Utentes da Consulta Externa de Grávidas Adolescentes da Maternidade Júlio Dinis no Ano 2000
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Data de Publicação: | 2014 |
Outros Autores: | , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25754/pjp.2003.5096 |
Resumo: | A Maternidade Júlio Dinis (MJD, Porto) tem em funcionamento, desde 1992, uma Consulta Externa de Obstetrícia, para grávidas adolescentes com idade igual ou inferior a 18 anos à data provável do parto e que residam no Concelho do Porto. O presente trabalho resulta da caracterização social e demográfica que fizemos das grávidas adolescentes que tiveram pelo menos uma consulta na MJD durante o ano de 2000, abrangendo um total de 104 utentes. Para tal foi utilizado um questionário, composto por 125 questões abertas, administradas sob a forma de uma entrevista, entre as 24 e as 36 semanas de gestação. Este questionário destinou-se à recolha de dados sociais e demográficos, respeitantes à grávida, ao seu companheiro e à sua família de origem, bem como ao levantamento de um elevado número de circunstâncias médicas, psicológicas e sociais, de risco e protectoras de uma boa adaptação à maternidade. Os resultados que obtivemos sugerem, tal como a literatura sobre o tema tem vindo a assinalar, alguma variabilidade nas características sociais e demográficas do grupo de mães adolescentes atendidas na nossa consulta, tanto quanto mostram uma prevalência de casos nas camadas mais desfavorecidas da população. Verifica-se um predomínio de baixos níveis de escolaridade, situações de precariedade económica, desemprego e profissões de reduzida qualificação. Os resultados indicam igualmente a presença muito frequente de estruturas familiares de origem desorganizadas e de experiências de vida adversas, na trajectória desenvolvimental da grávida adolescente, assim como do seu companheiro, à semelhança do que tem sido observado pelos mais diversos autores, em estudos realizados, Os dados mostram ainda que as gravidezes são na sua maioria não planeadas, aconteceram apesar do conhecimento de métodos contraceptivos, visto que frequentemente o seu uso não se verificou ou foi irregular. No entanto, o planeamento da gravidez por parte da adolescente parece associar-se a uma melhor adaptação à maternidade, assim como se verificam diferenças positivas junto das adolescentes mais velhas, com níveis mais elevados de escolaridade, que estão casadas ou coabitam com o pai do bebé. O conhecimento da gravidez ocorreu muitas vezes nas primeiras semanas e com frequência a marcação da primeira consulta deu-se durante o primeiro trimestre de gravidez, sobretudo nas adolescentes que planearam e/ou desejaram estar grávidas e que estão casadas ou a viver maritalmente. Em conclusão, este estudo dá conta das dificuldades inerentes a uma pluralidade de situações nas quais a gravidez na adolescência pode ocorrer, permitindo a melhor compreensão da especificidade associada a esta problemática, necessária à ajuda adequada; mostra ainda que embora não em todos, mas em muitos casos, uma ajuda suplementar justifica-se, dada as circunstâncias desfavoráveis em que a gravidez se verifica, o que o presente artigo retracta. |
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Utentes da Consulta Externa de Grávidas Adolescentes da Maternidade Júlio Dinis no Ano 2000Original articlesA Maternidade Júlio Dinis (MJD, Porto) tem em funcionamento, desde 1992, uma Consulta Externa de Obstetrícia, para grávidas adolescentes com idade igual ou inferior a 18 anos à data provável do parto e que residam no Concelho do Porto. O presente trabalho resulta da caracterização social e demográfica que fizemos das grávidas adolescentes que tiveram pelo menos uma consulta na MJD durante o ano de 2000, abrangendo um total de 104 utentes. Para tal foi utilizado um questionário, composto por 125 questões abertas, administradas sob a forma de uma entrevista, entre as 24 e as 36 semanas de gestação. Este questionário destinou-se à recolha de dados sociais e demográficos, respeitantes à grávida, ao seu companheiro e à sua família de origem, bem como ao levantamento de um elevado número de circunstâncias médicas, psicológicas e sociais, de risco e protectoras de uma boa adaptação à maternidade. Os resultados que obtivemos sugerem, tal como a literatura sobre o tema tem vindo a assinalar, alguma variabilidade nas características sociais e demográficas do grupo de mães adolescentes atendidas na nossa consulta, tanto quanto mostram uma prevalência de casos nas camadas mais desfavorecidas da população. Verifica-se um predomínio de baixos níveis de escolaridade, situações de precariedade económica, desemprego e profissões de reduzida qualificação. Os resultados indicam igualmente a presença muito frequente de estruturas familiares de origem desorganizadas e de experiências de vida adversas, na trajectória desenvolvimental da grávida adolescente, assim como do seu companheiro, à semelhança do que tem sido observado pelos mais diversos autores, em estudos realizados, Os dados mostram ainda que as gravidezes são na sua maioria não planeadas, aconteceram apesar do conhecimento de métodos contraceptivos, visto que frequentemente o seu uso não se verificou ou foi irregular. No entanto, o planeamento da gravidez por parte da adolescente parece associar-se a uma melhor adaptação à maternidade, assim como se verificam diferenças positivas junto das adolescentes mais velhas, com níveis mais elevados de escolaridade, que estão casadas ou coabitam com o pai do bebé. O conhecimento da gravidez ocorreu muitas vezes nas primeiras semanas e com frequência a marcação da primeira consulta deu-se durante o primeiro trimestre de gravidez, sobretudo nas adolescentes que planearam e/ou desejaram estar grávidas e que estão casadas ou a viver maritalmente. Em conclusão, este estudo dá conta das dificuldades inerentes a uma pluralidade de situações nas quais a gravidez na adolescência pode ocorrer, permitindo a melhor compreensão da especificidade associada a esta problemática, necessária à ajuda adequada; mostra ainda que embora não em todos, mas em muitos casos, uma ajuda suplementar justifica-se, dada as circunstâncias desfavoráveis em que a gravidez se verifica, o que o presente artigo retracta.Sociedade Portuguesa de Pediatria2014-09-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25754/pjp.2003.5096por2184-44532184-3333Pacheco, AlexandraFigueiredo, BárbaraCosta, RaquelMagarinho, Ruteinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-08-03T02:55:24Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/5096Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:24:39.593586Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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