Os Livros de Horas do século XV nas colecções portuguesas: matéria, forma e significado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Araújo, Ana Rita da Silva de
Data de Publicação: 2018
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/60955
Resumo: O estudo das encadernações esteve sobretudo associado à decoração da cobertura que estas continham, deixando de parte a análise das estruturas e dos diferentes materiais e técnicas utilizados na produção do livro. Para colmatar essa lacuna, a presente investigação tem como objectivo estudar o Livro de Horas, enquanto objecto tridimensional, explorando a relação entre as suas diferentes partes, assim como correlacionar o estado de conservação da iluminura com as várias tipologias de encadernação. A investigação começou por fazer, pela primeira vez, um levantamento aprofundado dos materiais e técnicas utilizados na produção das encadernações de 73 Livros de Horas, com blocos de texto datados, na sua maioria, do século XV, existentes em colecções portuguesas. Os resultados obtidos revelaram que apenas 16% dos livros apresentam estruturas e encadernações originais ou próximas do seu formato original, as quais se caracterizam por serem resistentes e estáveis para a conservação dos blocos de texto, enquanto que os restantes livros se encontram já muito alterados, como resultado do seu percurso histórico, apresentando, actualmente, soluções materiais e técnicas menos eficientes motivadas pelo aumento da produção do livro. De entre os livros analisados, foi possível identificar cinco grupos de livros contendo encadernações e estruturas ilustrativas de diferentes períodos e contextos de produção, dos quais se seleccionou um conjunto de livros representativos para serem alvo de um estudo mais alargado. O estudo da iluminura permitiu não só caracterizar a paleta e a forma de construção da cor, mas também identificar os danos mais comuns nestas, entre eles, o escurecimento da folha de prata, o qual, pelo seu impacto estético, constituiu um ponto crítico nesta pesquisa. A inexistência de estudos aprofundados sobre a construção das cores de prata em manuscritos iluminados, tem sido um obstáculo ao desenvolvimento de novas estratégias e tratamentos para a sua estabilização. Neste sentido, a presente investigação desenvolveu e testou uma abordagem metodológica pioneira para caracterizar, a nível molecular, esta construção, tanto por técnicas in situ como por micro-amostras. Os resultados obtidos revelaram que a metodologia desenvolvida permitiu obter informação relevante sobre os componentes presentes nas diferentes camadas que compõem a complexa estratigrafia de prata e identificar o produto de corrosão responsável pelo seu escurecimento. A avaliação do estado de conservação dos diferentes elementos que compõem o livro, permitiu concluir que, na sua grande maioria, as encadernações produzidas, sobretudo, a partir do século XVIII são menos eficientes na protecção das iluminuras, traduzindo-se num maior destacamento da camada pictórica e escurecimento da folha de prata. O melhor entendimento do efeito das estruturas na conservação destas obras enquanto objectos tridimensionais, suportado por uma abordagem interdisciplinar, é fundamental para o desenvolvimento de políticas sustentáveis de conservação que permitam devolver a funcionalidade mecânica aos livros, mas preservando, tanto quanto possível, a identidade e autenticidade destes.
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