O “gênero feminino” segundo dois discursos da Medeia, de Eurípedes

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cunha Neto, Osvaldo
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
Texto Completo: http://repositorioinstitucional.uea.edu.br//handle/riuea/1343
Resumo: No primeiro discurso selecionado da peça de Eurípedes, situado entre os versos 213 e 266, é possível observar a protagonista, sob o domínio de grande fúria (263-266), enumerar uma série de imposições e injustiças sofridas pelas mulheres (232-241). Neste contexto relatado por Medeia, só resta às mulheres servirem aos homens, seja no leito, seja nos afazeres do dia a dia. Não obstante, a “revolucionária” heroína, enfatiza a força e resistência da mulher (230-231) e prenuncia que, de sua parte, há o desejo de fazer justiça com as próprias mãos e se vingar do marido que a traiu (259-263). No segundo discurso, situado entre os versos 869 e 905, assistimos a atuação de Medeia fingindo ter mudado de opinião e aceitando as imposições de Jasão. Trata-se de um discurso oposto ao anterior: Medeia não apenas se sujeita a dividir o leito de Jasão com sua nova “Ninfa” (888), como afirma que as mulheres são pueris (889-890). Medeia fingiu ser uma mulher submissa às imposições sociais e masculinas para se vingar de seu marido, sabemos, na verdade, pelo desenrolar da peça, que ela não mudou de opinião em relação ao discurso anterior. Ainda que a tragédia, enquanto obra artistica e literária, não possibilite que nos apropriemos do conteúdo expresso pelos personagens de maneira literal ou realista (OLIVEIRA, 2006, p. 23), o que se pode observar nesses dois discursos de Medeia é um suposto panorama do papel social que a mulher ateniense desempenhava no contexto cultural e social retratado por Eurípedes, tratam-se de comentários verossímeis do que muito provavelmente era imposto às mulheres pela sociedade grega até o Período Clássico, afinal, “Eurípides está em sintonia com as condições geradas pela ambiguidade de seu tempo e escreve suas tragédias baseado nesses fatos” (2006, p. 175).
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spelling O “gênero feminino” segundo dois discursos da Medeia, de EurípedesThe "feminine gender" according to two speeches of the medeia, of EuripidesGênero - Femininosociedade atenienseEurípidesMedeiaNo primeiro discurso selecionado da peça de Eurípedes, situado entre os versos 213 e 266, é possível observar a protagonista, sob o domínio de grande fúria (263-266), enumerar uma série de imposições e injustiças sofridas pelas mulheres (232-241). Neste contexto relatado por Medeia, só resta às mulheres servirem aos homens, seja no leito, seja nos afazeres do dia a dia. Não obstante, a “revolucionária” heroína, enfatiza a força e resistência da mulher (230-231) e prenuncia que, de sua parte, há o desejo de fazer justiça com as próprias mãos e se vingar do marido que a traiu (259-263). No segundo discurso, situado entre os versos 869 e 905, assistimos a atuação de Medeia fingindo ter mudado de opinião e aceitando as imposições de Jasão. Trata-se de um discurso oposto ao anterior: Medeia não apenas se sujeita a dividir o leito de Jasão com sua nova “Ninfa” (888), como afirma que as mulheres são pueris (889-890). Medeia fingiu ser uma mulher submissa às imposições sociais e masculinas para se vingar de seu marido, sabemos, na verdade, pelo desenrolar da peça, que ela não mudou de opinião em relação ao discurso anterior. Ainda que a tragédia, enquanto obra artistica e literária, não possibilite que nos apropriemos do conteúdo expresso pelos personagens de maneira literal ou realista (OLIVEIRA, 2006, p. 23), o que se pode observar nesses dois discursos de Medeia é um suposto panorama do papel social que a mulher ateniense desempenhava no contexto cultural e social retratado por Eurípedes, tratam-se de comentários verossímeis do que muito provavelmente era imposto às mulheres pela sociedade grega até o Período Clássico, afinal, “Eurípides está em sintonia com as condições geradas pela ambiguidade de seu tempo e escreve suas tragédias baseado nesses fatos” (2006, p. 175).In the first of the two selected discourses of the Euripides’s play, situated between verses 213 and 266, is possible observe the protagonist of play, under attack of great fury (263-266), listing a series of impositions and injustices suffered by women (232-241). In this context reported by Medea the women can only serve to men, either in bed, or in the affairs of everyday life. Nevertheless, the "revolutionary" heroine, emphasizes the strength and resilience of women (230-231) and foreshadows that she has a desire of take justice into her own hands, and take revenge on the husband who betrayed her (259 - 263). In the next discourse, set between verses 869 and 905, we watch the performance of Medea pretending to have changed his mind and accepting the impositions of Jason. This is the opposite of the previous discourse; Medea accepts not only to share the bed of Jason with his new "Nymph" (888), but also asserts that women are childish (889-890). Medea pretended to be a submissive to masculine and social impositions to get revenge on her husband, we know, in fact, the unfolding of the play, that she has not changed her opinion about the previous discourse. Although the tragedy, while artistic and literary work, doesn’t allow us appropriate the content expressed by the characters of literal or realistic manner, what can be observed in these two discourses of Medea is a supposed picture of the social role that women played Athenian cultural and social context portrayed by Euripides, all these comments are credible and show what probably was imposed on women by society to the Greek Classical Period,Universidade do Estado do Amazonas2019-01-22T17:45:46Z2019-01-212019-01-22T17:45:46Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdf21784744http://repositorioinstitucional.uea.edu.br//handle/riuea/1343porAtribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Brasilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessCunha Neto, Osvaldoreponame:Repositório Institucional da Universidade do Estado do Amazonas (UEA)instname:Universidade do Estado do Amazonas (UEA)instacron:UEA2019-01-22T17:45:46ZRepositório de Publicaçõeshttp://repositorioinstitucional.uea.edu.br/
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In the first of the two selected discourses of the Euripides’s play, situated between verses 213 and 266, is possible observe the protagonist of play, under attack of great fury (263-266), listing a series of impositions and injustices suffered by women (232-241). In this context reported by Medea the women can only serve to men, either in bed, or in the affairs of everyday life. Nevertheless, the "revolutionary" heroine, emphasizes the strength and resilience of women (230-231) and foreshadows that she has a desire of take justice into her own hands, and take revenge on the husband who betrayed her (259 - 263). In the next discourse, set between verses 869 and 905, we watch the performance of Medea pretending to have changed his mind and accepting the impositions of Jason. This is the opposite of the previous discourse; Medea accepts not only to share the bed of Jason with his new "Nymph" (888), but also asserts that women are childish (889-890). Medea pretended to be a submissive to masculine and social impositions to get revenge on her husband, we know, in fact, the unfolding of the play, that she has not changed her opinion about the previous discourse. Although the tragedy, while artistic and literary work, doesn’t allow us appropriate the content expressed by the characters of literal or realistic manner, what can be observed in these two discourses of Medea is a supposed picture of the social role that women played Athenian cultural and social context portrayed by Euripides, all these comments are credible and show what probably was imposed on women by society to the Greek Classical Period,
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