“Amizade” no Lísis

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, José Trindade
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)
Texto Completo: https://revista.classica.org.br/classica/article/view/145
Resumo: O objetivo deste trabalho é interpretar a noção de philía (“amizade”), no Lísis, apontando a sua filiação nas noções de oikeîos (“afinidade”) e syngéneia (“congenitura”, “conaturalidade”: Men. 81b, passim). O diálogo é dominado pela incapacidade de caraterizar a relação da “afinidade” com a “semelhança” (hómoion: 222a-e). Se o primeiro amigo é o bom (220a), aquele que o deseja não pode ser semelhante, nem contrário a ele: se fosse semelhante, não teria motivo para o desejar; se fosse contrário, teria de o repelir. Debaixo da aporia, escondem-se os problemas da relação entre o bem e o mal e da contrariedade. O primeiro é resolvido no Timeu através do desdobramento da criação do cosmo vivo: enquanto a alma imortal é criada pelo demiurgo, as almas irrracionais e os corpos dos mortais são construídas pelos deuses criados (41a-d). O segundo é resolvido no Sofista pela reformulação do sentido da negativa, que passa a poder ser lida como alteridade, além de como contrariedade. Esta solução é antecipada materialmente no Lísis pela interposição de “o que não é bom nem mau” (218b-c) entre o bom e o mau, associada em diversos diálogos à concepção do mal como “ignorância” do bem (Ti. 86d-e; ver Sph. 228c; Ti. 86b-90d; ver R. 353e).
id SBEC_be3cd1991e447c50b13ab4f06d72e9e5
oai_identifier_str oai:ojs.emnuvens.com.br:article/145
network_acronym_str SBEC
network_name_str Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)
repository_id_str
spelling “Amizade” no LísisPlatãoDiálogosphilíaoikeîossyngéneia.O objetivo deste trabalho é interpretar a noção de philía (“amizade”), no Lísis, apontando a sua filiação nas noções de oikeîos (“afinidade”) e syngéneia (“congenitura”, “conaturalidade”: Men. 81b, passim). O diálogo é dominado pela incapacidade de caraterizar a relação da “afinidade” com a “semelhança” (hómoion: 222a-e). Se o primeiro amigo é o bom (220a), aquele que o deseja não pode ser semelhante, nem contrário a ele: se fosse semelhante, não teria motivo para o desejar; se fosse contrário, teria de o repelir. Debaixo da aporia, escondem-se os problemas da relação entre o bem e o mal e da contrariedade. O primeiro é resolvido no Timeu através do desdobramento da criação do cosmo vivo: enquanto a alma imortal é criada pelo demiurgo, as almas irrracionais e os corpos dos mortais são construídas pelos deuses criados (41a-d). O segundo é resolvido no Sofista pela reformulação do sentido da negativa, que passa a poder ser lida como alteridade, além de como contrariedade. Esta solução é antecipada materialmente no Lísis pela interposição de “o que não é bom nem mau” (218b-c) entre o bom e o mau, associada em diversos diálogos à concepção do mal como “ignorância” do bem (Ti. 86d-e; ver Sph. 228c; Ti. 86b-90d; ver R. 353e).Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)2007-12-02info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://revista.classica.org.br/classica/article/view/14510.24277/classica.v20i2.145Classica; Vol. 20 No. 2 (2007); 202-211Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos; v. 20 n. 2 (2007); 202-2112176-64360103-431610.24277/classica.v20i2reponame:Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)instname:Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)instacron:SBECporhttps://revista.classica.org.br/classica/article/view/145/135Copyright (c) 2013 José Trindade Santosinfo:eu-repo/semantics/openAccessSantos, José Trindade2018-02-09T23:24:10Zoai:ojs.emnuvens.com.br:article/145Revistahttps://revista.classica.org.br/classicaPUBhttps://revista.classica.org.br/classica/oaieditor@classica.org.br||revistaclassica@classica.org.br2176-64360103-4316opendoar:2018-02-09T23:24:10Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online) - Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)false
dc.title.none.fl_str_mv “Amizade” no Lísis
title “Amizade” no Lísis
spellingShingle “Amizade” no Lísis
Santos, José Trindade
Platão
Diálogos
philía
oikeîos
syngéneia.
title_short “Amizade” no Lísis
title_full “Amizade” no Lísis
title_fullStr “Amizade” no Lísis
title_full_unstemmed “Amizade” no Lísis
title_sort “Amizade” no Lísis
author Santos, José Trindade
author_facet Santos, José Trindade
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Santos, José Trindade
dc.subject.por.fl_str_mv Platão
Diálogos
philía
oikeîos
syngéneia.
topic Platão
Diálogos
philía
oikeîos
syngéneia.
description O objetivo deste trabalho é interpretar a noção de philía (“amizade”), no Lísis, apontando a sua filiação nas noções de oikeîos (“afinidade”) e syngéneia (“congenitura”, “conaturalidade”: Men. 81b, passim). O diálogo é dominado pela incapacidade de caraterizar a relação da “afinidade” com a “semelhança” (hómoion: 222a-e). Se o primeiro amigo é o bom (220a), aquele que o deseja não pode ser semelhante, nem contrário a ele: se fosse semelhante, não teria motivo para o desejar; se fosse contrário, teria de o repelir. Debaixo da aporia, escondem-se os problemas da relação entre o bem e o mal e da contrariedade. O primeiro é resolvido no Timeu através do desdobramento da criação do cosmo vivo: enquanto a alma imortal é criada pelo demiurgo, as almas irrracionais e os corpos dos mortais são construídas pelos deuses criados (41a-d). O segundo é resolvido no Sofista pela reformulação do sentido da negativa, que passa a poder ser lida como alteridade, além de como contrariedade. Esta solução é antecipada materialmente no Lísis pela interposição de “o que não é bom nem mau” (218b-c) entre o bom e o mau, associada em diversos diálogos à concepção do mal como “ignorância” do bem (Ti. 86d-e; ver Sph. 228c; Ti. 86b-90d; ver R. 353e).
publishDate 2007
dc.date.none.fl_str_mv 2007-12-02
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://revista.classica.org.br/classica/article/view/145
10.24277/classica.v20i2.145
url https://revista.classica.org.br/classica/article/view/145
identifier_str_mv 10.24277/classica.v20i2.145
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://revista.classica.org.br/classica/article/view/145/135
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2013 José Trindade Santos
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2013 José Trindade Santos
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
publisher.none.fl_str_mv Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
dc.source.none.fl_str_mv Classica; Vol. 20 No. 2 (2007); 202-211
Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos; v. 20 n. 2 (2007); 202-211
2176-6436
0103-4316
10.24277/classica.v20i2
reponame:Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)
instname:Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
instacron:SBEC
instname_str Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
instacron_str SBEC
institution SBEC
reponame_str Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)
collection Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online)
repository.name.fl_str_mv Classica (Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos. Online) - Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
repository.mail.fl_str_mv editor@classica.org.br||revistaclassica@classica.org.br
_version_ 1797239836745138176