Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2018 |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UCB |
Texto Completo: | https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/123456789/11270 |
Resumo: | O abuso sexual contra crianças e adolescentes e suas consequências tem tomado maior visibilidade nos últimos tempos. Apesar de toda repercussão ainda há uma barreira que precisa ser rompida: o silêncio da vítima. Compreende-se silêncio como a não elaboração da vivência abusiva, ou seja, a não verbalização do ocorrido e a impossibilidade de pensá-lo. Isso ocorre porque o ato abusivo comporta um tipo de proibição, implícita ou explícita, de comentá-lo. O abuso sexual refere-se à dominação do maior em relação ao menor, do que possui mais recursos em relação ao mais frágil, obrigando este último a satisfazer suas vontades sexuais. O abuso pode ser intrafamiliar ou extrafamiliar.Contudo, o presente estudo delimitou-se a investigação do abuso sexual intrafamiliar. Trata-se de uma relação incestuosa, cuja classificação também abrange pessoas que não possuem consanguinidade com a vítima, mas desempenham um papel parental. A referida dinâmica dificulta a revelação por envolver pessoas próximas à criança, às quais a mesma pode direcionar confiança e afeto. Para que o abuso intrafamiliar perdure é necessária a coparticipação de outros membros da família, ainda que essa cumplicidade não seja totalmente consciente. Dessa forma, a revelação pode significar a dissociação da criança daquele grupo familiar. Todavia, quando a vítima não tem a oportunidade de falar sobre o que aconteceu, fica fadada a adaptar-se e achar um meio de sobreviver ao abuso, sem a possibilidade de enfrentamento e de redução dos danos. Sendo assim, este estudo objetivou discutir aspectos sociais e individuais e os impactos do silenciamento do abuso sexual intrafamiliar com crianças, partindo da análise do filme Jogo Perigoso (Gerald’s Game), adaptação da obra literária de Stephen King. O filme foi explorado segundo a análise de conteúdo de Bardin, a qual gerou quatro categorias. Na categoria algemas foram abordadas as questões psicossociais e os fatores mantenedores da dinâmica abusiva. A categoria silêncio agrupa conteúdos relacionados à dificuldade de reconhecer o abuso sexual como tal e questões que impedem a vítima de entrar em contato com a vivência abusiva de forma que a verbalização e até mesmo o pensar no ocorrido não se torna possível. A categoria escuridão refere-se a aspectos do abuso em si, à infância escurecida pelo ato abusivo. A sobrevivência trata-se do enfrentamento da vivência abusiva, do acesso à dor e à capacidade de ressignificação e resiliência. Compreende-se que a dinâmica do abuso é sustentada por múltiplos fatores que vão do âmbito social ao individual. Apesar disso, à medida que as vítimas de abuso sexual entram em contato com a situação abusiva vivenciada, apesar de acessar a dor que a lembrança pode trazer, há a oportunidade de elaboração dos fatos, de ressignificar o ocorrido e de resiliência, o que colabora para uma melhor qualidade de vida e uma atenuação aos danos causados pelo abuso. Além de atuar de modo preventivo a novas situações abusivas e contribuir para a interrupção de um padrão nocivo de relacionamento. |
id |
UCB-2_c9859c2fadf7924259136bb814650c13 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:200.214.135.189:123456789/11270 |
network_acronym_str |
UCB-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da UCB |
spelling |
Quadrelli, Isabela ParenteAlbuquerque, Suzielen Gonçalves2018-08-14T11:40:31Z2018-08-132018-08-14T11:40:31Z2018-06-28ALBUQUERQUE, Suzielen Gonçalves. Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio. 2018. 34 f. Monografia (Graduação em Psicologia) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2018.https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/123456789/11270Submitted by Micaella Souza (micaella.souza@ucb.br) on 2018-08-13T20:30:50Z No. of bitstreams: 1 SuzielenGonçalvesAlbuquerqueTCCGraduação2018.pdf: 422100 bytes, checksum: 24d887d6911ab48b425c49f8bfc5f809 (MD5)Approved for entry into archive by Sara Ribeiro (sara.ribeiro@ucb.br) on 2018-08-14T11:40:31Z (GMT) No. of bitstreams: 1 SuzielenGonçalvesAlbuquerqueTCCGraduação2018.pdf: 422100 bytes, checksum: 24d887d6911ab48b425c49f8bfc5f809 (MD5)Made available in DSpace on 2018-08-14T11:40:31Z (GMT). No. of bitstreams: 1 SuzielenGonçalvesAlbuquerqueTCCGraduação2018.pdf: 422100 bytes, checksum: 24d887d6911ab48b425c49f8bfc5f809 (MD5) Previous issue date: 2018-06-28O abuso sexual contra crianças e adolescentes e suas consequências tem tomado maior visibilidade nos últimos tempos. Apesar de toda repercussão ainda há uma barreira que precisa ser rompida: o silêncio da vítima. Compreende-se silêncio como a não elaboração da vivência abusiva, ou seja, a não verbalização do ocorrido e a impossibilidade de pensá-lo. Isso ocorre porque o ato abusivo comporta um tipo de proibição, implícita ou explícita, de comentá-lo. O abuso sexual refere-se à dominação do maior em relação ao menor, do que possui mais recursos em relação ao mais frágil, obrigando este último a satisfazer suas vontades sexuais. O abuso pode ser intrafamiliar ou extrafamiliar.Contudo, o presente estudo delimitou-se a investigação do abuso sexual intrafamiliar. Trata-se de uma relação incestuosa, cuja classificação também abrange pessoas que não possuem consanguinidade com a vítima, mas desempenham um papel parental. A referida dinâmica dificulta a revelação por envolver pessoas próximas à criança, às quais a mesma pode direcionar confiança e afeto. Para que o abuso intrafamiliar perdure é necessária a coparticipação de outros membros da família, ainda que essa cumplicidade não seja totalmente consciente. Dessa forma, a revelação pode significar a dissociação da criança daquele grupo familiar. Todavia, quando a vítima não tem a oportunidade de falar sobre o que aconteceu, fica fadada a adaptar-se e achar um meio de sobreviver ao abuso, sem a possibilidade de enfrentamento e de redução dos danos. Sendo assim, este estudo objetivou discutir aspectos sociais e individuais e os impactos do silenciamento do abuso sexual intrafamiliar com crianças, partindo da análise do filme Jogo Perigoso (Gerald’s Game), adaptação da obra literária de Stephen King. O filme foi explorado segundo a análise de conteúdo de Bardin, a qual gerou quatro categorias. Na categoria algemas foram abordadas as questões psicossociais e os fatores mantenedores da dinâmica abusiva. A categoria silêncio agrupa conteúdos relacionados à dificuldade de reconhecer o abuso sexual como tal e questões que impedem a vítima de entrar em contato com a vivência abusiva de forma que a verbalização e até mesmo o pensar no ocorrido não se torna possível. A categoria escuridão refere-se a aspectos do abuso em si, à infância escurecida pelo ato abusivo. A sobrevivência trata-se do enfrentamento da vivência abusiva, do acesso à dor e à capacidade de ressignificação e resiliência. Compreende-se que a dinâmica do abuso é sustentada por múltiplos fatores que vão do âmbito social ao individual. Apesar disso, à medida que as vítimas de abuso sexual entram em contato com a situação abusiva vivenciada, apesar de acessar a dor que a lembrança pode trazer, há a oportunidade de elaboração dos fatos, de ressignificar o ocorrido e de resiliência, o que colabora para uma melhor qualidade de vida e uma atenuação aos danos causados pelo abuso. Além de atuar de modo preventivo a novas situações abusivas e contribuir para a interrupção de um padrão nocivo de relacionamento.porUniversidade Católica de BrasíliaPsicologia (Graduação)UCBBrasilEscola de Saúde e MedicinaCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIAAbuso sexualSilêncioIncestoJogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncioinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UCBinstname:Universidade Católica de Brasília (UCB)instacron:UCBTEXTSuzielenGonçalvesAlbuquerqueTCCGraduação2018.pdf.txtSuzielenGonçalvesAlbuquerqueTCCGraduação2018.pdf.txtExtracted texttext/plain81406https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/11270/3/SuzielenGon%c3%a7alvesAlbuquerqueTCCGradua%c3%a7%c3%a3o2018.pdf.txt65468824e43f1531a30688e0f9d9d7c0MD53ORIGINALSuzielenGonçalvesAlbuquerqueTCCGraduação2018.pdfSuzielenGonçalvesAlbuquerqueTCCGraduação2018.pdfMonografiaapplication/pdf422100https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/11270/1/SuzielenGon%c3%a7alvesAlbuquerqueTCCGradua%c3%a7%c3%a3o2018.pdf24d887d6911ab48b425c49f8bfc5f809MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81866https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/11270/2/license.txt43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9bMD52123456789/112702020-06-09 03:20:12.85TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCB2b2PDqiAobyBhdXRvciAoZXMpIG91IG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIG8gZGlyZWl0byBuw6NvLWV4Y2x1c2l2byBkZSByZXByb2R1emlyLCAgdHJhZHV6aXIgKGNvbmZvcm1lIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIApzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIApmb3JtYXRvcyDDoXVkaW8gb3UgdsOtZGVvLgoKVm9jw6ogY29uY29yZGEgcXVlIG8gRGVwb3NpdGEgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byAKcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIERlcG9zaXRhIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrLXVwIAplIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EuIApWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgCmRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgCm9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBEZXBvc2l0YSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIG5vIHRleHRvIApvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBURU5IQSBTSURPIFJFU1VMVEFETyBERSBVTSBQQVRST0PDjU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfDik5DSUEgREUgRk9NRU5UTyBPVSBPVVRSTyAKT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgCkVYSUdJREFTIFBPUiBDT05UUkFUTyBPVSBBQ09SRE8uCgpPIERlcG9zaXRhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIAphdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de Publicaçõeshttps://repositorio.ucb.br:9443/jspui/ |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio |
title |
Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio |
spellingShingle |
Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio Albuquerque, Suzielen Gonçalves CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA Abuso sexual Silêncio Incesto |
title_short |
Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio |
title_full |
Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio |
title_fullStr |
Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio |
title_full_unstemmed |
Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio |
title_sort |
Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio |
author |
Albuquerque, Suzielen Gonçalves |
author_facet |
Albuquerque, Suzielen Gonçalves |
author_role |
author |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Quadrelli, Isabela Parente |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Albuquerque, Suzielen Gonçalves |
contributor_str_mv |
Quadrelli, Isabela Parente |
dc.subject.cnpq.fl_str_mv |
CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA |
topic |
CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA Abuso sexual Silêncio Incesto |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Abuso sexual Silêncio Incesto |
dc.description.abstract.por.fl_txt_mv |
O abuso sexual contra crianças e adolescentes e suas consequências tem tomado maior visibilidade nos últimos tempos. Apesar de toda repercussão ainda há uma barreira que precisa ser rompida: o silêncio da vítima. Compreende-se silêncio como a não elaboração da vivência abusiva, ou seja, a não verbalização do ocorrido e a impossibilidade de pensá-lo. Isso ocorre porque o ato abusivo comporta um tipo de proibição, implícita ou explícita, de comentá-lo. O abuso sexual refere-se à dominação do maior em relação ao menor, do que possui mais recursos em relação ao mais frágil, obrigando este último a satisfazer suas vontades sexuais. O abuso pode ser intrafamiliar ou extrafamiliar.Contudo, o presente estudo delimitou-se a investigação do abuso sexual intrafamiliar. Trata-se de uma relação incestuosa, cuja classificação também abrange pessoas que não possuem consanguinidade com a vítima, mas desempenham um papel parental. A referida dinâmica dificulta a revelação por envolver pessoas próximas à criança, às quais a mesma pode direcionar confiança e afeto. Para que o abuso intrafamiliar perdure é necessária a coparticipação de outros membros da família, ainda que essa cumplicidade não seja totalmente consciente. Dessa forma, a revelação pode significar a dissociação da criança daquele grupo familiar. Todavia, quando a vítima não tem a oportunidade de falar sobre o que aconteceu, fica fadada a adaptar-se e achar um meio de sobreviver ao abuso, sem a possibilidade de enfrentamento e de redução dos danos. Sendo assim, este estudo objetivou discutir aspectos sociais e individuais e os impactos do silenciamento do abuso sexual intrafamiliar com crianças, partindo da análise do filme Jogo Perigoso (Gerald’s Game), adaptação da obra literária de Stephen King. O filme foi explorado segundo a análise de conteúdo de Bardin, a qual gerou quatro categorias. Na categoria algemas foram abordadas as questões psicossociais e os fatores mantenedores da dinâmica abusiva. A categoria silêncio agrupa conteúdos relacionados à dificuldade de reconhecer o abuso sexual como tal e questões que impedem a vítima de entrar em contato com a vivência abusiva de forma que a verbalização e até mesmo o pensar no ocorrido não se torna possível. A categoria escuridão refere-se a aspectos do abuso em si, à infância escurecida pelo ato abusivo. A sobrevivência trata-se do enfrentamento da vivência abusiva, do acesso à dor e à capacidade de ressignificação e resiliência. Compreende-se que a dinâmica do abuso é sustentada por múltiplos fatores que vão do âmbito social ao individual. Apesar disso, à medida que as vítimas de abuso sexual entram em contato com a situação abusiva vivenciada, apesar de acessar a dor que a lembrança pode trazer, há a oportunidade de elaboração dos fatos, de ressignificar o ocorrido e de resiliência, o que colabora para uma melhor qualidade de vida e uma atenuação aos danos causados pelo abuso. Além de atuar de modo preventivo a novas situações abusivas e contribuir para a interrupção de um padrão nocivo de relacionamento. |
description |
O abuso sexual contra crianças e adolescentes e suas consequências tem tomado maior visibilidade nos últimos tempos. Apesar de toda repercussão ainda há uma barreira que precisa ser rompida: o silêncio da vítima. Compreende-se silêncio como a não elaboração da vivência abusiva, ou seja, a não verbalização do ocorrido e a impossibilidade de pensá-lo. Isso ocorre porque o ato abusivo comporta um tipo de proibição, implícita ou explícita, de comentá-lo. O abuso sexual refere-se à dominação do maior em relação ao menor, do que possui mais recursos em relação ao mais frágil, obrigando este último a satisfazer suas vontades sexuais. O abuso pode ser intrafamiliar ou extrafamiliar.Contudo, o presente estudo delimitou-se a investigação do abuso sexual intrafamiliar. Trata-se de uma relação incestuosa, cuja classificação também abrange pessoas que não possuem consanguinidade com a vítima, mas desempenham um papel parental. A referida dinâmica dificulta a revelação por envolver pessoas próximas à criança, às quais a mesma pode direcionar confiança e afeto. Para que o abuso intrafamiliar perdure é necessária a coparticipação de outros membros da família, ainda que essa cumplicidade não seja totalmente consciente. Dessa forma, a revelação pode significar a dissociação da criança daquele grupo familiar. Todavia, quando a vítima não tem a oportunidade de falar sobre o que aconteceu, fica fadada a adaptar-se e achar um meio de sobreviver ao abuso, sem a possibilidade de enfrentamento e de redução dos danos. Sendo assim, este estudo objetivou discutir aspectos sociais e individuais e os impactos do silenciamento do abuso sexual intrafamiliar com crianças, partindo da análise do filme Jogo Perigoso (Gerald’s Game), adaptação da obra literária de Stephen King. O filme foi explorado segundo a análise de conteúdo de Bardin, a qual gerou quatro categorias. Na categoria algemas foram abordadas as questões psicossociais e os fatores mantenedores da dinâmica abusiva. A categoria silêncio agrupa conteúdos relacionados à dificuldade de reconhecer o abuso sexual como tal e questões que impedem a vítima de entrar em contato com a vivência abusiva de forma que a verbalização e até mesmo o pensar no ocorrido não se torna possível. A categoria escuridão refere-se a aspectos do abuso em si, à infância escurecida pelo ato abusivo. A sobrevivência trata-se do enfrentamento da vivência abusiva, do acesso à dor e à capacidade de ressignificação e resiliência. Compreende-se que a dinâmica do abuso é sustentada por múltiplos fatores que vão do âmbito social ao individual. Apesar disso, à medida que as vítimas de abuso sexual entram em contato com a situação abusiva vivenciada, apesar de acessar a dor que a lembrança pode trazer, há a oportunidade de elaboração dos fatos, de ressignificar o ocorrido e de resiliência, o que colabora para uma melhor qualidade de vida e uma atenuação aos danos causados pelo abuso. Além de atuar de modo preventivo a novas situações abusivas e contribuir para a interrupção de um padrão nocivo de relacionamento. |
publishDate |
2018 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2018-08-14T11:40:31Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2018-08-13 2018-08-14T11:40:31Z |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2018-06-28 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/bachelorThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.citation.fl_str_mv |
ALBUQUERQUE, Suzielen Gonçalves. Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio. 2018. 34 f. Monografia (Graduação em Psicologia) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2018. |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/123456789/11270 |
identifier_str_mv |
ALBUQUERQUE, Suzielen Gonçalves. Jogo perigoso: o abuso sexual intrafamiliar e as algemas do silêncio. 2018. 34 f. Monografia (Graduação em Psicologia) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2018. |
url |
https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/123456789/11270 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Católica de Brasília |
dc.publisher.program.fl_str_mv |
Psicologia (Graduação) |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UCB |
dc.publisher.country.fl_str_mv |
Brasil |
dc.publisher.department.fl_str_mv |
Escola de Saúde e Medicina |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Católica de Brasília |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UCB instname:Universidade Católica de Brasília (UCB) instacron:UCB |
instname_str |
Universidade Católica de Brasília (UCB) |
instacron_str |
UCB |
institution |
UCB |
reponame_str |
Repositório Institucional da UCB |
collection |
Repositório Institucional da UCB |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/11270/3/SuzielenGon%c3%a7alvesAlbuquerqueTCCGradua%c3%a7%c3%a3o2018.pdf.txt https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/11270/1/SuzielenGon%c3%a7alvesAlbuquerqueTCCGradua%c3%a7%c3%a3o2018.pdf https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/11270/2/license.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
65468824e43f1531a30688e0f9d9d7c0 24d887d6911ab48b425c49f8bfc5f809 43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9b |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
|
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1724829902126972928 |