“Este som que se sente cá dentro!”: um estudo etnomusicológico sobre os bombos portugueses
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.34624/postip.v0i5.21385 |
Resumo: | This is an ongoing PhD research on Portuguese Bombos supported by the theoretical framework of Sound Studies. Bombos is a term referring to: 1) a percussion instrument with its own organology; 2) a set of instruments consisting of bombos, caixas and in some contexts of a melodic instrument such as the fife, the bagpipe and/or the accordion; 3) a predominantly male, collective, intergenerational performative practice integrated in local festivities. The study stands on observation, participation and analysis along with the Grupo Regional de São Simão Os Completos and the Grupo de Bombos da Casa do Povo do Paul. In the scarce literature, it is easy to find references that, based on a very narrow understanding of music, stress the “noise”, the “thunderous crash”, a “noise that drives people away” produced by a "diabolical orchestra" through the "infernal meeting of various percussion instruments” that make "music without music" (Pimentel 1902; Lambertini 1902; Herculano 1855 in Braga 1885; Oliveira 1966). Stasi (1998) and Santos (2015) allude to the essentialist appraisals that depreciate percussion under the premise of being excessively simple and defective. Taking into account that in both localities Bombos are central in guaranteeing social well-being and sustaining the collective memory, through a regular coming together for rehearsals and performances, and maintenance of artisans with the associated transmission of knowledges, this research aims to overcome all these judgments. It therefore suggests that Bombos should be approached not in terms of their noise, but of the potential and impact of their sound on local social life (Feld 1990, 2004, 2012; Erlmann 2004; Sterne 2012; Stoller 1989). Preliminary fieldwork reveals, in this regard, the intense meaning that the practice and the sound of these instruments have for local actors. António Duarte, for example, a bombo player from Paul, pointing into his chest, clarifies that circumstance by synthesizing his experience in the phrase “this sound that one feels here inside!”. |
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“Este som que se sente cá dentro!”: um estudo etnomusicológico sobre os bombos portuguesesThis is an ongoing PhD research on Portuguese Bombos supported by the theoretical framework of Sound Studies. Bombos is a term referring to: 1) a percussion instrument with its own organology; 2) a set of instruments consisting of bombos, caixas and in some contexts of a melodic instrument such as the fife, the bagpipe and/or the accordion; 3) a predominantly male, collective, intergenerational performative practice integrated in local festivities. The study stands on observation, participation and analysis along with the Grupo Regional de São Simão Os Completos and the Grupo de Bombos da Casa do Povo do Paul. In the scarce literature, it is easy to find references that, based on a very narrow understanding of music, stress the “noise”, the “thunderous crash”, a “noise that drives people away” produced by a "diabolical orchestra" through the "infernal meeting of various percussion instruments” that make "music without music" (Pimentel 1902; Lambertini 1902; Herculano 1855 in Braga 1885; Oliveira 1966). Stasi (1998) and Santos (2015) allude to the essentialist appraisals that depreciate percussion under the premise of being excessively simple and defective. Taking into account that in both localities Bombos are central in guaranteeing social well-being and sustaining the collective memory, through a regular coming together for rehearsals and performances, and maintenance of artisans with the associated transmission of knowledges, this research aims to overcome all these judgments. It therefore suggests that Bombos should be approached not in terms of their noise, but of the potential and impact of their sound on local social life (Feld 1990, 2004, 2012; Erlmann 2004; Sterne 2012; Stoller 1989). Preliminary fieldwork reveals, in this regard, the intense meaning that the practice and the sound of these instruments have for local actors. António Duarte, for example, a bombo player from Paul, pointing into his chest, clarifies that circumstance by synthesizing his experience in the phrase “this sound that one feels here inside!”.Este é um estudo de doutoramento em curso centrado nos bombos portugueses sustentado em referencial teórico dos Sound Studies. Bombos é um termo que diz respeito a:1) um instrumento de percussão com uma organologia própria; 2) um conjunto de instrumentos formado por bombos, caixas e, em alguns contextos, por um instrumento melódico como o pífaro, a gaita de foles, a concertina e/ou o acordeão; 3) uma prática performativa predominantemente masculina, coletiva, intergeracional integrada às festividades locais. O estudo enfoca na observação, participação e análise juntamente ao Grupo Regional de São Simão Os Completos e ao Grupo de Bombos da Casa do Povo do Paul. Na escassa literatura específica da prática, são recorrentes as narrativas que, num olhar muito circunscrito de música, sublinham o “barulho”, o “estrondo atroador”, o “estrépito que afugenta” produzido por uma “orquestra diabólica” através da “reunião infernal de vários instrumentos de percussão” que fazem uma “música sem música” (Pimentel 1902; Lambertini 1902; Herculano 1855 in Braga 1885; Oliveira 1966). Stasi (1998) e Santos (2015) aludem precisamente às apreciações essencialistas que depreciam a percussão sob a premissa de ser excessivamente simples e defeituosa. Considerando que nas duas localidades os bombos são centrais na garantia do bem-estar e preservação da memória coletiva, juntando-se os grupos regularmente para ensaios e performances, justificando a manutenção de construtores artesanais e a transmissão de saberes específicos, este estudo tenciona sobrepujar estes juízos. Sugere, por isso, que os bombos devem ser perspectivados não em termos do seu barulho, mas da potencialidade e do impacto do seu som na vida social local (Feld 1990, 2004, 2012; Erlmann 2004; Sterne 2012; Stoller 1989). O trabalho de campo preliminar revela, nesse sentido, o intenso sentido que a prática e o som destes instrumentos têm para os atores locais. António Duarte, por exemplo, tocador de bombos do Paul, apontando para dentro do peito, elucida essa circunstância ao sintetizar a sua experiência na frase “este som que se sente cá dentro!”. 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