PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE INDÍGENA ACERCA DO TURISMO PRATICADO NA RESERVA PATAXÓ ALDEIA VELHA, PORTO SEGURO (BA)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vieira, Salete
Data de Publicação: 2011
Outros Autores: Faxina, Fabiana
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Brasileira de Ecoturismo
Texto Completo: https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/6017
Resumo: A atividade turística em terras indígenas não é regulamentada no Brasil, no entanto, é realidade para algumas aldeias. Exemplo disso, a Reserva Pataxó Aldeia Velha, no município de Porto Seguro, Bahia, desenvolve esta atividade desde o ano de 2008. Entendendo que tal prática deva ser de interesse da comunidade indígena, estando envolvida em processos participativos de planejamento e operacionalização da atividade, esta pesquisa analisou a percepção dos indígenas acerca da atividade turística na reserva citada. Procedeu-se com revisão de literatura e pesquisa de campo, a qual perdurou os meses de maio e julho de 2011, sendo entrevistados os principais representantes indígenas envolvidos na atividade turística. Verificou-se que a comunidade participa dos processos decisórios em relação ao desenvolvimento do turismo por meio da Associação de Ecoturismo Pataxó de Aldeia Velha, que é responsável pelo fomento da atividade, elaboração de projetos e formação de parcerias com o trade. Para os indígenas, a presença do turista é positiva, pois contribui com a melhoria da renda familiar, bem como divulga a cultura local. Alegam que as experiências entre indígenas e visitantes contribuem para o aprendizado experiências. Acreditam que esse “turista curioso” é interessado em conhecer o modo de vida local e os costumes tradicionais. Porém, nem sempre é positiva, como nos casos dos turistas que, segundo os indígenas, “vem só pra farra”, que não se comportam durante a visita, que são destruidores, sendo “necessário chamar atenção”. A Aldeia recebe turistas por meio da indicação das agências de viagens, pousadas e grandes hotéis com os quais mantém contato. A agência de viagens Pataxó Turismo possui um roteiro para a visitação nas aldeias indígenas Pataxó, incluindo Aldeia Velha, convidando o turista a embarcar num passeio pela história brasileira e indígena. Para isso, uma parceria com diversas instituições (Instituto Tribos Jovens, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, Prefeitura Municipal de Porto Seguro) forneceu capacitação a alguns representantes indígenas, especialmente para desenvolver o etnoturismo, com base nas atividades culturais, tradicionais e na conservação do meio ambiente. Apesar disto, os indígenas argumentam não receber apoio suficiente, principalmente dos órgãos públicos e das agências de turismo, que deixam de divulgar a Aldeia e não fornecem subsídios para que novos cursos sejam oferecidos, tampouco apoio aos projetos de interesses locais. Existem problemas de ordem político-administrativa entre entes públicos e privados envolvidos com a atividade turística, além da inexistência de legislação específica sobre o assunto e de outros parceiros necessários para o desenvolvimento da atividade. Assim, observou-se que os indígenas têm buscado proporcionar o desenvolvimento da comunidade por meio do turismo, no entanto, as parcerias com o trade, para que ocorra a atividade, devem ser estabelecidas de modo a salientar os interesses da comunidade étnica receptora, por meio de processos decisórios participativos. Neste sentido, entende-se que as atividades turísticas em terras indígenas podem, até mesmo, se configurar como uma modalidade de ecoturismo, porém, necessitam de regulamentação específica, objetivando medidas que minimizem os impactos negativos ao meio natural e cultural local, ampliando os benefícios às estas comunidades. Palavras-chave: indígena; percepção; turismo.
id SBECOTUR-1_dab2bb13282655fe9c489b1ccacd56e8
oai_identifier_str oai:ojs.pkp.sfu.ca:article/6017
network_acronym_str SBECOTUR-1
network_name_str Revista Brasileira de Ecoturismo
repository_id_str
spelling PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE INDÍGENA ACERCA DO TURISMO PRATICADO NA RESERVA PATAXÓ ALDEIA VELHA, PORTO SEGURO (BA)A atividade turística em terras indígenas não é regulamentada no Brasil, no entanto, é realidade para algumas aldeias. Exemplo disso, a Reserva Pataxó Aldeia Velha, no município de Porto Seguro, Bahia, desenvolve esta atividade desde o ano de 2008. Entendendo que tal prática deva ser de interesse da comunidade indígena, estando envolvida em processos participativos de planejamento e operacionalização da atividade, esta pesquisa analisou a percepção dos indígenas acerca da atividade turística na reserva citada. Procedeu-se com revisão de literatura e pesquisa de campo, a qual perdurou os meses de maio e julho de 2011, sendo entrevistados os principais representantes indígenas envolvidos na atividade turística. Verificou-se que a comunidade participa dos processos decisórios em relação ao desenvolvimento do turismo por meio da Associação de Ecoturismo Pataxó de Aldeia Velha, que é responsável pelo fomento da atividade, elaboração de projetos e formação de parcerias com o trade. Para os indígenas, a presença do turista é positiva, pois contribui com a melhoria da renda familiar, bem como divulga a cultura local. Alegam que as experiências entre indígenas e visitantes contribuem para o aprendizado experiências. Acreditam que esse “turista curioso” é interessado em conhecer o modo de vida local e os costumes tradicionais. Porém, nem sempre é positiva, como nos casos dos turistas que, segundo os indígenas, “vem só pra farra”, que não se comportam durante a visita, que são destruidores, sendo “necessário chamar atenção”. A Aldeia recebe turistas por meio da indicação das agências de viagens, pousadas e grandes hotéis com os quais mantém contato. A agência de viagens Pataxó Turismo possui um roteiro para a visitação nas aldeias indígenas Pataxó, incluindo Aldeia Velha, convidando o turista a embarcar num passeio pela história brasileira e indígena. Para isso, uma parceria com diversas instituições (Instituto Tribos Jovens, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, Prefeitura Municipal de Porto Seguro) forneceu capacitação a alguns representantes indígenas, especialmente para desenvolver o etnoturismo, com base nas atividades culturais, tradicionais e na conservação do meio ambiente. Apesar disto, os indígenas argumentam não receber apoio suficiente, principalmente dos órgãos públicos e das agências de turismo, que deixam de divulgar a Aldeia e não fornecem subsídios para que novos cursos sejam oferecidos, tampouco apoio aos projetos de interesses locais. Existem problemas de ordem político-administrativa entre entes públicos e privados envolvidos com a atividade turística, além da inexistência de legislação específica sobre o assunto e de outros parceiros necessários para o desenvolvimento da atividade. Assim, observou-se que os indígenas têm buscado proporcionar o desenvolvimento da comunidade por meio do turismo, no entanto, as parcerias com o trade, para que ocorra a atividade, devem ser estabelecidas de modo a salientar os interesses da comunidade étnica receptora, por meio de processos decisórios participativos. Neste sentido, entende-se que as atividades turísticas em terras indígenas podem, até mesmo, se configurar como uma modalidade de ecoturismo, porém, necessitam de regulamentação específica, objetivando medidas que minimizem os impactos negativos ao meio natural e cultural local, ampliando os benefícios às estas comunidades. Palavras-chave: indígena; percepção; turismo.Universidade Federal de São Paulo2011-10-24info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/601710.34024/rbecotur.2011.v4.6017Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur); v. 4 n. 4 (2011): Anais do 8° CONECOTUR e do 4° EcoUCBrazilian Journal of Ecotourism; Vol. 4 No. 4 (2011): Anais do 8° CONECOTUR e do 4° EcoUCRevista Brasileña de Ecoturismo; Vol. 4 Núm. 4 (2011): Anais do 8° CONECOTUR e do 4° EcoUC1983-9391reponame:Revista Brasileira de Ecoturismoinstname:Sociedade Brasileira de Ecoturismo (SBECotur)instacron:SBECOTURporhttps://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/6017/3878Vieira, SaleteFaxina, Fabianainfo:eu-repo/semantics/openAccess2019-11-29T14:01:17Zoai:ojs.pkp.sfu.ca:article/6017Revistahttps://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/indexPUBhttp://www.sbecotur.org.br/rbecotur/seer/index.php/ecoturismo/oai||zneiman@gmail.com1983-93911983-9391opendoar:2019-11-29T14:01:17Revista Brasileira de Ecoturismo - Sociedade Brasileira de Ecoturismo (SBECotur)false
dc.title.none.fl_str_mv PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE INDÍGENA ACERCA DO TURISMO PRATICADO NA RESERVA PATAXÓ ALDEIA VELHA, PORTO SEGURO (BA)
title PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE INDÍGENA ACERCA DO TURISMO PRATICADO NA RESERVA PATAXÓ ALDEIA VELHA, PORTO SEGURO (BA)
spellingShingle PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE INDÍGENA ACERCA DO TURISMO PRATICADO NA RESERVA PATAXÓ ALDEIA VELHA, PORTO SEGURO (BA)
Vieira, Salete
title_short PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE INDÍGENA ACERCA DO TURISMO PRATICADO NA RESERVA PATAXÓ ALDEIA VELHA, PORTO SEGURO (BA)
title_full PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE INDÍGENA ACERCA DO TURISMO PRATICADO NA RESERVA PATAXÓ ALDEIA VELHA, PORTO SEGURO (BA)
title_fullStr PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE INDÍGENA ACERCA DO TURISMO PRATICADO NA RESERVA PATAXÓ ALDEIA VELHA, PORTO SEGURO (BA)
title_full_unstemmed PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE INDÍGENA ACERCA DO TURISMO PRATICADO NA RESERVA PATAXÓ ALDEIA VELHA, PORTO SEGURO (BA)
title_sort PERCEPÇÃO DA COMUNIDADE INDÍGENA ACERCA DO TURISMO PRATICADO NA RESERVA PATAXÓ ALDEIA VELHA, PORTO SEGURO (BA)
author Vieira, Salete
author_facet Vieira, Salete
Faxina, Fabiana
author_role author
author2 Faxina, Fabiana
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Vieira, Salete
Faxina, Fabiana
description A atividade turística em terras indígenas não é regulamentada no Brasil, no entanto, é realidade para algumas aldeias. Exemplo disso, a Reserva Pataxó Aldeia Velha, no município de Porto Seguro, Bahia, desenvolve esta atividade desde o ano de 2008. Entendendo que tal prática deva ser de interesse da comunidade indígena, estando envolvida em processos participativos de planejamento e operacionalização da atividade, esta pesquisa analisou a percepção dos indígenas acerca da atividade turística na reserva citada. Procedeu-se com revisão de literatura e pesquisa de campo, a qual perdurou os meses de maio e julho de 2011, sendo entrevistados os principais representantes indígenas envolvidos na atividade turística. Verificou-se que a comunidade participa dos processos decisórios em relação ao desenvolvimento do turismo por meio da Associação de Ecoturismo Pataxó de Aldeia Velha, que é responsável pelo fomento da atividade, elaboração de projetos e formação de parcerias com o trade. Para os indígenas, a presença do turista é positiva, pois contribui com a melhoria da renda familiar, bem como divulga a cultura local. Alegam que as experiências entre indígenas e visitantes contribuem para o aprendizado experiências. Acreditam que esse “turista curioso” é interessado em conhecer o modo de vida local e os costumes tradicionais. Porém, nem sempre é positiva, como nos casos dos turistas que, segundo os indígenas, “vem só pra farra”, que não se comportam durante a visita, que são destruidores, sendo “necessário chamar atenção”. A Aldeia recebe turistas por meio da indicação das agências de viagens, pousadas e grandes hotéis com os quais mantém contato. A agência de viagens Pataxó Turismo possui um roteiro para a visitação nas aldeias indígenas Pataxó, incluindo Aldeia Velha, convidando o turista a embarcar num passeio pela história brasileira e indígena. Para isso, uma parceria com diversas instituições (Instituto Tribos Jovens, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, Prefeitura Municipal de Porto Seguro) forneceu capacitação a alguns representantes indígenas, especialmente para desenvolver o etnoturismo, com base nas atividades culturais, tradicionais e na conservação do meio ambiente. Apesar disto, os indígenas argumentam não receber apoio suficiente, principalmente dos órgãos públicos e das agências de turismo, que deixam de divulgar a Aldeia e não fornecem subsídios para que novos cursos sejam oferecidos, tampouco apoio aos projetos de interesses locais. Existem problemas de ordem político-administrativa entre entes públicos e privados envolvidos com a atividade turística, além da inexistência de legislação específica sobre o assunto e de outros parceiros necessários para o desenvolvimento da atividade. Assim, observou-se que os indígenas têm buscado proporcionar o desenvolvimento da comunidade por meio do turismo, no entanto, as parcerias com o trade, para que ocorra a atividade, devem ser estabelecidas de modo a salientar os interesses da comunidade étnica receptora, por meio de processos decisórios participativos. Neste sentido, entende-se que as atividades turísticas em terras indígenas podem, até mesmo, se configurar como uma modalidade de ecoturismo, porém, necessitam de regulamentação específica, objetivando medidas que minimizem os impactos negativos ao meio natural e cultural local, ampliando os benefícios às estas comunidades. Palavras-chave: indígena; percepção; turismo.
publishDate 2011
dc.date.none.fl_str_mv 2011-10-24
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/6017
10.34024/rbecotur.2011.v4.6017
url https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/6017
identifier_str_mv 10.34024/rbecotur.2011.v4.6017
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/6017/3878
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de São Paulo
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de São Paulo
dc.source.none.fl_str_mv Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur); v. 4 n. 4 (2011): Anais do 8° CONECOTUR e do 4° EcoUC
Brazilian Journal of Ecotourism; Vol. 4 No. 4 (2011): Anais do 8° CONECOTUR e do 4° EcoUC
Revista Brasileña de Ecoturismo; Vol. 4 Núm. 4 (2011): Anais do 8° CONECOTUR e do 4° EcoUC
1983-9391
reponame:Revista Brasileira de Ecoturismo
instname:Sociedade Brasileira de Ecoturismo (SBECotur)
instacron:SBECOTUR
instname_str Sociedade Brasileira de Ecoturismo (SBECotur)
instacron_str SBECOTUR
institution SBECOTUR
reponame_str Revista Brasileira de Ecoturismo
collection Revista Brasileira de Ecoturismo
repository.name.fl_str_mv Revista Brasileira de Ecoturismo - Sociedade Brasileira de Ecoturismo (SBECotur)
repository.mail.fl_str_mv ||zneiman@gmail.com
_version_ 1799138609265115136