Dirofilaria immitis e dirofilariose canina: um estudo retrospectivo

• Autor(a) principal: Rocha, Carina Andreia Rendall
• Data de Publicação: 2010
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/510

A infecção causada por D. immitis − filária cujos estados imaturos são transmitidos de um animal para outro por mosquitos dos géneros Aedes, Anopheles e Culex − tem uma distribuição global ocorrendo com mais frequência nos trópicos e sub-trópicos. Os vermes adultos localizam-se no coração e grandes vasos. Apesar de ser uma doença que afecta principalmente cães, este parasita pode também afectar o gato, o furão, o leão marinho e ocasionalmente o homem.Foram estudados 271 animais, sendo que 204 (75,2%) foram considerados aparentemente assintomáticos e incluídos no grupo I e 67 (24,7%) apresentavam sinais clínicos compatíveis com a doença e foram incluídos no grupo II. O diagnóstico foi feito com base em dois testes: o exame directo a fresco e um “kit” comercial para a detecção de antigénio (Witness® Dirofilaria e Fastest® HWAntigen). Os resultados de ambos os testes permitiram diagnosticar 19 (9,3%) animais assintomáticos infectados por D. immitis e 30 (44,8%) animais clinicamente suspeitos e com dirofilariose. Deste modo, os resultados obtidos com este estudo permitiram estimar em 9,3% a prevalência desta infecção em cães assintomáticos observados na sub-região do Baixo Vouga. Nos dois grupos, a distribuição da prevalência pela idade, sexo e raça esteve em concordância com a maioria dos estudos epidemiológicos desta infecção. Ainda neste estudo foram analisadas as frequências de manifestações clínicas nos animais com dirofilariose bem como os parâmetros hematológicos e bioquímicos em 15 animais assintomáticos infectados e em 14 animais com dirofilariose. As manifestações clínicas mais observadas foram a prostração (76,7%), a tosse (43,3%), a anorexia (30%) e a intolerância ao exercício (30%). Anemia normocítica e normocrómica e leucocitose com neutrofilia, monocitose, eosinofilia e basofilia foram alterações hematológicas observadas nos animais assintomáticos infectados e nos animais com dirofilariose. Em relação à bioquímica sérica, os valores médios dentro do grupo dos 15 animais assintomáticos testados estavam todos dentro do respectivo intervalo de referência. Verificou-se um aumento dos valores médios de ALT (85,75±41,911), AST (60,40±60,694), BUN (48,33±43,988) e creatinina (1,956±3) nos 14 animais sintomáticos. Foram ainda observadas reacções adversas em 8 animais com dirofilariose e em 2 infectados assintomáticos, sendo que o trombo embolismo pulmonar foi a alteração mais grave observada. Em conclusão, com este estudo foi possível obter um valor de prevalência (9,3%) na sub-região do Baixo Vouga, que sugere a hipótese de a infecção por Dirofilaria ser endémica nesta área.