Unveiling evidence of natural and anthropogenic skin marks on baleen whales (Northwestern Iberian Peninsula coast)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Neves, Joyce Gabriela Azenha
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.1/19090
Resumo: Os Mysticeti enfrentaram um declínio drástico no passado, principalmente devido à caça à baleia na costa noroeste da Península Ibérica, levando quase à sua extinção na zona. No entanto, 40 anos mais tarde, as baleias estão a regressar à zona, utilizando-a principalmente como um local de alimentação. Mesmo com a proibição da caça à baleia nas águas da Galiza, ainda existem algumas ameaças que comprometem a saúde destes enormes viajantes. Para avaliar o estado de saúde de cetáceos em estado selvagem, são poucas as ferramentas que se pode utilizar sem se ser invasivo. A avaliação do estado da pele dos mamíferos marinhos tem sido utilizada para identificar indivíduos (foto-identificação) em todo o mundo e também pode fornecer informação sobre a saúde individual e populacional de uma espécie. As marcas cutâneas nos cetáceos podem ser diferenciadas em 2 tipos de causa: naturais (vírus, bactérias, fungos, ectoparasitas, tentativa de predação) e antropogénicas (interação com artes de pesca e colisões de embarcações), sendo utilizadas como uma base importante para monitorizar as alterações ao longo do tempo. Os dados de captura acessória, arrojamentos (encalhes na costa), ou captura-libertação são normalmente utilizados para avaliar o estado da pele em mamíferos marinhos, porém a foto-identificação aparece como uma ferramenta relativamente barata e não invasiva para avaliar o estado de saúde da pele, evolução, recorrência, prevalência de lesões ou identificar potenciais impactos sobre as espécies. Para explorar potenciais impactos sobre as baleias que se alimentam na costa noroeste de Espanha, foram realizadas saídas ao mar numa embarcação de 12 metros de cumprimento, entre os anos de 2017 a 2021 sempre com condições meteorológicas favoráveis. Quando avistadas as baleias, procedeu-se á aproximação das mesmas sempre com uma velocidade constante e lenta. Várias fotografias foram tiradas por dois investigadores experientes a um angulo perpendicular ao animal de forma a capturar cada uma das secções do corpo do animal (cabeça, corpo intermédio, barbatana dorsal e pedúnculo) de ambos os lados (direito e esquerdo). Mais tarde, todas as fotografias foram revistas e as de melhor qualidade (foco, luz, tamanho) foram selecionadas para representar cada secção do corpo de cada individuo de ambos os lados de maneira a reconstruir o corpo inteiro. Após uma análise detalhada, lesões epidérmicas visíveis, anomalias de coloração e ectoparasitas foram detetadas nas baleias azuis (Balaenoptera musculus), baleias-comum (Balaenoptera physalus) e baleias anãs (Balaenoptera acutorostrata). No total, foram documentados 36 tipos de marcas de pele incluindo lesões no contorno de barbatana, anomalias de pigmentação, manchas, dentadas, marcas lineares, lesões, elevação cutânea, infeções e ectoparasitas associados. A lesão cutânea mais prevalecente foram as marcas negras em baleias azuis (95,2%), bolhas e marcas brancas em baleias-comum (74,2%) e bolhas em baleias-anãs (76,2%). As marcas brancas e marcas pretas englobam diferentes tamanhos e formas que não têm uma etiologia definida. Já as bolhas podem ter origem no aumento de exposição da pele a altos níveis de radiação UV. As lesões tipo herpes foram a marca cutânea mais severa e abundante encontrada nas baleias estudadas, caracterizadas por lesões punctiformes espalhadas geralmente por todo o corpo. Os resultados deste estudo mostraram que as espécies de baleias estudadas, que se alimentam na costa noroeste de Espanha, exibiram indicações de impactos causados por alterações climáticas e impactos antropogénicos. Em geral, as marcas cutâneas foram mais abundantes e prevalecentes nas baleias azuis, no entanto, mais severas nas baleias-comum. Já as baleias-anãs parecem ser a espécies mais vulnerável a enfrentar ameaças antropogénicas. Indentações e marcas lineares no pedúnculo podem estar fortemente associadas a emaranhamento em redes de pesca afetando 23.8% dos espécimes de baleia anã amostrados. Para além disto uma baleia-comum foi encontrada com uma rede de pesca presa ao redor do seu pescoço e espiráculo. Este indivíduo mostrou claras evidências corporais de marcas causadas por redes de pesca (possivelmente pesca fantasma) com uma possível infeção viral com origem nas mesmas. Marcas naturais como as causadas por dentes, não são tão frequentes em baleias como são em odontocetos, porém foram registadas provas de tentativas de predação por parte de orcas em baleias azuis e baleias-comum. Para além destas marcas de mordida, algumas espécies de ectoparasitas foram identificadas fixas ao hospedeiro como é o caso das diatomáceas, pequenos crustáceos comensais da família Cyamidae (Isocyamus sp.), copépodes parasitas (Pennella balaenopterae), cirrípedes (Xenobalanus globicipitis), possivelmente remoras (Remora remora) e lampreias (Petromyzon sp.). Outra espécie identificada como causadora de marcas ovais esbranquiçadas nas baleias amostradas é uma espécie de tubarão (Isistius brasiliensis), frequentemente encontrado em águas tropicais (destino final da rota de migração das baleias azuis e baleias-comum). Estas marcas de dentada de tubarão foram apenas encontras num estágio de cura avançado (cor esbranquiçada). Marcas recentes de dentada de tubarão (com sangue, rosadas com tecidos subcutâneos visíveis ou amareladas) nunca foram encontradas nas 3 espécies amostradas. Isto permitiu inferir que o processo de cura de feridas em baleias é possivelmente menor que 38 meses. No caso das baleias anãs, que são vistas durante todo o ano na área, também apresentaram este tipo de marcas afetando 47.6% dos indivíduos, sugerindo que esta espécie possa estar a realizar migrações ou as marcas podem ser causadas pela espécie Isistius plutodus. Algumas novas marcas de pele foram documentadas pela primeira vez em todo o mundo nas baleias amostradas, como é o caso do: possível primeiro tumor encontrado numa baleia azul representado por uma aglomeração de elevações cutâneas na área do pedúnculo (diferente das bolhas encontradas na maioria das baleias possivelmente causadas por raios UV); primeiro caso de hypopigmentação com distribuição corporal anormal (diferente de vitiligo e albinismo parcial encontrado na literatura); e primeiro registo de possíveis cicatrizes provocadas por medusas que estão a proliferar cada vez mais nos oceanos, tirando vantagem do impacto das alteações climáticas. Herpes, marcas pretas e marcas brancas foram as lesões que mais contribuíram para a variabilidade das marcas de pele nas baleias, contudo nenhuma delas está particularmente relacionada com uma espécie (p=0.520, df=2, F=0.288) ou condição corporal específica (p=0.951, df=1, F=0.0293). Em suma, as nossas descobertas fornecem o catálogo mais completo de foto-identificação de marcas de pele para comparar entre espécies de baleias, explora ligações casuais entre a condição de pele e a saúde dos animais e também enumera as possíveis causas (naturais ou antropogénicas) associadas a cada lesão justificadas por revisão bibliográfica.
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spelling Unveiling evidence of natural and anthropogenic skin marks on baleen whales (Northwestern Iberian Peninsula coast)Marcas antropogénicasBaleia azulBaleia-comumBaleia anãFoto-identificaçãoDoenças de peleDomínio/Área Científica::Ciências Sociais::Outras Ciências SociaisOs Mysticeti enfrentaram um declínio drástico no passado, principalmente devido à caça à baleia na costa noroeste da Península Ibérica, levando quase à sua extinção na zona. No entanto, 40 anos mais tarde, as baleias estão a regressar à zona, utilizando-a principalmente como um local de alimentação. Mesmo com a proibição da caça à baleia nas águas da Galiza, ainda existem algumas ameaças que comprometem a saúde destes enormes viajantes. Para avaliar o estado de saúde de cetáceos em estado selvagem, são poucas as ferramentas que se pode utilizar sem se ser invasivo. A avaliação do estado da pele dos mamíferos marinhos tem sido utilizada para identificar indivíduos (foto-identificação) em todo o mundo e também pode fornecer informação sobre a saúde individual e populacional de uma espécie. As marcas cutâneas nos cetáceos podem ser diferenciadas em 2 tipos de causa: naturais (vírus, bactérias, fungos, ectoparasitas, tentativa de predação) e antropogénicas (interação com artes de pesca e colisões de embarcações), sendo utilizadas como uma base importante para monitorizar as alterações ao longo do tempo. Os dados de captura acessória, arrojamentos (encalhes na costa), ou captura-libertação são normalmente utilizados para avaliar o estado da pele em mamíferos marinhos, porém a foto-identificação aparece como uma ferramenta relativamente barata e não invasiva para avaliar o estado de saúde da pele, evolução, recorrência, prevalência de lesões ou identificar potenciais impactos sobre as espécies. Para explorar potenciais impactos sobre as baleias que se alimentam na costa noroeste de Espanha, foram realizadas saídas ao mar numa embarcação de 12 metros de cumprimento, entre os anos de 2017 a 2021 sempre com condições meteorológicas favoráveis. Quando avistadas as baleias, procedeu-se á aproximação das mesmas sempre com uma velocidade constante e lenta. Várias fotografias foram tiradas por dois investigadores experientes a um angulo perpendicular ao animal de forma a capturar cada uma das secções do corpo do animal (cabeça, corpo intermédio, barbatana dorsal e pedúnculo) de ambos os lados (direito e esquerdo). Mais tarde, todas as fotografias foram revistas e as de melhor qualidade (foco, luz, tamanho) foram selecionadas para representar cada secção do corpo de cada individuo de ambos os lados de maneira a reconstruir o corpo inteiro. 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As lesões tipo herpes foram a marca cutânea mais severa e abundante encontrada nas baleias estudadas, caracterizadas por lesões punctiformes espalhadas geralmente por todo o corpo. Os resultados deste estudo mostraram que as espécies de baleias estudadas, que se alimentam na costa noroeste de Espanha, exibiram indicações de impactos causados por alterações climáticas e impactos antropogénicos. Em geral, as marcas cutâneas foram mais abundantes e prevalecentes nas baleias azuis, no entanto, mais severas nas baleias-comum. Já as baleias-anãs parecem ser a espécies mais vulnerável a enfrentar ameaças antropogénicas. Indentações e marcas lineares no pedúnculo podem estar fortemente associadas a emaranhamento em redes de pesca afetando 23.8% dos espécimes de baleia anã amostrados. Para além disto uma baleia-comum foi encontrada com uma rede de pesca presa ao redor do seu pescoço e espiráculo. Este indivíduo mostrou claras evidências corporais de marcas causadas por redes de pesca (possivelmente pesca fantasma) com uma possível infeção viral com origem nas mesmas. Marcas naturais como as causadas por dentes, não são tão frequentes em baleias como são em odontocetos, porém foram registadas provas de tentativas de predação por parte de orcas em baleias azuis e baleias-comum. Para além destas marcas de mordida, algumas espécies de ectoparasitas foram identificadas fixas ao hospedeiro como é o caso das diatomáceas, pequenos crustáceos comensais da família Cyamidae (Isocyamus sp.), copépodes parasitas (Pennella balaenopterae), cirrípedes (Xenobalanus globicipitis), possivelmente remoras (Remora remora) e lampreias (Petromyzon sp.). Outra espécie identificada como causadora de marcas ovais esbranquiçadas nas baleias amostradas é uma espécie de tubarão (Isistius brasiliensis), frequentemente encontrado em águas tropicais (destino final da rota de migração das baleias azuis e baleias-comum). Estas marcas de dentada de tubarão foram apenas encontras num estágio de cura avançado (cor esbranquiçada). Marcas recentes de dentada de tubarão (com sangue, rosadas com tecidos subcutâneos visíveis ou amareladas) nunca foram encontradas nas 3 espécies amostradas. Isto permitiu inferir que o processo de cura de feridas em baleias é possivelmente menor que 38 meses. No caso das baleias anãs, que são vistas durante todo o ano na área, também apresentaram este tipo de marcas afetando 47.6% dos indivíduos, sugerindo que esta espécie possa estar a realizar migrações ou as marcas podem ser causadas pela espécie Isistius plutodus. Algumas novas marcas de pele foram documentadas pela primeira vez em todo o mundo nas baleias amostradas, como é o caso do: possível primeiro tumor encontrado numa baleia azul representado por uma aglomeração de elevações cutâneas na área do pedúnculo (diferente das bolhas encontradas na maioria das baleias possivelmente causadas por raios UV); primeiro caso de hypopigmentação com distribuição corporal anormal (diferente de vitiligo e albinismo parcial encontrado na literatura); e primeiro registo de possíveis cicatrizes provocadas por medusas que estão a proliferar cada vez mais nos oceanos, tirando vantagem do impacto das alteações climáticas. Herpes, marcas pretas e marcas brancas foram as lesões que mais contribuíram para a variabilidade das marcas de pele nas baleias, contudo nenhuma delas está particularmente relacionada com uma espécie (p=0.520, df=2, F=0.288) ou condição corporal específica (p=0.951, df=1, F=0.0293). Em suma, as nossas descobertas fornecem o catálogo mais completo de foto-identificação de marcas de pele para comparar entre espécies de baleias, explora ligações casuais entre a condição de pele e a saúde dos animais e também enumera as possíveis causas (naturais ou antropogénicas) associadas a cada lesão justificadas por revisão bibliográfica.Mysticeti have faced a drastic decline in the past mainly due to whaling in the Northwestern coast of the Iberian Peninsula, leading to almost extinction in the zone. However, 40 years later, whales are returning to the area. Even with the ban of whaling in Galicia waters, some threats still exist that compromise the health of these huge travelers. To explore potential impacts on baleen whales feeding on the Northwestern coast of Spain, we analyzed photographs taken from 2017 to 2021. Epidermal lesions, coloration anomalies and ectoparasites were detected in blue (Balaenoptera musculus), fin (Balaenoptera physalus) and minke whales (Balaenoptera acutorostrata). Altogether, 36 types of skin marks were documented. The most prevalent skin lesion was black marks on blue whales (95.2%), blisters and white marks on fin whales (74.2%) and blisters on minke whales (76.2%). Herpes-like lesions were the most severe and abundant skin mark found in all species. Our results showed that skin marks were more abundant and prevalent on blue whales, however, more severe on fin whales. Minke whales appear to be the most vulnerable specie facing anthropogenic threats. Some novel skin marks were recorded for the first time, to our knowledge, on baleen whales worldwide as is the case of the possible first tumor in a blue whale specimen, first hypopigmentation case with abnormal body distribution and first records of possibly jellyfish stings. Herpes, black and white marks were the lesions that contributed the most for the variability of skin marks on whales, however none of those are particularly related to a specific specie or body condition. Therefore, our findings provide the most complete photo-identification catalogue of skin marks to compare across species of Mysticeti and explore casual links between skin condition and whales’ health.Marçalo, AnaMethion, SéverineSapientiaNeves, Joyce Gabriela Azenha2023-02-15T12:03:04Z2022-11-212022-11-21T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.1/19090TID:203143205enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-24T10:31:30Zoai:sapientia.ualg.pt:10400.1/19090Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:08:45.754576Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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As marcas cutâneas nos cetáceos podem ser diferenciadas em 2 tipos de causa: naturais (vírus, bactérias, fungos, ectoparasitas, tentativa de predação) e antropogénicas (interação com artes de pesca e colisões de embarcações), sendo utilizadas como uma base importante para monitorizar as alterações ao longo do tempo. Os dados de captura acessória, arrojamentos (encalhes na costa), ou captura-libertação são normalmente utilizados para avaliar o estado da pele em mamíferos marinhos, porém a foto-identificação aparece como uma ferramenta relativamente barata e não invasiva para avaliar o estado de saúde da pele, evolução, recorrência, prevalência de lesões ou identificar potenciais impactos sobre as espécies. Para explorar potenciais impactos sobre as baleias que se alimentam na costa noroeste de Espanha, foram realizadas saídas ao mar numa embarcação de 12 metros de cumprimento, entre os anos de 2017 a 2021 sempre com condições meteorológicas favoráveis. Quando avistadas as baleias, procedeu-se á aproximação das mesmas sempre com uma velocidade constante e lenta. Várias fotografias foram tiradas por dois investigadores experientes a um angulo perpendicular ao animal de forma a capturar cada uma das secções do corpo do animal (cabeça, corpo intermédio, barbatana dorsal e pedúnculo) de ambos os lados (direito e esquerdo). Mais tarde, todas as fotografias foram revistas e as de melhor qualidade (foco, luz, tamanho) foram selecionadas para representar cada secção do corpo de cada individuo de ambos os lados de maneira a reconstruir o corpo inteiro. Após uma análise detalhada, lesões epidérmicas visíveis, anomalias de coloração e ectoparasitas foram detetadas nas baleias azuis (Balaenoptera musculus), baleias-comum (Balaenoptera physalus) e baleias anãs (Balaenoptera acutorostrata). No total, foram documentados 36 tipos de marcas de pele incluindo lesões no contorno de barbatana, anomalias de pigmentação, manchas, dentadas, marcas lineares, lesões, elevação cutânea, infeções e ectoparasitas associados. A lesão cutânea mais prevalecente foram as marcas negras em baleias azuis (95,2%), bolhas e marcas brancas em baleias-comum (74,2%) e bolhas em baleias-anãs (76,2%). As marcas brancas e marcas pretas englobam diferentes tamanhos e formas que não têm uma etiologia definida. Já as bolhas podem ter origem no aumento de exposição da pele a altos níveis de radiação UV. As lesões tipo herpes foram a marca cutânea mais severa e abundante encontrada nas baleias estudadas, caracterizadas por lesões punctiformes espalhadas geralmente por todo o corpo. Os resultados deste estudo mostraram que as espécies de baleias estudadas, que se alimentam na costa noroeste de Espanha, exibiram indicações de impactos causados por alterações climáticas e impactos antropogénicos. Em geral, as marcas cutâneas foram mais abundantes e prevalecentes nas baleias azuis, no entanto, mais severas nas baleias-comum. Já as baleias-anãs parecem ser a espécies mais vulnerável a enfrentar ameaças antropogénicas. Indentações e marcas lineares no pedúnculo podem estar fortemente associadas a emaranhamento em redes de pesca afetando 23.8% dos espécimes de baleia anã amostrados. Para além disto uma baleia-comum foi encontrada com uma rede de pesca presa ao redor do seu pescoço e espiráculo. Este indivíduo mostrou claras evidências corporais de marcas causadas por redes de pesca (possivelmente pesca fantasma) com uma possível infeção viral com origem nas mesmas. Marcas naturais como as causadas por dentes, não são tão frequentes em baleias como são em odontocetos, porém foram registadas provas de tentativas de predação por parte de orcas em baleias azuis e baleias-comum. Para além destas marcas de mordida, algumas espécies de ectoparasitas foram identificadas fixas ao hospedeiro como é o caso das diatomáceas, pequenos crustáceos comensais da família Cyamidae (Isocyamus sp.), copépodes parasitas (Pennella balaenopterae), cirrípedes (Xenobalanus globicipitis), possivelmente remoras (Remora remora) e lampreias (Petromyzon sp.). Outra espécie identificada como causadora de marcas ovais esbranquiçadas nas baleias amostradas é uma espécie de tubarão (Isistius brasiliensis), frequentemente encontrado em águas tropicais (destino final da rota de migração das baleias azuis e baleias-comum). Estas marcas de dentada de tubarão foram apenas encontras num estágio de cura avançado (cor esbranquiçada). Marcas recentes de dentada de tubarão (com sangue, rosadas com tecidos subcutâneos visíveis ou amareladas) nunca foram encontradas nas 3 espécies amostradas. Isto permitiu inferir que o processo de cura de feridas em baleias é possivelmente menor que 38 meses. No caso das baleias anãs, que são vistas durante todo o ano na área, também apresentaram este tipo de marcas afetando 47.6% dos indivíduos, sugerindo que esta espécie possa estar a realizar migrações ou as marcas podem ser causadas pela espécie Isistius plutodus. Algumas novas marcas de pele foram documentadas pela primeira vez em todo o mundo nas baleias amostradas, como é o caso do: possível primeiro tumor encontrado numa baleia azul representado por uma aglomeração de elevações cutâneas na área do pedúnculo (diferente das bolhas encontradas na maioria das baleias possivelmente causadas por raios UV); primeiro caso de hypopigmentação com distribuição corporal anormal (diferente de vitiligo e albinismo parcial encontrado na literatura); e primeiro registo de possíveis cicatrizes provocadas por medusas que estão a proliferar cada vez mais nos oceanos, tirando vantagem do impacto das alteações climáticas. Herpes, marcas pretas e marcas brancas foram as lesões que mais contribuíram para a variabilidade das marcas de pele nas baleias, contudo nenhuma delas está particularmente relacionada com uma espécie (p=0.520, df=2, F=0.288) ou condição corporal específica (p=0.951, df=1, F=0.0293). Em suma, as nossas descobertas fornecem o catálogo mais completo de foto-identificação de marcas de pele para comparar entre espécies de baleias, explora ligações casuais entre a condição de pele e a saúde dos animais e também enumera as possíveis causas (naturais ou antropogénicas) associadas a cada lesão justificadas por revisão bibliográfica.
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