Análise da interacção entre a lamotrigina e a oxcarbazepina recorrendo ao método isobolográfico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Machado, Sónia Marisa Rodrigues
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/15818
Resumo: Historicamente, o controlo das crises epilépticas envolveu a utilização conjunta de vários fármacos, situação a que se dá o nome de politerapia. O conceito de monoterapia no tratamento da epilepsia é relativamente recente, tendo surgido apenas em meados dos anos 70. Mais recentemente, com o desenvolvimento da fisiopatologia e da farmacologia, bem como o aumento do número de doentes refractários que não respondem à monoterapia (aproximadamente 1/3), chegou-se ao conceito de “politerapia racional” em epilepsia, sendo esta definida como a combinação mínima de fármacos que potencia a acção antiepiléptica sem contudo aumentar os efeitos adversos relativos a cada fármaco; tal requer um extenso conhecimento dos mecanismos de acção dos fármacos, efeitos adversos, interacções fármacofármaco e índice terapêutico (IT). Em geral, se a monoterapia é possível, esta constitui o tratamento preferido, porém, para formas mais severas de epilepsia a politerapia torna-se necessária. O aumento do número de fármacos antiepilépticos (FAEs) disponíveis levou a uma vasta possibilidade de combinações farmacológicas, razão pela qual o presente trabalho de investigação teve por objectivo a avaliação da utilização conjunta de dois fármacos antiepilépticos de nova geração. A lamotrigina (LTG) apresenta um vasto espectro de eficácia, nomeadamente na abordagem de crises parciais com ou sem generalização secundária, de crises tónico-clónicas primariamente generalizadas, de crises de ausência e de crises atónicas. A oxcarbazepina (OXC) é um derivado da carbamazepina com eficácia similar contra as crises parciais com ou sem generalização secundária e generalizadas tónico-clónicas, mas com um perfil farmacocinético menos complexo. A avaliação da interacção entre estas duas moléculas foi efectuada através do método isobolográfico, considerado como método padrão para a detecção de interacções fármacofármaco em modelos animais. De facto, este método experimental permite a avaliação da influência mútua de FAEs administrados em doses efectivas, contribuindo para a construção de hipóteses que poderão depois ser testadas na prática clínica. Assim, procedeu-se à avaliação da potência anticonvulsivante de cada um dos fármacos isoladamente pela determinação da dose eficaz a 50% (DE50) e posterior avaliação do efeito anticonvulsivante das combinações de lamotrigina:oxcarbazepina nas razões fixas de 1:3, 1:1 e 3:1 através do teste do electrochoque máximo. Os resultados obtidos revelaram a existência de um efeito aditivo para a utilização conjunta da lamotrigina com a oxcarbazepina, levando-nos a concluir que os benefícios da utilização clínica desta associação parecem estar apenas dependentes dos efeitos secundários resultantes, supostamente mais ligeiros dada a diminuição das doses a utilizar por comparação com a monoterapia.
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