O direito humano à soberania alimentar: a experiência de resistência agroecológica do milho crioulo no município de Anchieta-SC.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Weber, Cristiano
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpel
Texto Completo: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/1013
Resumo: O objetivo geral desta tese doutoral, em tempos de agrobiotecnologia e sociedade de risco, é analisar o uso e o avanço das sementes geneticamente modificadas de milho e soja e as alternativas de enfrentamento da soberania alimentar brasileira. Ademais, abordar a soberania alimentar como/enquanto um direito humano, buscando evidenciar as experiências de resistência agroecológica do milho crioulo no município de Anchieta, no Estado de Santa Catarina (SC), do qual constitui um paradigma para o planejamento de políticas públicas no Brasil, sobretudo, na defesa, garantia e controle da soberania alimentar ameaçada pelas sementes geneticamente modificadas. Metodologicamente, o estudo teve seus passos investigativos nos subsequentes momentos constitutivos: a fase bibliográfica e a fase documental, indo ao encontro das seguintes fontes de dados: Serviço Agrícola Estrangeiro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Associação Brasileira dos Produtores de Milho (ABRAMilho), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), expostas à luz do estudo de caso do município de Anchieta partindo do problema de pesquisa: o uso de sementes geneticamente modificadas de milho e soja coloca em risco a soberania alimentar brasileira, haja visto a proteção legal concedida as empresas multinacionais? Tal indagação nos levou a presente hipótese, que foi sustentada nesta tese: no município de Anchieta, as ações e estratégias no cultivo de sementes crioulas se constituem em formas de enfrentamento a essa lógica imposta pela produção de sementes operadas por empresas multinacionais. No primeiro momento da pesquisa, foram explanados os (des)caminhos da produção alimentar e sua relação com a agrobiotecnologia em uma sociedade que produz constantes riscos e o quanto a biotecnologia tem avançado nos últimos anos sobre a agricultura. Após, abordou-se a questão relativa à soberania alimentar, verificando os avanços das duas (mono)culturas mais importantes para o Brasil, a soja e milho, e o quanto as patentes desses dois produtos têm influenciado um movimento pelo domínio das sementes, da agrobiodiversidade e da produção de alimentos. Por fim, analisou-se, as peculiaridades de um movimento social agroecológico localizado em Anchieta, Santa Catarina, verificando e relatando a experiência de resistência deste município como uma das formas de promover a soberania alimentar e evidenciando de que forma o Estado brasileiro deveria intervir nas políticas públicas para resguardar a sua soberania alimentar. Concluímos o estudo indicando que a soberania alimentar é um direito humano (e assim deve ser tratada pelo ordenamento interno dos Estados) que depende das sementes tradicionais, crioulas e nativas para a conservação da agrobiodiversidade ainda existente. Nesse sentido, a pesquisa assinalou que as sementes geneticamente modificadas colocam em risco a soberania alimentar brasileira; e que o movimento social agroecológico anchietense é um modelo de resistência anticapitalista a ser seguido pelas políticas públicas.
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Ademais, abordar a soberania alimentar como/enquanto um direito humano, buscando evidenciar as experiências de resistência agroecológica do milho crioulo no município de Anchieta, no Estado de Santa Catarina (SC), do qual constitui um paradigma para o planejamento de políticas públicas no Brasil, sobretudo, na defesa, garantia e controle da soberania alimentar ameaçada pelas sementes geneticamente modificadas. Metodologicamente, o estudo teve seus passos investigativos nos subsequentes momentos constitutivos: a fase bibliográfica e a fase documental, indo ao encontro das seguintes fontes de dados: Serviço Agrícola Estrangeiro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Associação Brasileira dos Produtores de Milho (ABRAMilho), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), expostas à luz do estudo de caso do município de Anchieta partindo do problema de pesquisa: o uso de sementes geneticamente modificadas de milho e soja coloca em risco a soberania alimentar brasileira, haja visto a proteção legal concedida as empresas multinacionais? Tal indagação nos levou a presente hipótese, que foi sustentada nesta tese: no município de Anchieta, as ações e estratégias no cultivo de sementes crioulas se constituem em formas de enfrentamento a essa lógica imposta pela produção de sementes operadas por empresas multinacionais. No primeiro momento da pesquisa, foram explanados os (des)caminhos da produção alimentar e sua relação com a agrobiotecnologia em uma sociedade que produz constantes riscos e o quanto a biotecnologia tem avançado nos últimos anos sobre a agricultura. Após, abordou-se a questão relativa à soberania alimentar, verificando os avanços das duas (mono)culturas mais importantes para o Brasil, a soja e milho, e o quanto as patentes desses dois produtos têm influenciado um movimento pelo domínio das sementes, da agrobiodiversidade e da produção de alimentos. Por fim, analisou-se, as peculiaridades de um movimento social agroecológico localizado em Anchieta, Santa Catarina, verificando e relatando a experiência de resistência deste município como uma das formas de promover a soberania alimentar e evidenciando de que forma o Estado brasileiro deveria intervir nas políticas públicas para resguardar a sua soberania alimentar. Concluímos o estudo indicando que a soberania alimentar é um direito humano (e assim deve ser tratada pelo ordenamento interno dos Estados) que depende das sementes tradicionais, crioulas e nativas para a conservação da agrobiodiversidade ainda existente. Nesse sentido, a pesquisa assinalou que as sementes geneticamente modificadas colocam em risco a soberania alimentar brasileira; e que o movimento social agroecológico anchietense é um modelo de resistência anticapitalista a ser seguido pelas políticas públicas.The general objective of this doctoral thesis, in times of agrobiotechnology and risk society, is to analyze the use and advancement of genetically modified corn and soybean seeds and the alternatives for confronting Brazilian food sovereignty. Furthermore, addressing food sovereignty as/as a human right, seeking to highlight the experiences of agroecological resistance of Creole corn in the municipality of Anchieta, in the State of Santa Catarina (SC), which constitutes a paradigm for planning public policies in Brazil , above all, in the defense, guarantee and control of food sovereignty threatened by genetically modified seeds. Methodologically, the study had its investigative steps in subsequent constitutive moments: the bibliographic phase and the documentary phase, meeting the following data sources: Foreign Agricultural Service of the United States Department of Agriculture (USDA), United Nations Organization for Food and Agriculture (FAO), Brazilian Association of Corn Producers (ABRAMilho), Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and National Supply Company (CONAB), exposed in the light of the case study of the municipality of Anchieta starting from the problem research: does the use of genetically modified corn and soybean seeds put Brazilian food sovereignty at risk, given the legal protection granted to multinational companies? This inquiry led us to the present hypothesis, which was supported in this thesis: in the municipality of Anchieta, actions and strategies in the cultivation of Creole seeds constitute ways of confronting this logic imposed by the production of seeds operated by multinational companies. In the first stage of the research, the (mis)paths of food production and its relationship with agrobiotechnology in a society that produces constant risks were explained and how much biotechnology has advanced in recent years in agriculture. Afterwards, the issue relating to food sovereignty was addressed, verifying the advances of the two most important (mono)cultures for Brazil, soybeans and corn, and how much the patents for these two products have influenced a movement towards the dominance of seeds, agrobiodiversity and food production. Finally, the peculiarities of an agroecological social movement located in Anchieta, Santa Catarina were analyzed, verifying and reporting the experience of resistance in this municipality as one of the ways of promoting food sovereignty and highlighting how the Brazilian State should intervene in public policies to protect their food sovereignty. We conclude the study by indicating that food sovereignty is a human right (and must be treated as such by the internal order of States) that depends on traditional, creole and native seeds for the conservation of the still existing agrobiodiversity. In this sense, the research pointed out that genetically modified seeds put Brazilian food sovereignty at risk; and that the Anchietense agroecological social movement is a model of anti-capitalist resistance to be followed by public policies.Universidade Catolica de PelotasCentro de Ciencias Sociais e TecnologicasBrasilUCPelPrograma de Pos-Graduacao em Politica SocialCosta, César Augusto Soares daPazinato, Liane HuningLima, Lucas GamaDella Vechia, Renato da SilvaWeber, Cristiano2024-02-21T17:00:55Z2023-12-07info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfWeber, Cristiano. O direito humano à soberania alimentar: a experiência de resistência agroecológica do milho crioulo no município de Anchieta-SC. 2023. 231 f. Tese( Programa de Pós-Graduação em Politica Social) - Universidade Católica de Pelotas, Pelotas.http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/jspui/1013porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpelinstname:Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)instacron:UCPEL2024-02-24T04:10:08Zoai:tede.ucpel.edu.br:jspui/1013Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www2.ufpel.edu.br/tede/http://tede.ucpel.edu.br:8080/oai/requestbiblioteca@ucpel.edu.br||cristiane.chim@ucpel.tche.bropendoar:2024-02-24T04:10:08Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpel - Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)false
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