Os desafios da defensoria pública na garantia de acesso à justiça dos presidiários: um estudo de caso na comarca de Pelotas, RS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Heling, Jiulia Estela
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpel
Texto Completo: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/784
Resumo: Este trabalho, vinculado à linha de pesquisa Direitos Humanos, Segurança e Acesso à Justiça, lança o olhar sobre os desafios da Defensoria Pública como garantidora de acesso à justiça dos presidiários da Comarca de Pelotas, RS. O objetivo foi analisar as figurações existentes entre os atores do Sistema de Justiça Criminal, a partir da perspectiva da Defensoria Pública e como esta relação se estabelece. Utilizamos a noção de figuração de Norbert Elias e o par regulação–emancipação de Boaventura de Sousa Santos. Elegemos como metodologia o estudo de caso, fazendo uso de documentos, observação direta e entrevistas semiestruturadas para compor nossa análise. Frente aos dados obtidos pudemos observar se tratar o acesso à justiça no âmbito da questão penitenciária como sui generis, uma vez que não está em jogo exclusivamente o seu aspecto formal, mas sim a utilização da Defensoria Pública como órgão estatal capaz de dar visibilidade a uma parcela da sociedade esquecida no interior dos muros do cárcere. Como resultados tivemos que, mesmo que de modo informal há uma espécie de hierarquia entre as instituições participantes da figuração observada, as relações estabelecidas estão em um nível de cooperação entre indivíduos e não propriamente entre instituições, em determinados momentos a instituição Defensoria Pública parece não reconhecer a real complexidade do sistema no qual seus representantes atuam, o espaço da prisão figura como uma sociedade paralela representando a maior particularidade encontrada no trabalho. O ambiente intramuros é composto por figurações próprias, não há sala para realização dos atendimentos da Defensora Pública com seus assistidos, a dificuldade de deslocamento dos presos no interior do presídio faz com que a reação cabível seja o atendimento nas “bocas das galerias”, visando driblar a dificuldade de locomoção. Além deste aspecto importante da prisão, outro fator relevante é a relação que a Defensora Pública necessita estabelecer com o “jurídico” de cada galeria, uma vez ser ele o mediador entre Defensora e apenado assistido, exercendo papel de poder importante. Logo, o espaço intramuros requer uma adaptação às figurações que ali se estabelecem. Frente a este ambiente complexo, a Defensoria Pública não consegue avançar para um acesso à justiça que objetive superar o sistema vigente, desenvolve seu trabalho dentro dele. Porém, ela é capaz de dar visibilidade aos apenados da Comarca de Pelotas, cumprindo assim com sua função mais que típica de acesso à justiça, ultrapassando a mera representação processual. Assim, a Defensoria Pública ainda demonstra ser a instituição com a maior capacidade de figurar como possibilitadora de emancipação aos apenados em um futuro, a partir do enfrentamento direto de suas dificuldades.
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Elegemos como metodologia o estudo de caso, fazendo uso de documentos, observação direta e entrevistas semiestruturadas para compor nossa análise. Frente aos dados obtidos pudemos observar se tratar o acesso à justiça no âmbito da questão penitenciária como sui generis, uma vez que não está em jogo exclusivamente o seu aspecto formal, mas sim a utilização da Defensoria Pública como órgão estatal capaz de dar visibilidade a uma parcela da sociedade esquecida no interior dos muros do cárcere. Como resultados tivemos que, mesmo que de modo informal há uma espécie de hierarquia entre as instituições participantes da figuração observada, as relações estabelecidas estão em um nível de cooperação entre indivíduos e não propriamente entre instituições, em determinados momentos a instituição Defensoria Pública parece não reconhecer a real complexidade do sistema no qual seus representantes atuam, o espaço da prisão figura como uma sociedade paralela representando a maior particularidade encontrada no trabalho. O ambiente intramuros é composto por figurações próprias, não há sala para realização dos atendimentos da Defensora Pública com seus assistidos, a dificuldade de deslocamento dos presos no interior do presídio faz com que a reação cabível seja o atendimento nas “bocas das galerias”, visando driblar a dificuldade de locomoção. Além deste aspecto importante da prisão, outro fator relevante é a relação que a Defensora Pública necessita estabelecer com o “jurídico” de cada galeria, uma vez ser ele o mediador entre Defensora e apenado assistido, exercendo papel de poder importante. Logo, o espaço intramuros requer uma adaptação às figurações que ali se estabelecem. Frente a este ambiente complexo, a Defensoria Pública não consegue avançar para um acesso à justiça que objetive superar o sistema vigente, desenvolve seu trabalho dentro dele. Porém, ela é capaz de dar visibilidade aos apenados da Comarca de Pelotas, cumprindo assim com sua função mais que típica de acesso à justiça, ultrapassando a mera representação processual. Assim, a Defensoria Pública ainda demonstra ser a instituição com a maior capacidade de figurar como possibilitadora de emancipação aos apenados em um futuro, a partir do enfrentamento direto de suas dificuldades.This paper, bound to the Human Rights, Security and Access to Justice research line, looks upon the challenges of the Public Defender‟s Office as a warrantee of access to justice for the prison population of the County of Pelotas, RS. The objective was to analyze the figurations existing between the agents of the Criminal Justice System, from the perspective of the Public Defenders and how this relationship is established. It was used the notion of figuration by Norbert Elias and the pair regulation – emancipation by Boaventura de Sousa Santos. The methodology elected was the case study, making use of documents, direct observation and semi-structured interviews to compose this analysis. When faced with the obtained data, it was possible to observe that the access to justice in relation to the penitentiary issue is sui generis, as it isn‟t under considerations exclusively its formal aspect, but also the use of the Public Defenders as a state‟s institution capable of giving visibility to a portion of society forgotten inside the walls of prison. Were the results obtained that, even if in an informal capacity, there is a type of hierarchy between the institutions that are part of the observed figuration, the established relationships are in a level of cooperation between individuals and not properly institutions, in certain cases the institution Public Defender‟s Office seems not to recognize such real complexity of the system in which its representatives act, the prison space figures as a parallel society representing the biggest particularity found on the job. The environment inside the walls is composed by its own figurations, there is no room for the performance of the Public Defender‟s service with their clients, the difficulty to move prisoners inside the prison makes the appropriate reaction be the service on the “gallery opening”, trying to surpass the difficulty of transit. Besides this important aspect of prison, another relevant factor is the relationship that the Public Defenders need to establish with the “judicial” of each gallery, as he is the mediator between the Public Defender and the inmate that is assisted, filling an important power role. As such, the space inside the walls requires an adaptation to the figurations that are established there. Faced with this complex environment, the Public Defender‟s Office can‟t advance an access to justice that has the objective of surpassing the current system, and develops its work inside of it. However, it‟s capable of giving visibility to the prison population of the County of Pelotas, fulfilling as such its more typical function of access to justice, surpassing the simple procedural representation. As such, the Public Defender‟s Office still demonstrates being the institution with the greatest capability to figurate as the enabler of emancipation of the prisoners in the future, through the direct facing of their difficulties.Universidade Catolica de PelotasCentro de Ciencias Sociais e TecnologicasBrasilUCPelPrograma de Pos-Graduacao em Politica SocialChies, Luiz Antônio Bogohttp://lattes.cnpq.br/8089974119901042Almeida, Bruno Rottahttp://lattes.cnpq.br/9101474140548790Moura, Marcelo Oliveira dehttp://lattes.cnpq.br/1713248147163613Heling, Jiulia Estela2019-05-27T19:31:35Z2019-02-26info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfHeling, Jiulia Estela. Os desafios da defensoria pública na garantia de acesso à justiça dos presidiários: um estudo de caso na comarca de Pelotas, RS. 2019. 106 f. Dissertação( Programa de Pos-Graduacao em Politica Social) - Universidade Catolica de Pelotas, Pelotas.http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/784porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpelinstname:Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)instacron:UCPEL2020-09-29T21:40:08Zoai:tede.ucpel.edu.br:jspui/784Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www2.ufpel.edu.br/tede/http://tede.ucpel.edu.br:8080/oai/requestbiblioteca@ucpel.edu.br||cristiane.chim@ucpel.tche.bropendoar:2020-09-29T21:40:08Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpel - Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)false
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