Representações sociais do HIV em adolescentes e jovens

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Guarnieri, Rosana
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNISANTOS
Texto Completo: https://tede.unisantos.br/handle/tede/7963
Resumo: INTRODUÇÃO: A faixa etária que compreende adolescentes e jovens apresentou, na última década, um preocupante aumento do número de novos casos de HIV, enquanto nas demais faixas etárias esse número diminuiu ou permaneceu estabilizado e observou-se um aumento das taxas de infecção por HIV em homens jovens, principalmente entre homens que fazem sexo com homens (HSH). A Teoria das Representações Sociais mostra que, ainda hoje, o diagnóstico da infecção por HIV é carregado de estigmas e discriminações associados a relações promíscuas e à homofobia. Essas representações sociais comprometem a aceitação do diagnóstico e a vinculação ao tratamento. A comunicação diagnóstica é um fator importante nesse processo de vinculação dos jovens à terapia com antirretrovirais (TARV) e aos cuidados. As políticas públicas de enfrentamento à epidemia de HIV, no Brasil, estão fortemente vinculadas às novas estratégias para a prevenção da transmissão do HIV, através do método da Prevenção Combinada, com uso da (TARV), que busca o sucesso imunológico com supressão virológica. Esta pesquisa se justifica devido ao crescimento do número de casos de infecção pelo HIV entre jovens e adolescentes, o que remete à importância de aprofundar o conhecimento sobre questões que extrapolam intervenções clínicas dos programas voltados aos AJVHIV, pois as questões subjetivas e emocionais caminham paralelamente aos avanços biomédicos para o enfrentamento da transmissão do HIV. OBJETIVO: Compreender as representações sociais do HIV em adolescentes e jovens. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Estudo qualitativo com entrevistas semiestruturadas em profundidade que foram realizadas no município de São Paulo-SP, no período de outubro de 2019 a fevereiro de 2020, como parte de uma investigação qualitativa inserida no contexto do estudo PrEP 15-19. Foram convidados para participar da pesquisa adolescentes e jovens homens, com idades entre 18 e 20 anos. O desenvolvimento do processo analítico-interpretativo foi realizado a partir de leituras extensivas e minuciosas das transcrições e, desse material emergiram particularidades que guiaram a construção das categorias de análise, permitindo aprofundar compreensão das representações sociais do diagnóstico do HIV, pelos jovens que testaram positivo, compreendendo os fatores psicológicos, sociais e culturais em que estão mergulhados, à luz conceitual da análise do discurso (AD). RESULTADOS: Foram entrevistados cinco jovens, residentes no município de São Paulo, com idades entre 18 e 20 anos. A comunicação diagnóstica afetiva e acolhedora foi associada à redução de sentimentos de abandono e de rejeição e foram analisadas como fator facilitador da vinculação do jovem aos cuidados e à TARV. Os estigmas e discriminações sofridos quando os jovens assumiram sua orientação homossexual foram revividos quando descobriram o resultado positivo para HIV. Esse momento foi acompanhado pelo medo da rejeição e do julgamento por parte de familiares, colegas e professores. Os jovens perceberam o diagnóstico como mais estigmatizante que sua orientação homossexual, por isso a revelação do diagnóstico do HIV para seus conhecidos teve um peso maior que teve para eles, a revelação de sua orientação sexual. A maneira encontrada por eles foi manter segredo sobre o diagnóstico, como autoproteção. A redução da autoestima se apresentou como barreira para busca de emprego e para envolvimentos em novos relacionamentos amorosos. O acesso à informação sobre o HIV, como as formas de prevenção e o acesso à TARV foram vistos como facilitadores para a aceitação do diagnóstico e fortalecimento da autonomia para o cuidado. A relação entre o diagnóstico da infecção e a saúde mental foi referida quando os jovens relataram mudanças em seu comportamento, sintomas depressivos ou ansiosos após o conhecimento do diagnóstico. Os jovens se referiram à importância da psicoterapia para tratar dessa questão e de outros aspectos da vida, pois, para eles, suas vidas não se restringem ao diagnóstico de HIV. O início precoce de relações sexuais, em alguns casos, a partir dos 10 anos revela a fragilidade com o cuidado das crianças e adolescentes por parte da família, da escola e da sociedade em geral. O uso de álcool e outras drogas foi analisado como barreira à prevenção da transmissão do vírus. O cuidado com a qualidade de vida, através da alimentação saudável, exercícios, busca de espiritualidade e relatos de planos para o futuro, indicou a presença de movimentos facilitadores para a aceitação e continuidade da TARV. DISCUSSÃO: A discussão dos resultados está apresentada dividida em três partes. Na primeira parte apresentamos as representações sociais do HIV na experiência diagnóstica dos adolescentes e jovens e traçamos um paralelo com estudos realizados em outras partes do mundo. Na segunda parte apresentamos uma reflexão sobre estigma, segredo e sentimentos presentes no conhecimento do diagnóstico de HIV e as dificuldades e sofrimentos relatados pelos adolescentes e jovens do nosso estudo, como também as aproximações com estudos de outros países. A terceira parte é uma reflexão sobre a vinculação ao cuidado, as barreiras e facilitadores para o início e continuidade do tratamento. CONCLUSÃO: A compreensão das representações sociais do HIV em adolescentes e jovens abrange estigmas ligados à promiscuidade e à morte, que foram incorporados pelo senso comum e estão associados ao início da epidemia, nos anos 1980/1990. A informação e o conhecimento das novas formas de prevenção podem diminuir as barreiras existentes para a aceitação e continuidade do tratamento, quando compreendido como forma de prevenção à transmissão do HIV. A criação de políticas públicas e os investimentos em ações que ampliem as possibilidades e perspectivas para o futuro dos jovens devem considerar o universo escolar, como espaço de diálogo, acolhimento e reflexões podendo agir como facilitador para a vinculação dos adolescentes e jovens vivendo com HIV aos cuidados físicos e mentais e ampliar a responsabilidade deles com a sociedade ao compreender o sucesso do tratamento como prevenção à transmissão do HIV.
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A Teoria das Representações Sociais mostra que, ainda hoje, o diagnóstico da infecção por HIV é carregado de estigmas e discriminações associados a relações promíscuas e à homofobia. Essas representações sociais comprometem a aceitação do diagnóstico e a vinculação ao tratamento. A comunicação diagnóstica é um fator importante nesse processo de vinculação dos jovens à terapia com antirretrovirais (TARV) e aos cuidados. As políticas públicas de enfrentamento à epidemia de HIV, no Brasil, estão fortemente vinculadas às novas estratégias para a prevenção da transmissão do HIV, através do método da Prevenção Combinada, com uso da (TARV), que busca o sucesso imunológico com supressão virológica. Esta pesquisa se justifica devido ao crescimento do número de casos de infecção pelo HIV entre jovens e adolescentes, o que remete à importância de aprofundar o conhecimento sobre questões que extrapolam intervenções clínicas dos programas voltados aos AJVHIV, pois as questões subjetivas e emocionais caminham paralelamente aos avanços biomédicos para o enfrentamento da transmissão do HIV. OBJETIVO: Compreender as representações sociais do HIV em adolescentes e jovens. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Estudo qualitativo com entrevistas semiestruturadas em profundidade que foram realizadas no município de São Paulo-SP, no período de outubro de 2019 a fevereiro de 2020, como parte de uma investigação qualitativa inserida no contexto do estudo PrEP 15-19. Foram convidados para participar da pesquisa adolescentes e jovens homens, com idades entre 18 e 20 anos. O desenvolvimento do processo analítico-interpretativo foi realizado a partir de leituras extensivas e minuciosas das transcrições e, desse material emergiram particularidades que guiaram a construção das categorias de análise, permitindo aprofundar compreensão das representações sociais do diagnóstico do HIV, pelos jovens que testaram positivo, compreendendo os fatores psicológicos, sociais e culturais em que estão mergulhados, à luz conceitual da análise do discurso (AD). RESULTADOS: Foram entrevistados cinco jovens, residentes no município de São Paulo, com idades entre 18 e 20 anos. A comunicação diagnóstica afetiva e acolhedora foi associada à redução de sentimentos de abandono e de rejeição e foram analisadas como fator facilitador da vinculação do jovem aos cuidados e à TARV. Os estigmas e discriminações sofridos quando os jovens assumiram sua orientação homossexual foram revividos quando descobriram o resultado positivo para HIV. Esse momento foi acompanhado pelo medo da rejeição e do julgamento por parte de familiares, colegas e professores. Os jovens perceberam o diagnóstico como mais estigmatizante que sua orientação homossexual, por isso a revelação do diagnóstico do HIV para seus conhecidos teve um peso maior que teve para eles, a revelação de sua orientação sexual. A maneira encontrada por eles foi manter segredo sobre o diagnóstico, como autoproteção. A redução da autoestima se apresentou como barreira para busca de emprego e para envolvimentos em novos relacionamentos amorosos. O acesso à informação sobre o HIV, como as formas de prevenção e o acesso à TARV foram vistos como facilitadores para a aceitação do diagnóstico e fortalecimento da autonomia para o cuidado. A relação entre o diagnóstico da infecção e a saúde mental foi referida quando os jovens relataram mudanças em seu comportamento, sintomas depressivos ou ansiosos após o conhecimento do diagnóstico. Os jovens se referiram à importância da psicoterapia para tratar dessa questão e de outros aspectos da vida, pois, para eles, suas vidas não se restringem ao diagnóstico de HIV. O início precoce de relações sexuais, em alguns casos, a partir dos 10 anos revela a fragilidade com o cuidado das crianças e adolescentes por parte da família, da escola e da sociedade em geral. O uso de álcool e outras drogas foi analisado como barreira à prevenção da transmissão do vírus. O cuidado com a qualidade de vida, através da alimentação saudável, exercícios, busca de espiritualidade e relatos de planos para o futuro, indicou a presença de movimentos facilitadores para a aceitação e continuidade da TARV. DISCUSSÃO: A discussão dos resultados está apresentada dividida em três partes. Na primeira parte apresentamos as representações sociais do HIV na experiência diagnóstica dos adolescentes e jovens e traçamos um paralelo com estudos realizados em outras partes do mundo. Na segunda parte apresentamos uma reflexão sobre estigma, segredo e sentimentos presentes no conhecimento do diagnóstico de HIV e as dificuldades e sofrimentos relatados pelos adolescentes e jovens do nosso estudo, como também as aproximações com estudos de outros países. A terceira parte é uma reflexão sobre a vinculação ao cuidado, as barreiras e facilitadores para o início e continuidade do tratamento. CONCLUSÃO: A compreensão das representações sociais do HIV em adolescentes e jovens abrange estigmas ligados à promiscuidade e à morte, que foram incorporados pelo senso comum e estão associados ao início da epidemia, nos anos 1980/1990. A informação e o conhecimento das novas formas de prevenção podem diminuir as barreiras existentes para a aceitação e continuidade do tratamento, quando compreendido como forma de prevenção à transmissão do HIV. A criação de políticas públicas e os investimentos em ações que ampliem as possibilidades e perspectivas para o futuro dos jovens devem considerar o universo escolar, como espaço de diálogo, acolhimento e reflexões podendo agir como facilitador para a vinculação dos adolescentes e jovens vivendo com HIV aos cuidados físicos e mentais e ampliar a responsabilidade deles com a sociedade ao compreender o sucesso do tratamento como prevenção à transmissão do HIV.BACKGROUND: The age group comprising adolescents and young people has shown, in the last decade, a worrying increase in the number of new HIV cases, while in the other age groups this number has been decreased or stabilized and an it was noticed an increase in HIV infection rates in young men, especially among men who have sex with men (MSM). The Theory of Social Representations shows that, even today, the diagnosis of HIV infection is laden with stigma and discrimination associated with promiscuous relationships and homophobia. These social representations compromise the acceptance of the diagnosis and the attachment to the treatment. Diagnostic communication is an important factor in this process of linking young people to antiretroviral therapy (ART) and care. Public policies to combat the HIV epidemic in Brazil are strongly linked to new strategies for preventing HIV transmission, through the Combined Prevention method, with the use of (ART), which seeks immunological success with the viral suppression. This research is justified due to the growth in the number of cases of HIV infection among young people and adolescents, which refers to the importance of deepening knowledge about issues that go beyond clinical interventions of programs aimed at AJVHIV, as subjective and emotional issues go hand in hand with the biomedical advances to combat HIV transmission. AIM: To understand the social representations of HIV in adolescents and young people. METHODOLOGICAL PROCEDURES: Qualitative study with in-depth semi-structured interviews that were carried out in the city of São Paulo-SP, from October 2019 to February 2020, as part of a qualitative investigation inserted in the context of the PrEP 15-19 study. Adolescents and young men aged between 18 and 20 were invited to participate in the research. The development of the analytical-interpretative process was carried out from extensive and meticulous readings of the transcripts and, from this material, particularities emerged that guided the construction of the categories of analysis, allowing for a deeper understanding of the social representations of the HIV diagnosis, by the young people who tested positive, understanding the psychological, social and cultural factors in which they are immersed, in the conceptual light of discourse analysis (DA). RESULTS: Five young people aged between 18 and 20 years old, living in the city of São Paulo, were interviewed. Affective and welcoming diagnostic communication was associated with a reduction in feelings of abandonment and rejection and were analyzed as a facilitating factor for the young person's attachment to care and ART. The stigmas and discrimination suffered when young people came out as homosexual were revived when they discovered the positive result for HIV. This moment was accompanied by fear of rejection and judgment by family members, colleagues and teachers. Young people perceived the diagnosis as more stigmatizing than their homosexual orientation, which is why disclosing the HIV diagnosis to their acquaintances had a greater weight than revealing their sexual orientation did for them. The way they found was to keep the diagnosis a secret, as self-protection. The reduction in self-esteem was presented as a barrier to job search and involvement in new romantic relationships. Access to information about HIV, such as forms of prevention and access to ART were seen as facilitators for accepting the diagnosis and strengthening autonomy for care. The relationship between the diagnosis of the infection and mental health was mentioned when young people reported changes in their behavior, depressive or anxious symptoms after learning about the diagnosis. Young people referred to the importance of psychotherapy to address this issue and other aspects of life, because, for them, their lives are not restricted to the diagnosis of HIV. The early initiation of sexual relations, in some cases from the age of 10, reveals the fragility of the care of children and adolescents by the family, school and society in general. The use of alcohol and other drugs was analyzed as a barrier to preventing transmission of the virus. Care for quality of life, through healthy eating, exercise, search for spirituality and reports of plans for the future, indicated the presence of facilitating movements for the acceptance and continuity of ART. DISCUSSION: The discussion of the results is presented in three parts. In the first part, we present the social representations of HIV in the diagnostic experience of adolescents and young people and draw a parallel with studies carried out in other parts of the world. In the second part, we present a reflection on the stigma, secrecy and feelings present in the knowledge of the HIV diagnosis and the difficulties and suffering reported by the adolescents and young people in our study, as well as the approximations with studies from other countries. The third part is a reflection on the attachment to care, the barriers and facilitators for starting and continuing treatment. CONCLUSION: Understanding the social representations of HIV in adolescents and young people includes stigmas linked to promiscuity and death, which were incorporated by common sense and are associated with the beginning of the epidemic, in the 1980s and 1990s. Information and knowledge of new forms of prevention can reduce existing barriers to acceptance and continuity of treatment, as successful treatment can be understood as preventing HIV transmission. The creation of public policies and investments in actions that expand the possibilities and perspectives for the future of young people must consider the school universe, as a space for dialogue, acceptance and reflection, which can act as a facilitator for the linking of adolescents and young people living with HIV with their physical and mental care and increase their responsibility to society by understanding the success of treatment as prevention of HIV transmission.porUniversidade Católica de SantosMestrado em Saúde ColetivaCatólica de SantosBrasilCentro de Ciências Sociais Aplicadas e SaúdeGUARNIERI, Rosana. Representações sociais do HIV em adolescentes e jovens. 2023. 78 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Católica de Santos, Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Saúde Coletiva, 2023CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVArepresentações sociais; HIV; estigma; cuidado; adolescentes; jovenssocial representations; HIV; stigma; care; adolescents; young peopleRepresentações sociais do HIV em adolescentes e jovensinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNISANTOSinstname:Universidade Católica de Santos (UNISANTOS)instacron:UNISANTOSORIGINALRosana Guarnieri.pdfRosana Guarnieri.pdfDissertação_Mestrado em Saúde Coletivaapplication/pdf1187537https://tede.unisantos.br/bitstream/tede/7963/1/Rosana%20Guarnieri.pdf2c4cf30675636ca605c3d02b13bb4ad4MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://tede.unisantos.br/bitstream/tede/7963/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTRosana Guarnieri.pdf.txtRosana Guarnieri.pdf.txtExtracted texttext/plain155797https://tede.unisantos.br/bitstream/tede/7963/3/Rosana%20Guarnieri.pdf.txtfa6759716a8e28a8351c3872944189aeMD53THUMBNAILRosana Guarnieri.pdf.jpgRosana Guarnieri.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1157https://tede.unisantos.br/bitstream/tede/7963/4/Rosana%20Guarnieri.pdf.jpgc9a17d7e7283d7778595bdd2599b4a47MD54tede/79632023-10-02 12:29:33.457oai:tede.unisantos.br:tede/7963Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://biblioteca.unisantos.br:8181/http://biblioteca.unisantos.br:8181/oai/requestmrita.biblio@unisantos.br||mrita.biblio@unisantos.bropendoar:47132023-10-02T15:29:33Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNISANTOS - Universidade Católica de Santos (UNISANTOS)false
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Estudo qualitativo com entrevistas semiestruturadas em profundidade que foram realizadas no município de São Paulo-SP, no período de outubro de 2019 a fevereiro de 2020, como parte de uma investigação qualitativa inserida no contexto do estudo PrEP 15-19. Foram convidados para participar da pesquisa adolescentes e jovens homens, com idades entre 18 e 20 anos. O desenvolvimento do processo analítico-interpretativo foi realizado a partir de leituras extensivas e minuciosas das transcrições e, desse material emergiram particularidades que guiaram a construção das categorias de análise, permitindo aprofundar compreensão das representações sociais do diagnóstico do HIV, pelos jovens que testaram positivo, compreendendo os fatores psicológicos, sociais e culturais em que estão mergulhados, à luz conceitual da análise do discurso (AD). RESULTADOS: Foram entrevistados cinco jovens, residentes no município de São Paulo, com idades entre 18 e 20 anos. A comunicação diagnóstica afetiva e acolhedora foi associada à redução de sentimentos de abandono e de rejeição e foram analisadas como fator facilitador da vinculação do jovem aos cuidados e à TARV. Os estigmas e discriminações sofridos quando os jovens assumiram sua orientação homossexual foram revividos quando descobriram o resultado positivo para HIV. Esse momento foi acompanhado pelo medo da rejeição e do julgamento por parte de familiares, colegas e professores. Os jovens perceberam o diagnóstico como mais estigmatizante que sua orientação homossexual, por isso a revelação do diagnóstico do HIV para seus conhecidos teve um peso maior que teve para eles, a revelação de sua orientação sexual. A maneira encontrada por eles foi manter segredo sobre o diagnóstico, como autoproteção. A redução da autoestima se apresentou como barreira para busca de emprego e para envolvimentos em novos relacionamentos amorosos. O acesso à informação sobre o HIV, como as formas de prevenção e o acesso à TARV foram vistos como facilitadores para a aceitação do diagnóstico e fortalecimento da autonomia para o cuidado. A relação entre o diagnóstico da infecção e a saúde mental foi referida quando os jovens relataram mudanças em seu comportamento, sintomas depressivos ou ansiosos após o conhecimento do diagnóstico. Os jovens se referiram à importância da psicoterapia para tratar dessa questão e de outros aspectos da vida, pois, para eles, suas vidas não se restringem ao diagnóstico de HIV. O início precoce de relações sexuais, em alguns casos, a partir dos 10 anos revela a fragilidade com o cuidado das crianças e adolescentes por parte da família, da escola e da sociedade em geral. O uso de álcool e outras drogas foi analisado como barreira à prevenção da transmissão do vírus. O cuidado com a qualidade de vida, através da alimentação saudável, exercícios, busca de espiritualidade e relatos de planos para o futuro, indicou a presença de movimentos facilitadores para a aceitação e continuidade da TARV. DISCUSSÃO: A discussão dos resultados está apresentada dividida em três partes. Na primeira parte apresentamos as representações sociais do HIV na experiência diagnóstica dos adolescentes e jovens e traçamos um paralelo com estudos realizados em outras partes do mundo. Na segunda parte apresentamos uma reflexão sobre estigma, segredo e sentimentos presentes no conhecimento do diagnóstico de HIV e as dificuldades e sofrimentos relatados pelos adolescentes e jovens do nosso estudo, como também as aproximações com estudos de outros países. A terceira parte é uma reflexão sobre a vinculação ao cuidado, as barreiras e facilitadores para o início e continuidade do tratamento. CONCLUSÃO: A compreensão das representações sociais do HIV em adolescentes e jovens abrange estigmas ligados à promiscuidade e à morte, que foram incorporados pelo senso comum e estão associados ao início da epidemia, nos anos 1980/1990. A informação e o conhecimento das novas formas de prevenção podem diminuir as barreiras existentes para a aceitação e continuidade do tratamento, quando compreendido como forma de prevenção à transmissão do HIV. A criação de políticas públicas e os investimentos em ações que ampliem as possibilidades e perspectivas para o futuro dos jovens devem considerar o universo escolar, como espaço de diálogo, acolhimento e reflexões podendo agir como facilitador para a vinculação dos adolescentes e jovens vivendo com HIV aos cuidados físicos e mentais e ampliar a responsabilidade deles com a sociedade ao compreender o sucesso do tratamento como prevenção à transmissão do HIV.
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