Inventário da avifauna do horto botânico da Universidade Católica de Brasília - UCB no Distrito Federal

• Autor(a) principal: Ferreira, Paula Maria Santos
• Data de Publicação: 2019
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UCB
• Texto Completo: https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/123456789/12869
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS; Aves; Pássaros; Antropização; Avifauna

A observação de aves pode ser desenvolvida com vários objetivos, dentre os quais destacam-se os inventários, fundamentais para a compreensão da diversidade de pássaros em uma determinada área e para a compreensão de suas interações ecológicas. O Campus I da Universidade Católica de Brasília – UCB abriga um adensamento vegetacional desta natureza, o Horto Botânico. Esse espaço de pesquisa e aprendizagem, voltado à guarda e manutenção de espécimes botânicos, notadamente também serve de refúgio para aves e insetos. Assim, o presente estudo visou inventariar, de forma exploratória, a avifauna presente no Horto Botânico. O levantamento das espécies foi realizado pelo método de pontos fixos. Foram cinco pontos de amostragem, com observação matinal diária e alternada, ao longo de 14 dias, totalizando cerca de 32 horas de observação. Os dias secos e chuvosos foram contabilizados. As aves foram fotografadas e identificadas a partir de manuais e guias de ornitologia. Foram, ainda, calculados o Índice Pontual de Abundância (IPA), a Frequência de Ocorrência (F.O). A diversidade de espécies de aves foi estimada através do Índice de Shannon-Wiener e o equilíbrio da distribuição das espécies pela equabilidade. Foram observados 565 indivíduos, agrupados em 10 ordens, 24 famílias e pertencentes a 44 espécies. A Ordem Passeriforme foi a mais diversa, com 24 espécies. A dominância de Passeriforme é comum, pois abrange a maioria das famílias de espécies de aves, também possuindo uma grande variação de tolerância ecológica e adaptação trófica. A partir do Índice Pontual de Abundância e da Frequência de Ocorrência, Furnarius rufus (João-de-Barro) foi a espécie com maior quantidade de registros, juntamente com Pitangus sulphuratus (Bem-te-vi), Eupetomena macroura (Beija-flor-tesoura), e Sicalis flaveola (Canário-da-terra), espécies cientificamente reconhecidas por serem muito bem adaptadas a viverem em ambientes urbanizados, assim, sendo consideradas aves sinantrópicas, com presença, inclusive, em ambientes antropizados. Foram, ainda, observadas aves migratórias, como Pyrocephalus rubinus (Príncipe) e Tyrannus melancholicus (Suiriri), que percorrem o Brasil, indo do Sul para o Norte, durante o inverno e retornando ao sul durante a primavera. Aves predadoras como Rupornis magnirostris (Gavião-carijó) e Asio clamator (Coruja-orelhuda), também foram registradas e são de grande importância no equilíbrio da fauna, como reguladoras de seleção. Por fim, destaca-se a presença de aves consideradas bioindicadoras, como Theristicus caudatus (Curicaca), que tende a expandir sua ocorrência em ambientes florestais antropizados. Destaca-se que os pontos de maior ocorrência de aves foram àqueles com maior números de árvores e arbustos de grande porte e com flores em ântese (visitadas por insetos). Assim, a oferta de abrigo e alimento mostram-se fatores determinantes na distribuição das aves no Horto Botânico. Além disso, não foi observada diferença significativa na distribuição e diversidade de aves entre os dias chuvosos e secos. Portanto, nota-se a relevância e a importância de estudos que, como esse, abordem pequenas escalas, especialmente em áreas urbanas, sendo esses, como visto, capazes de revelar, não apenas a riqueza da avifauna presente, mas, também, particularidades de sua ocorrência e ecologia.