Quantificação e caracterização fenotípica de células mesenquimais em gamapatias monoclonais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: LEITE, RUI MIGUEL DE JESUS
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/33285
Resumo: A interação entre células plasmáticas (CP) clonais e as células do estroma da medula óssea (MO) desempenha um papel crucial no mieloma múltiplo (MM), contribuindo para um desequilíbrio na remodelação óssea e na ativação de várias cascatas de sinalização que promovem resistência à quimioterapia. Interessantemente, as células mesenquimais (MSC) – precursoras das células do estroma – têm sido pouco investigadas e a maioria dos estudos realizados até ao momento têm por base a expansão ex vivo a partir de amostras de doentes com MM ativo. Neste estudo usámos a citometria de fluxo multidimensional para identificar, quantificar e caracterizar as MSC da MO em indivíduos com gamapatia monoclonal. Para este estudo foram utilizadas amostras de um total de 60 indivíduos com diagnóstico de novo de discrasia de plasmócitos, 32 com gamapatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS), 5 com smouldering multiple myeloma (SMM) e 24 com MM sintomático. Dez indivíduos sem patologia, equiparados etariamente foram usados como controlos. As MSC foram caracterizadas por citometria de fluxo usando um total de 11 antigénios. A frequência média de MSC na MO apresentou-se semelhante entre indivíduos normais (0,03%) versus indivíduos com MGUS (0,03%) e SMM (0,02%) (p>0,05). Por outro lado, foram encontrados números significativamente aumentados de MSC na MO de indivíduos com MM sintomático (0,14%) quando comparados com os indivíduos com MGUS (p=0,03), verificando-se uma tendência no mesmo sentido quando se comparou com os casos de SMM (p=0,05). Além desse facto, verificou-se uma correlação negativa entre a percentagem de MSC na MO e valores de hemoglobina (r=0,51, p=0,006); da mesma forma, verificou-se uma correlação positiva entre a frequência de MSC na MO e a quantidade de plasmócitos na medula óssea (r=0,51; p=0,008). Ao investigar as características fenotípicas das CP Clonais influenciariam de algum modo a frequência de MSC na MO verificamos que indivíduos caracterizados por uma expressão de CD56 positiva apresentavam números significativamente inferiores de MSC em comparação com os casos negativos (0,03% vs. 0,18%; p=0,007). Quando se comparou o perfil fenotípico específico das MSC de indivíduos com MM versus MGUS ou SMM verificou-se que os primeiros apresentavam uma maior expressão das moléculas de adesão CD90 (p=.049) e CD49e (p=.059), enquanto que nestes mesmos indivíduos se verificou uma diminuição na expressão de CD73 (p=.001). Com este estudo, ficou demonstrado que as MSC encontram-se em maior número na medula óssea de indivíduos com MM, especialmente em indivíduos com estádios ISS mais avançados. Também se demonstrou que estas MSC apresentavam alterações fenotípicas ao nível da expressão de moléculas de superfície celular como CD90, CD49e e CD73, que podem ter um papel importante na manutenção e progressão da doença na medula óssea. Também se verificou uma correlação entre a frequência de MSC na MO e a expressão aberrante de CD56 pelas células plasmáticas.
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Para este estudo foram utilizadas amostras de um total de 60 indivíduos com diagnóstico de novo de discrasia de plasmócitos, 32 com gamapatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS), 5 com smouldering multiple myeloma (SMM) e 24 com MM sintomático. Dez indivíduos sem patologia, equiparados etariamente foram usados como controlos. As MSC foram caracterizadas por citometria de fluxo usando um total de 11 antigénios. A frequência média de MSC na MO apresentou-se semelhante entre indivíduos normais (0,03%) versus indivíduos com MGUS (0,03%) e SMM (0,02%) (p>0,05). Por outro lado, foram encontrados números significativamente aumentados de MSC na MO de indivíduos com MM sintomático (0,14%) quando comparados com os indivíduos com MGUS (p=0,03), verificando-se uma tendência no mesmo sentido quando se comparou com os casos de SMM (p=0,05). Além desse facto, verificou-se uma correlação negativa entre a percentagem de MSC na MO e valores de hemoglobina (r=0,51, p=0,006); da mesma forma, verificou-se uma correlação positiva entre a frequência de MSC na MO e a quantidade de plasmócitos na medula óssea (r=0,51; p=0,008). Ao investigar as características fenotípicas das CP Clonais influenciariam de algum modo a frequência de MSC na MO verificamos que indivíduos caracterizados por uma expressão de CD56 positiva apresentavam números significativamente inferiores de MSC em comparação com os casos negativos (0,03% vs. 0,18%; p=0,007). Quando se comparou o perfil fenotípico específico das MSC de indivíduos com MM versus MGUS ou SMM verificou-se que os primeiros apresentavam uma maior expressão das moléculas de adesão CD90 (p=.049) e CD49e (p=.059), enquanto que nestes mesmos indivíduos se verificou uma diminuição na expressão de CD73 (p=.001). Com este estudo, ficou demonstrado que as MSC encontram-se em maior número na medula óssea de indivíduos com MM, especialmente em indivíduos com estádios ISS mais avançados. Também se demonstrou que estas MSC apresentavam alterações fenotípicas ao nível da expressão de moléculas de superfície celular como CD90, CD49e e CD73, que podem ter um papel importante na manutenção e progressão da doença na medula óssea. Também se verificou uma correlação entre a frequência de MSC na MO e a expressão aberrante de CD56 pelas células plasmáticas.The interaction between clonal plasma cells (PCs) and bone marrow (BM) stromal cells plays a crucial role in multiple myeloma (MM), accounting for unbalanced bone remodeling and activation of pleiotropic signaling cascades which promote chemoresistance. Interestingly though, the mesenchymal stem cell (MSC) - the precursor of stromal cells - has only been modestly investigated, after ex vivo expansion and mostly in active MM. We used sensitive multidimensional flow cytometry (MFC) to identify, quantify and characterize the minor BM compartment of MSC in patients with MGUS and MM. A total of 61 newly diagnosed patients with a PC dyscrasia are the focus of this study, 32 being diagnosed as MGUS, 5 as smoldering and 24 as symptomatic MM. Ten age-matched normal individuals were used as control. MSC were characterized by MFC using a total of 11 antigens. The mean frequency of BM MSC was found to be similar between normal individuals (0.03%) versus MGUS (0.03%) and SMM (0.02%) patients (p>.05). By contrast, significantly increased numbers of BM MSC (0.14%) were noted in symptomatic MM patients as compared to MGUS patients (p=.0024), with a trend also recorded versus SMM cases (p=.019). Moreover, a significantly inverse correlation between the percentage of BM MSC and hemoglobin values was noted (r=0.51; p=.006); conversely, increasing numbers of MSC were followed by higher BM plasmacytosis (r=0.54; p=.008). We next investigated if the phenotypic characteristics of clonal PCs influenced the frequency of BM MSC. Our results show that patients characterized by CD56 positive expression showed significantly inferior numbers of MSC as compared to negative cases (0.03% vs. 0.18%; p=.003). We then compared the specific phenotypic profile of MSC from patients with the benign (MGUS and SMM) versus malignant (MM) form of the disease. Accordingly, MSC from patients with MM showed significantly superior MFI for the adhesion molecules CD90 (p=.049) and CD49e (p=.059), whereas CD73 was found to be decreased (p=.001). With this study we have shown that MSC are found in higher number in the bone marrow of patients with symptomatic Multiple Myeloma, especially in patients with higher ISS stages. We also found that these MSC have altered expression of surface molecules such as CD90, CD49e and CD73, that could contribute to the maintenance and progression of the disease in the bone marrow. We also found that higher numbers of MSC were correlated with the expression of CD56 in the clonal PCs.Paiva, ArturCaseiro, Armando José CerejoRepositório ComumLEITE, RUI MIGUEL DE JESUS2020-09-14T11:21:33Z20132014-01-01T00:00:00Z2014-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.26/33285201492075porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-05T15:40:49Zoai:comum.rcaap.pt:10400.26/33285Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:16:38.720631Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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