que estimulam atividades de passeio (a pé ou de bicicleta), fotografia, gastronomia e diversão noturna perfeitamente integráveis em diversas modalidades de turismo. Neste âmbito, identificámos quatro tipos de frequentadores do Intendente: jovens estudantes Erasmus, de proveniência europeia; pessoas de diversas nacionalidades e que passam por Lisboa para visitar amigos ou familiares; viajantes em trabalho (nomeadamente conferencistas ou criadores envolvidos em residências artísticas); e pessoas em férias, algumas das quais enquadráveis nos estereótipos do turismo de massas.This dissertation presents an ethnographic portrait of the urban regeneration process taking place in the Lisbon area of Intendente (2009-2016), supported by eight months of fieldwork focused on the different visitors and users of this territory. After decades of progressive degradation and some previous attempts to intervene in this territory that ultimately failed to produce any major effect, undoubtedly this was a successful regeneration, with visible consequences in terms of the captation of new publics for recreational purposes and tourism. But such a captation — which mobilized a specific set of agents, activities, resources and communication vehicles — did not dictate the absolute disappearance of the old marginal and multi-ethnic Intendente. Therefore, we present the idea of a multi-purpose Intendente, due to the overlapping of various social worlds around the homonymous square. This idea also forms the basis from which we question the use of the gentrification concept to categorize the changes occurring in this territory (at least in the classical sense, which entails the replacement of a group of residents by another one, endowed with higher economic capacity) and the residential paradigm that has marked urban ethnographies in recent decades. Thirdly, we argue that the regeneration effort sought to unify the different worlds of the Intendente around an ideal of neighbourhood embodied in a specific and easily identifiable set of regular users — who can be understood as constituting a community. Although the object we have chosen stands out due to its valences in terms of consumption and leisure, there is no doubt that the sui generis features of the regenerated Intendente also make of it a touristic product. Apart from a considerable variety of shops, the area is endowed with historical and heritage resources and recently rehabilitated public spaces, which encourage different leisure activities, like walking or cycling, photographing, trying several types of gastronomy and enjoying the nightlife, all of which are perfectly integrable in several tourism modalities. In this context, we have identified four types of Intendente visitors: young Erasmus students, of European origin; people of different nationalities, passing through Lisbon to visit friends or family; business travellers (particularly lecturers or creators involved in residencies); and people on vacation, some of them encompassed in the mass tourism stereotypes.Alves, TeresaRepositório da Universidade de LisboaMagalhães, Ana Margarida Moura2017-05-05T15:25:36Z2016-12-202016-12-20T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/27605TID:201483467porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:18:43Zoai:repositorio.ul.pt:10451/27605Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:44:00.889427Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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