O corpo: o protagonista da pós-modernidade
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2008 |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1822/37213 |
Resumo: | É indiscutível que vivemos numa sociedade de consumo, num tempo de culto da imagem e das aparências, onde o corpo se transformou no mais belo e desejado dos objectos. Pode mesmo dizer-se que vivemos o paradigma da corporalidade. Assim, nesta comunicação propomo-nos interrogar o lugar do ‘nosso corpo’ na pós-modernidade. Muitas são as questões que se afiguram e, com a evolução das novas tecnologias, ou melhor, das biotecnologias, surgem novos horizontes que colocam em causa a dimensão do corpo humano como sempre o conhecemos. Afinal, o corpo não é só uma evidência, mas nele recai a essência da existência na nossa era. Nele está toda a beleza, que parece mostrar-se acessível a quem a quiser, transformando ou deformando o original e criando outro ‘produto’, um modelo ideal que vai ofuscando as insuficiências humanas. Teremos como ponto de partida a obra A Sociedade de Consumo de Jean Baudrillard, mais concretamente o capítulo que aborda a questão do corpo. Para melhor demonstrarmos a sua posição nesta sociedade imagética faremos uma breve súmula histórica. Recorreremos também a autores e exemplos pertinentes para ilustrar a estetização da vida contemporânea. Actualmente, o corpo mostra a sua omnipresença na publicidade, na moda e na cultura de massas. Posiciona-se como objecto de salvação, substituindo a função ideológica da alma. Deste modo, apresenta-se como a escatologia da nossa época, sendo necessário investir nele de forma narcisista e espectacular. Vive-se o culto da imagem e a importância da aparência cria uma indústria que se vai aperfeiçoando continuamente. As pessoas recorrem a técnicas de design, regimes alimentares, cirurgias estéticas, cosméticos, cremes, ginástica, ingestão de produtos e marcas corporais. Procura-se, incansavelmente, a ‘fonte da juventude’, uma beleza democrática e universal que se pauta pela magreza e que procura romper com as insuficiências do corpo humano. Nesta era da corporeidade, o humano funde-se com a tecnologia. Os ideais de beleza invadem a sociedade e, sob a capa da perfeição, mostram a violência e a repressão que encarnam e que se materializa em doenças como a anorexia ou a bulimia. Os meios de comunicação social também seguem a tendência da pós-modernidade. Surgem reality shows que invocam o self e a beleza (por exemplo, Doutor, Preciso de Ajuda e A Bela e o Mestre, TVI). A publicidade apela ao erotismo, associado, na maioria dos casos, ao corpo feminino. Os objectos apresentam uma erotização funcional e a multiplicação de signos do real é evidente, pois a lógica do consumo vive em função do simulacro e do hedonismo. Este panorama demonstra uma invasão do culto do corpo que procura na tecnologia a resposta para superar a insuficiência humana. Porém, os avanços tecnológicos abrem uma multiplicidade de perspectivas caracterizada pela transgressão e fragmentação do corpo humano. Dá-se a fusão do corpo com a máquina, uma perspectiva que nos leva a pensar no surgimento de outro ser. Paira a incerteza sobre o que vai acontecer ao protagonista da pós-modernidade. |
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