Mirei e vi, o claro claramente: uma travessia epifânica pelo olhar, na obra de Guimarães Rosa

• Autor(a) principal: Mantovani, Juliana Estanislau de Ataide
• Data de Publicação: 2012
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UCB
• Texto Completo: https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/123456789/8497
• topic: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS; Guimarães Rosa; Construção narrativa; Epifania; Aprendizado

A recorrência enfática do uso de termos semanticamente relacionados ao olhar, aos olhos ou ao ato de ver apresenta-se de forma bastante significativa na obra de João Guimarães Rosa, o que sugere haver uma significação própria e relevante para o processo produtivo desse autor. Esse trabalho visa analisar a relevância do uso desse signo tanto sob uma perspectiva de seus significados quanto da estruturação de suas obras. A hipótese central aqui defendida baseia-se na acepção de que o ato de ver represente uma forma pela qual os personagens de Rosa descobrem o mundo e a si mesmos, levando-os a uma longa travessia epifânica de encontros e desencontros com o mundo. O sentido da visão é posto em um status de descoberta, revelação, epifania, esclarecimento; a visão será reconhecida como um modo de saber, de encontrar, e, a partir do conhecimento, levar o homem ao estatuto de ―ficar sendo‖. Assim, seus personagens serão guiados a ver de um modo renovado, o que os fará deparar-se com alegrias e angústias, felicidade e tristezas, porque saber é também doloroso. Seguindo uma perspectiva de análise que interpreta o texto como capaz de revelar a consciência artística por meio de uma formatividade literária, tendo em vista que as significações partem do texto e que sua estruturação pode igualmente esclarecer a leitura, visa-se compreender, na interpretação dos contos ―O espelho‖ e ―Substância‖, de Primeiras estórias, ―Campo Geral‖, de Corpo de Baile, e do romance Grande sertão: veredas, uma travessia epifânica constituída a partir do ato de ver, em que a trajetória de aprendizagem de seus personagens é um elemento essencial da assimilação desse novo modo de ver não limitante, compatível com o novo homem forjado por Guimarães Rosa. Essas obras de Rosa são vistas, portanto, como uma forma de ensinamento de uma nova maneira de ver, cujas visões representadas são reveladoras e indispensáveis para a construção do ser tão humano visado pelo autor.