Tradução: abertura ontológica do apátrida – uma aproximação em Vilém Flusser

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ribeiro, Victor Abreu
Data de Publicação: 2011
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UCB
Texto Completo: https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/10869/1398
Resumo: Os processos na traduzibilidade têm ocupado muitos filósofos da linguagem. Vilém Flusser também se acercou da questão, quase chegando a elaborar uma teoria da tradução. Maravilhado diante da filosofia de Heidegger, que centralizou a ontologia dentro da linguagem, Flusser se concentra na íntima ligação entre o que se compreende como ‘língua’ e ‘realidade’, ao ponto de afirmar que a língua condiciona a própria realidade. Constrói sua filosofia a partir desta ideação cuja ligação com a tradução se torna fundamental. A tradução assume uma responsabilidade de ligar diversas compreensões de realidade mediante a inquestionável multiplicidade de línguas. O processo da tradução, além de sua habitual conexão com a linguística, é inserido dentro de uma atmosfera existencial: o tradutor se envolve ontologicamente quando traduz. Há uma dissolver existencial intrínseco ao processo de salto de uma língua para outra que, muitas vezes, não foi levado em conta pelos amantes do tema. Há, na tradução, um salto sobre o abismo linguístico. Esta sensação ontológica de salto presente na tradução é perfeitamente experienciada pelo migrante que se expatria. O abandono do solo materno, a sensação de vazio existencial e a acolhida de uma nova terra é uma experiência metaforicamente cabível à tradução. O apátrida, por excelência, possui dentro de si mesmo a necessária abertura ontológica capaz de usufruir do processo de tradução em plenitude, o que gera, além de uma espécie de relativização da própria epistemologia, uma tolerância linguístico-cultural cujos ganhos são consideráveis e dignos de análise filosófica.
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O apátrida, por excelência, possui dentro de si mesmo a necessária abertura ontológica capaz de usufruir do processo de tradução em plenitude, o que gera, além de uma espécie de relativização da própria epistemologia, uma tolerância linguístico-cultural cujos ganhos são consideráveis e dignos de análise filosófica.Processes in translatability have occupied many philosophers of language. Flusser also approached the issue, almost reaching the development of a theory of translation. Marveled at Heidegger’s philosophy, which centralized the ontology inside the language, Flusser focuses on the intimate connection between what is understood as 'language' and 'reality', far enough to say that language determines the reality itself. He builds his philosophy from this idea whose connection with the translation becomes crucial. The translation takes the responsibility to link different understandings of reality through the unquestionable multiplicity of languages. The process of translation, in addition to his usual connection with linguistics, is inserted into an existential atmosphere: the translator when translating involves himself ontologically. There is an existential dissolving inherent in the process of jumping from one language to another that often was not taken into account by lovers of the theme. There is, in translation, a leap over the linguistic abyss. This sense of ontological leap in the translation is perfectly experienced by the migrant that expatriates himself. The abandonment of the mother land, the sense of existential emptiness and acceptance of a new land is an experience metaphorically appropriate to the translation. The stateless person, par excellence, has within himself the necessary ontological openness being able to enjoy the full process of translation, which generates, besides a kind of relativization of the epistemology, a linguisticcultural tolerance whose gains are significant and worthy of a philosophical analysis.Submitted by Elizabeth Vilarino (elizabethc@ucb.br) on 2012-12-18T12:03:32Z No. of bitstreams: 2 license_rdf: 22974 bytes, checksum: 99c771d9f0b9c46790009b9874d49253 (MD5) Tradução_+Abertura+ontológica+Uma+aproximação+em+Vilém+Flusser[1].pdf: 1022467 bytes, checksum: 71c6368734db6e82f5e9d1f0aaf330c7 (MD5)Approved for entry into archive by Diego Paiva(dpaiva@ucb.br) on 2013-08-21T10:48:18Z (GMT) No. of bitstreams: 2 license_rdf: 22974 bytes, checksum: 99c771d9f0b9c46790009b9874d49253 (MD5) Tradução_+Abertura+ontológica+Uma+aproximação+em+Vilém+Flusser[1].pdf: 1022467 bytes, checksum: 71c6368734db6e82f5e9d1f0aaf330c7 (MD5)Made available in DSpace on 2013-08-21T10:53:21Z (GMT). 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Processes in translatability have occupied many philosophers of language. Flusser also approached the issue, almost reaching the development of a theory of translation. Marveled at Heidegger’s philosophy, which centralized the ontology inside the language, Flusser focuses on the intimate connection between what is understood as 'language' and 'reality', far enough to say that language determines the reality itself. He builds his philosophy from this idea whose connection with the translation becomes crucial. The translation takes the responsibility to link different understandings of reality through the unquestionable multiplicity of languages. The process of translation, in addition to his usual connection with linguistics, is inserted into an existential atmosphere: the translator when translating involves himself ontologically. There is an existential dissolving inherent in the process of jumping from one language to another that often was not taken into account by lovers of the theme. There is, in translation, a leap over the linguistic abyss. This sense of ontological leap in the translation is perfectly experienced by the migrant that expatriates himself. The abandonment of the mother land, the sense of existential emptiness and acceptance of a new land is an experience metaphorically appropriate to the translation. The stateless person, par excellence, has within himself the necessary ontological openness being able to enjoy the full process of translation, which generates, besides a kind of relativization of the epistemology, a linguisticcultural tolerance whose gains are significant and worthy of a philosophical analysis.
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