Anestesia na população negra

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vale,Nilton Bezerra do
Data de Publicação: 2003
Outros Autores: Delfino,José
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Brasileira de Anestesiologia (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942003000300013
Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Percentual significativo dos 12 milhões de negros americanos pode apresentar modificações fisiológicas, fisiopatológicas e farmacológicas capazes de modificar o bom desenvolvimento do ato anestésico; a população brasileira que se considera afro-descendente (40%) pode também apresentá-las por causa da mesma origem étnica e geográfica. O objetivo desta revisão é reavaliar o viés da diferença racial em eventuais mudanças no efeito das drogas anestésicas e adjuvantes no ato anestésico. CONTEÚDO: A análise dos estudos fisiopatológicos inerentes à histórica migração do gene africano em relação aos caucasianos mostra significativas diferenças raciais entre o negro americano ou africano, sugerindo uma estreita interface entre a genética e o ambiente, capaz de modificar o procedimento anestésico. As condições sócio-econômicas desfavoráveis da população negra das Américas como resultado de 400 anos de história de escravidão continuam sempre a influenciar na preservação de diferenças culturais e fisiológicas, além da cor da pele: disfunções de sistemas orgânicos estão relacionados com o SNC, SCV, respiratório e renal. No entanto, modificações de efeito de drogas anestésicas e seus adjuvantes, como diminuição do efeito analgésico local do creme anestésico EMLA, aumento do efeito hipnótico do propofol e da toxicidade do paracetamol, menor efeito anti-hipertensivo das drogas que reduzem renina (IECA, bloqueadores beta2 e de AT1), menor ação dos vasodilatadores beta2 e menor fibrinólise do t-PA podem afetar a conduta pré e pós-anestésica, sobretudo em pacientes negros hipertensos, renais, asmáticos ou com acidente vascular cerebral. CONCLUSÕES: Resposta a drogas pode variar entre diferentes populações devido a fatores biológicos (idade, sexo, doença), genéticos, culturais e ambientais. O fator demográfico raça deve ser valorizado na visita ou consulta pré-anestésica para assegurar a profilaxia de reações idiossincrásicas peri-operatórias e salvaguardar o êxito do ato anestésico-cirúrgico.
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