Águas, elites e desenvolvimento. A exploração das águas minerais naturais do concelho de Chaves pela Câmara Municipal (1892-1948)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lapa, Veronique
Data de Publicação: 2010
Outros Autores: Ribeiro, Manuela, Amaro, António Rafael
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.34624/rtd.v3i13/14.12725
Resumo: Objectivos | Principal objectivo: Porque é que, entre 1892 e 1948, as elites locais, em geral, e a Câmara Municipal de Chaves, em particular,concentraram na exploração dos seus mananciais de águas minerais naturais o melhor das suas expectativas e a maioria dos seus planos e projectos de desenvolvimento local, sem, contudo, lograrem sucesso na sua concretização? Objectivos secundários: 1. Para que fins e de que forma foram utilizadas as águas minerais naturais nos subsolos flavienses? 2. Quem determinou o uso dado às águas minerais naturais? 3. Os discursos em que se promete desenvolvimento, baseado na exploração das águas minerais naturais, tornaram-se realidade? 4. Que tipo de interligação existia entre águas minerais naturais e as elites/o desenvolvimento/o turismo? 5. Que factores reforçaram o ciclo vicioso de insucesso que afectou (negativamente) sucessivos projectos termais? Metodologia | O ponto de partida desta investigação assenta nas ciências históricas. Mais em particular, a análise histórica e a interpretação dos dados encontrados nas fontes formam a base desta investigação: integramos os elementos de interesse numa história descritiva que relata o que é único e irrepetível na realidade estudada e enriquecemo-la com explicações, interpretações e pressupostos. No entanto, o carácter híbrido deste trabalho obrigou a um pluralismo metodológico: exploramos ainda outros métodos, usando cada um deles para complementar e testar os outros. Com efeito, combinamos modelos explicativos de várias ciências sociais (politicologia, sociologia, antropologia e economia) que melhor se adequam para testar as diferentes hipóteses formuladas, o que resultou numa abordagem multi-disciplinar da temática escolhida. Principais resultados e contributos | Quanto à história do turismo (termal) do concelho de Chaves entre 1892 e 1948, os principais resultados são estes: Os efeitos multiplicadores ao nível da criação de emprego e de rendimento que, persistentemente, se faziam decorrer de uma boa exploração dos recursos hidrológicos do concelho, andaram também relacionados, desde cedo, com a vertente turística que se lhe associava. E embora, durante o período temporal recoberto por esta dissertação, o turismo, mesmo a nível nacional se apresentasse como uma actividade muito pouco significativa, era já comum encará-la como uma via de elevado potencial em termos de objectivos de desenvolvimento socioeconómico. E este tipo de expectativas acerca do turismo tornou-se também corrente nos discursos locais acerca do desenvolvimento do concelho de Chaves, ao qual, desde logo se reconheciam todo um vasto conjunto de potencialidades, com as águas minerais naturais no topo da lista para se tornar num destino turístico de eleição. Estes discursos podemos encontrá-los nos jornais locais e nas actas camarárias, as duas séries quase contínuas de fontes primárias que explorámos. Em primeiro lugar devemos referir a sensibilidade na imprensa local perante a relação termas/ turismo. Nas actas de Chaves notámos, igualmente desde cedo, a mesma susceptibilidade para o assunto, sobretudo quando a Sociedade de Propaganda de Portugal, e mais tarde o Secretariado de Propaganda Nacional conseguiram passar a mensagem que a Câmara podia ser um promotor de turismo a nível local. A nosso ver, estes organismos conseguiram divulgar os conceitos e atitudes que o governo interpretou como oportunos e convencer as elites flavienses a olhar para o turismo como um factor valioso na economia da região. Não é de estranhar que a Comissão Executiva tenha decidido, mais do que uma vez, investir em infra-estruturas remetendo para o turismo a justificação de tais investimentos. Os jornais locais serviram também para acentuar as vantagens do turismo por si só, independentemente de defender a diversificação da oferta local. À medida que o tempo avançou, a consciencialização do poder económico do turismo aumentou. Numa altura em que o poder de decisão das elites era preponderante, bastava que elas estivessem convencidas dos benefícios da aplicação de teorias no sentido de promover o turismo e valorizar os recursos endógenos a fim de estimular o desenvolvimento local. Mais especificamente, constatámos que uma atitude pró ou anti-termas de um pequeno grupo de pessoas (locais) com posições privilegiadas na comunidade podia fazer toda a diferença. A importância do turismo, todavia, manteve-se constantemente subordinada ao desenvolvimento económico da região. Igualmente, concluímos que a exploração das termas tout court era o que contava, não a exploração do turismo termal. Limitações | Leccionando num curso de turismo, tivemos o cuidado de escolher uma temática ligada ao turismo, a reconstrução de um fragmento da história do turismo termal do Alto Tâmega. As pesquisas efectuadas, porém, contrariaram as nossas expectativas quanto ao papel activo do turismo no desenvolvimento de Chaves. O facto de o turismo ter tido uma influência mínima no intervalo temporal investigado, obrigou-nos a reformular as nossas hipóteses de investigação parcialmente e, em vez de focar a relação termas/turismo, optámos por aprofundar o envolvimento das elites locais na exploração dos recursos hidrominerais. Conclusões | Um variado conjunto de factores (falta de capital próprio ou externo; expectativas demasiado altas da câmara; discursos hipócritas que escondem interesses particulares; desinteresse político; ambiente político/económico instável; barreiras burocráticas em Lisboa; localização geográfica periférica; falta de empreendedorismo) impediu a realização de diferentes mega-projectos (turísticos) termais que foram formulados entre 1892 e 1948 para as nascentes concessionadas pela Câmara Municipal de Chaves e que deveriam funcionar como importante fonte de criação de riqueza, permitindo, assim, aos órgãos do poder local dispor de condições e de meios para estimular e fomentar o desenvolvimento. Em simultâneo, o não-desenvolvimento local priva os órgãos de poder local, mais em concreto, a Câmara Municipal de Chaves enquanto concessionária dos meios necessários para assentar todo e qualquer projecto termal. Criou-se assim, no período analisado, um ciclo vicioso de insucesso que impediu o desenvolvimento do turismo termal à volta das Caldas de Chaves.
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Que factores reforçaram o ciclo vicioso de insucesso que afectou (negativamente) sucessivos projectos termais? Metodologia | O ponto de partida desta investigação assenta nas ciências históricas. Mais em particular, a análise histórica e a interpretação dos dados encontrados nas fontes formam a base desta investigação: integramos os elementos de interesse numa história descritiva que relata o que é único e irrepetível na realidade estudada e enriquecemo-la com explicações, interpretações e pressupostos. No entanto, o carácter híbrido deste trabalho obrigou a um pluralismo metodológico: exploramos ainda outros métodos, usando cada um deles para complementar e testar os outros. Com efeito, combinamos modelos explicativos de várias ciências sociais (politicologia, sociologia, antropologia e economia) que melhor se adequam para testar as diferentes hipóteses formuladas, o que resultou numa abordagem multi-disciplinar da temática escolhida. Principais resultados e contributos | Quanto à história do turismo (termal) do concelho de Chaves entre 1892 e 1948, os principais resultados são estes: Os efeitos multiplicadores ao nível da criação de emprego e de rendimento que, persistentemente, se faziam decorrer de uma boa exploração dos recursos hidrológicos do concelho, andaram também relacionados, desde cedo, com a vertente turística que se lhe associava. E embora, durante o período temporal recoberto por esta dissertação, o turismo, mesmo a nível nacional se apresentasse como uma actividade muito pouco significativa, era já comum encará-la como uma via de elevado potencial em termos de objectivos de desenvolvimento socioeconómico. E este tipo de expectativas acerca do turismo tornou-se também corrente nos discursos locais acerca do desenvolvimento do concelho de Chaves, ao qual, desde logo se reconheciam todo um vasto conjunto de potencialidades, com as águas minerais naturais no topo da lista para se tornar num destino turístico de eleição. Estes discursos podemos encontrá-los nos jornais locais e nas actas camarárias, as duas séries quase contínuas de fontes primárias que explorámos. Em primeiro lugar devemos referir a sensibilidade na imprensa local perante a relação termas/ turismo. Nas actas de Chaves notámos, igualmente desde cedo, a mesma susceptibilidade para o assunto, sobretudo quando a Sociedade de Propaganda de Portugal, e mais tarde o Secretariado de Propaganda Nacional conseguiram passar a mensagem que a Câmara podia ser um promotor de turismo a nível local. A nosso ver, estes organismos conseguiram divulgar os conceitos e atitudes que o governo interpretou como oportunos e convencer as elites flavienses a olhar para o turismo como um factor valioso na economia da região. Não é de estranhar que a Comissão Executiva tenha decidido, mais do que uma vez, investir em infra-estruturas remetendo para o turismo a justificação de tais investimentos. Os jornais locais serviram também para acentuar as vantagens do turismo por si só, independentemente de defender a diversificação da oferta local. À medida que o tempo avançou, a consciencialização do poder económico do turismo aumentou. Numa altura em que o poder de decisão das elites era preponderante, bastava que elas estivessem convencidas dos benefícios da aplicação de teorias no sentido de promover o turismo e valorizar os recursos endógenos a fim de estimular o desenvolvimento local. Mais especificamente, constatámos que uma atitude pró ou anti-termas de um pequeno grupo de pessoas (locais) com posições privilegiadas na comunidade podia fazer toda a diferença. A importância do turismo, todavia, manteve-se constantemente subordinada ao desenvolvimento económico da região. Igualmente, concluímos que a exploração das termas tout court era o que contava, não a exploração do turismo termal. Limitações | Leccionando num curso de turismo, tivemos o cuidado de escolher uma temática ligada ao turismo, a reconstrução de um fragmento da história do turismo termal do Alto Tâmega. As pesquisas efectuadas, porém, contrariaram as nossas expectativas quanto ao papel activo do turismo no desenvolvimento de Chaves. O facto de o turismo ter tido uma influência mínima no intervalo temporal investigado, obrigou-nos a reformular as nossas hipóteses de investigação parcialmente e, em vez de focar a relação termas/turismo, optámos por aprofundar o envolvimento das elites locais na exploração dos recursos hidrominerais. Conclusões | Um variado conjunto de factores (falta de capital próprio ou externo; expectativas demasiado altas da câmara; discursos hipócritas que escondem interesses particulares; desinteresse político; ambiente político/económico instável; barreiras burocráticas em Lisboa; localização geográfica periférica; falta de empreendedorismo) impediu a realização de diferentes mega-projectos (turísticos) termais que foram formulados entre 1892 e 1948 para as nascentes concessionadas pela Câmara Municipal de Chaves e que deveriam funcionar como importante fonte de criação de riqueza, permitindo, assim, aos órgãos do poder local dispor de condições e de meios para estimular e fomentar o desenvolvimento. Em simultâneo, o não-desenvolvimento local priva os órgãos de poder local, mais em concreto, a Câmara Municipal de Chaves enquanto concessionária dos meios necessários para assentar todo e qualquer projecto termal. Criou-se assim, no período analisado, um ciclo vicioso de insucesso que impediu o desenvolvimento do turismo termal à volta das Caldas de Chaves.Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da Universidade de Aveiro2010-01-01T00:00:00Zjournal articlejournal articleinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://doi.org/10.34624/rtd.v3i13/14.12725oai:proa.ua.pt:article/12725Journal of Tourism & Development; Vol 3 No 13/14 (2010): INVTUR 2010 Intl' Conference - Abstracts; 1041-1042Revista Turismo & Desenvolvimento; vol. 3 n.º 13/14 (2010): INVTUR 2010 Intl' Conference - Abstracts; 1041-10422182-14531645-9261reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAPporhttps://proa.ua.pt/index.php/rtd/article/view/12725https://doi.org/10.34624/rtd.v3i13/14.12725https://proa.ua.pt/index.php/rtd/article/view/12725/8443https://creativecommons.org/licences/by/4.0/info:eu-repo/semantics/openAccessLapa, VeroniqueRibeiro, ManuelaAmaro, António Rafael2022-09-26T10:57:07Zoai:proa.ua.pt:article/12725Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:05:48.868465Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Principais resultados e contributos | Quanto à história do turismo (termal) do concelho de Chaves entre 1892 e 1948, os principais resultados são estes: Os efeitos multiplicadores ao nível da criação de emprego e de rendimento que, persistentemente, se faziam decorrer de uma boa exploração dos recursos hidrológicos do concelho, andaram também relacionados, desde cedo, com a vertente turística que se lhe associava. E embora, durante o período temporal recoberto por esta dissertação, o turismo, mesmo a nível nacional se apresentasse como uma actividade muito pouco significativa, era já comum encará-la como uma via de elevado potencial em termos de objectivos de desenvolvimento socioeconómico. 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A nosso ver, estes organismos conseguiram divulgar os conceitos e atitudes que o governo interpretou como oportunos e convencer as elites flavienses a olhar para o turismo como um factor valioso na economia da região. Não é de estranhar que a Comissão Executiva tenha decidido, mais do que uma vez, investir em infra-estruturas remetendo para o turismo a justificação de tais investimentos. Os jornais locais serviram também para acentuar as vantagens do turismo por si só, independentemente de defender a diversificação da oferta local. À medida que o tempo avançou, a consciencialização do poder económico do turismo aumentou. Numa altura em que o poder de decisão das elites era preponderante, bastava que elas estivessem convencidas dos benefícios da aplicação de teorias no sentido de promover o turismo e valorizar os recursos endógenos a fim de estimular o desenvolvimento local. 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Conclusões | Um variado conjunto de factores (falta de capital próprio ou externo; expectativas demasiado altas da câmara; discursos hipócritas que escondem interesses particulares; desinteresse político; ambiente político/económico instável; barreiras burocráticas em Lisboa; localização geográfica periférica; falta de empreendedorismo) impediu a realização de diferentes mega-projectos (turísticos) termais que foram formulados entre 1892 e 1948 para as nascentes concessionadas pela Câmara Municipal de Chaves e que deveriam funcionar como importante fonte de criação de riqueza, permitindo, assim, aos órgãos do poder local dispor de condições e de meios para estimular e fomentar o desenvolvimento. Em simultâneo, o não-desenvolvimento local priva os órgãos de poder local, mais em concreto, a Câmara Municipal de Chaves enquanto concessionária dos meios necessários para assentar todo e qualquer projecto termal. 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