Caraterização de sedimentos e águas de rios da Província de Benguela (Angola)

• Autor(a) principal: Barbosa, Júlio António dos Santos
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/32620
• topic: Sedimentos; Águas superficiais; Geoquímica; Linhas de água; Benguela (Angola)

Neste trabalho são apresentados dados da mineralogia e geoquímica de sedimentos e dados hidroquímicos de águas superficiais de linhas de água que cruzam a região de Benguela, em Angola. Pretendeu-se com este trabalho contribuir para o conhecimento das caraterísticas e da qualidade dos principais rios desta região e seus afluentes, cuja informação é ainda bastante escassa. A amostragem efetuada no âmbito deste trabalho incluiu a colheita de amostras nos rios Catumbela, Cavaco, Coporolo e Equimina e em alguns dos seus afluentes. Estes cursos de água cruzam três unidades geomorfológicas na região de Benguela, designadamente, a Cadeia Marginal de Montanhas, a unidade mais interior desta província, caraterizada por terrenos residuais de montanhas com ocorrência de rochas vulcânicas, a Zona de Escarpa, onde predominam rochas ígneas e metamórficas do pré-Câmbrico, e a Faixa Costeira, que limita com o oceano Atlântico e é dominada por terrenos sedimentares carbonatados e detríticos. Os resultados obtidos permitiram constatar que, apesar de não ser possível afastar a existência de inputs antropogénicos, não foram evidenciados casos de contaminação, designadamente em elementos potencialmente tóxicos (EPT), quer nos sedimentos quer nas águas. Deste modo, a geoquímica dos sedimentos reflete claramente a composição das principais fases mineralógicas identificadas, ou seja, quartzo, feldspato potássico, plagióclase e, pontualmente, moscovite, anfíbolas, magnetite e epídoto. Por outro lado, as águas coletadas nos mesmos locais apresentam valores de pH próximos da neutralidade e muito baixa mineralização. A sua composição maioritária permite classificá-las como bicarbonatadas mistas (sódico-cálcicas), o que desde logo aponta para a dissolução dos minerais mais suscetíveis à alteração, como as plagióclases, mas também as próprias anfíbolas e outros minerais acessórios, cujas assinaturas hidrogeoquímicas não são tão evidenciadas porque alguns dos seus constituintes tendem a precipitar nas condições de pH que dominam nestas águas. Importa ainda ressalvar que, apesar dos carbonatos serem dos minerais mais facilmente solubilizados, as amostras de águas localizadas na Faixa Costeira, onde dominam rochas carbonatadas, não exibiam caraterísticas químicas e físico-químicas distintas das demais amostras colhidas em áreas a montante destas litologias. Este aspeto denota a importância dos fluxos turbulentos observados em alguns pontos de amostragem, o qual imprime nas assinaturas hidrogeoquímicas das águas os contributos dos minerais silicatados provenientes da meteorização das rochas ígneas e metamórficas que acompanham a maioria do percurso realizado por estas linhas de água.