Um ensaio sobre práticas desejantes: relação docente estudante como lugar a ser ocupado
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Boletim Cearense de Educação e História da Matemática (Online) |
Texto Completo: | https://revistas.uece.br/index.php/BOCEHM/article/view/5127 |
Resumo: | Este artigo devir ensaio que irrompe de exercícios que estamos fazendo numa busca por fendas e brechas e ranhuras em nossa tese de doutorado, já defendida, na qual criamos possibilidades para compreender o que pode o rigor em cursos de licenciatura em matemática quando considerado na ordem do acontecimento – um rigor que se desdobra em várias possibilidades quando se retira o artigo definido masculino que o acompanha. Naquele momento, a partir de um olhar para entrevistas feitas com licenciandos e professores de matemática, ainda em nosso mestrado, e de largo estudo teórico, trabalhamos incansavelmente na composição de narrativas que ajudaram a construir um lugar de respiro – assim como praticantes de yoga, inspiramos e expiramos profundamente na tentativa de abrir espaço entre os órgãos aparentemente conexos. Encontramos uma possibilidade de tratar o rigor discursivamente e de olhar para falas de uma professora que ensina matemática, sem interpretações ou julgamentos, apenas observando seus afetos passando e atravessando, mostrando-nos novos possíveis para rigor em todas as suas entrelinhas. O resultado desse movimento de des(re)construção do rigor deixou uma infinidade de lacunas e, sendo assim, novas reflexões tornam-se urgentes. Deste modo, o objetivo deste artigo-ensaio é o de adentrar numa das fendas encontradas, continuar compondo e experimentando e, parafraseando Manoel de Barros, repetindo e repetindo até ficar diferente. Mas, que fenda seria essa? Aquela em que adentramos ao tentarmos estabelecer uma linha divisória entre práticas docentes e práticas de estudantes, quando levamos em consideração práticas, táticas e estratégias operadas no interior dos limites de cursos de licenciatura em matemática. Através de um convite para que visitemos pensadores da diferença, tais como Deleuze, Guattari, Rolnik, Foucault, Nietzsche e Lapoujade, tentamos construir uma relação docente-estudante pautada no desejo – um desejo como lugar a ser ocupado por afetos que pedem passagem. No entanto, para conseguir operar tal prática desejante, entendemos que, antes, é preciso compor uma fuga e deixar para trás tudo aquilo que identifica e que rotula – ou seja, abandonar o eu e vislumbrar uma composição de algo totalmente conectado aos outros que circundam e aos afetos que atravessam. Nesse caminho, através de um encadeamento de ideias e de alguns desdobramentos e de duas conjecturas e de uma multiplicidade de entrelinhas, este artigo-ensaio possibilita um pensar sobre a relação docente-estudante a partir de um prisma fora de qualquer categorização prévia, seja em relação às características identitárias ou, mesmo, de práticas devidamente assentadas em modos de agir que garantem a permanência de tais práticas. Uma relação que assume a alteridade e que não vê no outro um lugar distante e inalcançável e que nos falta, mas, sim, que enxerga no outro um ser que coabita e que participa integralmente daquilo que nos tornamos a partir de práticas que compartilhamos. Uma relação docente-estudante pautada na ordem do acontecimento, que compõe existências autênticas e que afirma formas de resistências. Novamente, repito: este artigo devir ensaio e é um convite para que pensemos sobre práticas de professor e práticas de estudante operadas na ordem do acontecimento. |
id |
UECE-4_a7608281979be3bb5e449576120b382c |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ojs.revistas.uece.br:article/5127 |
network_acronym_str |
UECE-4 |
network_name_str |
Boletim Cearense de Educação e História da Matemática (Online) |
repository_id_str |
|
spelling |
Um ensaio sobre práticas desejantes: relação docente estudante como lugar a ser ocupadoRelação Professor-AlunoDesejoPrática Docente Formação de ProfessoresFilosofia da DiferençaEste artigo devir ensaio que irrompe de exercícios que estamos fazendo numa busca por fendas e brechas e ranhuras em nossa tese de doutorado, já defendida, na qual criamos possibilidades para compreender o que pode o rigor em cursos de licenciatura em matemática quando considerado na ordem do acontecimento – um rigor que se desdobra em várias possibilidades quando se retira o artigo definido masculino que o acompanha. Naquele momento, a partir de um olhar para entrevistas feitas com licenciandos e professores de matemática, ainda em nosso mestrado, e de largo estudo teórico, trabalhamos incansavelmente na composição de narrativas que ajudaram a construir um lugar de respiro – assim como praticantes de yoga, inspiramos e expiramos profundamente na tentativa de abrir espaço entre os órgãos aparentemente conexos. Encontramos uma possibilidade de tratar o rigor discursivamente e de olhar para falas de uma professora que ensina matemática, sem interpretações ou julgamentos, apenas observando seus afetos passando e atravessando, mostrando-nos novos possíveis para rigor em todas as suas entrelinhas. O resultado desse movimento de des(re)construção do rigor deixou uma infinidade de lacunas e, sendo assim, novas reflexões tornam-se urgentes. Deste modo, o objetivo deste artigo-ensaio é o de adentrar numa das fendas encontradas, continuar compondo e experimentando e, parafraseando Manoel de Barros, repetindo e repetindo até ficar diferente. Mas, que fenda seria essa? Aquela em que adentramos ao tentarmos estabelecer uma linha divisória entre práticas docentes e práticas de estudantes, quando levamos em consideração práticas, táticas e estratégias operadas no interior dos limites de cursos de licenciatura em matemática. Através de um convite para que visitemos pensadores da diferença, tais como Deleuze, Guattari, Rolnik, Foucault, Nietzsche e Lapoujade, tentamos construir uma relação docente-estudante pautada no desejo – um desejo como lugar a ser ocupado por afetos que pedem passagem. No entanto, para conseguir operar tal prática desejante, entendemos que, antes, é preciso compor uma fuga e deixar para trás tudo aquilo que identifica e que rotula – ou seja, abandonar o eu e vislumbrar uma composição de algo totalmente conectado aos outros que circundam e aos afetos que atravessam. Nesse caminho, através de um encadeamento de ideias e de alguns desdobramentos e de duas conjecturas e de uma multiplicidade de entrelinhas, este artigo-ensaio possibilita um pensar sobre a relação docente-estudante a partir de um prisma fora de qualquer categorização prévia, seja em relação às características identitárias ou, mesmo, de práticas devidamente assentadas em modos de agir que garantem a permanência de tais práticas. Uma relação que assume a alteridade e que não vê no outro um lugar distante e inalcançável e que nos falta, mas, sim, que enxerga no outro um ser que coabita e que participa integralmente daquilo que nos tornamos a partir de práticas que compartilhamos. Uma relação docente-estudante pautada na ordem do acontecimento, que compõe existências autênticas e que afirma formas de resistências. Novamente, repito: este artigo devir ensaio e é um convite para que pensemos sobre práticas de professor e práticas de estudante operadas na ordem do acontecimento.EdUECE2021-06-17info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://revistas.uece.br/index.php/BOCEHM/article/view/512710.30938/bocehm.v8i23.5127Boletim Cearense de Educação e História da Matemática; v. 8 n. 23 (2021): Número Especial - I Encontro Cearense de Educação da Matemática; 1013-10272447-85042357-8661reponame:Boletim Cearense de Educação e História da Matemática (Online)instname:Universidade Estadual do Ceará (UECE)instacron:UECEporhttps://revistas.uece.br/index.php/BOCEHM/article/view/5127/4398Copyright (c) 2021 Boletim Cearense de Educação e História da Matemáticainfo:eu-repo/semantics/openAccessGomes, Danilo Olímpio2021-06-17T18:44:45Zoai:ojs.revistas.uece.br:article/5127Revistahttps://revistas.uece.br/index.php/BOCEHM/indexPUBhttps://revistas.uece.br/index.php/BOCEHM/oaigpehm@uece.br2447-85042357-8661opendoar:2023-01-12T15:16:50.031556Boletim Cearense de Educação e História da Matemática (Online) - Universidade Estadual do Ceará (UECE)true |
dc.title.none.fl_str_mv |
Um ensaio sobre práticas desejantes: relação docente estudante como lugar a ser ocupado |
title |
Um ensaio sobre práticas desejantes: relação docente estudante como lugar a ser ocupado |
spellingShingle |
Um ensaio sobre práticas desejantes: relação docente estudante como lugar a ser ocupado Gomes, Danilo Olímpio Relação Professor-Aluno Desejo Prática Docente Formação de Professores Filosofia da Diferença |
title_short |
Um ensaio sobre práticas desejantes: relação docente estudante como lugar a ser ocupado |
title_full |
Um ensaio sobre práticas desejantes: relação docente estudante como lugar a ser ocupado |
title_fullStr |
Um ensaio sobre práticas desejantes: relação docente estudante como lugar a ser ocupado |
title_full_unstemmed |
Um ensaio sobre práticas desejantes: relação docente estudante como lugar a ser ocupado |
title_sort |
Um ensaio sobre práticas desejantes: relação docente estudante como lugar a ser ocupado |
author |
Gomes, Danilo Olímpio |
author_facet |
Gomes, Danilo Olímpio |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Gomes, Danilo Olímpio |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Relação Professor-Aluno Desejo Prática Docente Formação de Professores Filosofia da Diferença |
topic |
Relação Professor-Aluno Desejo Prática Docente Formação de Professores Filosofia da Diferença |
description |
Este artigo devir ensaio que irrompe de exercícios que estamos fazendo numa busca por fendas e brechas e ranhuras em nossa tese de doutorado, já defendida, na qual criamos possibilidades para compreender o que pode o rigor em cursos de licenciatura em matemática quando considerado na ordem do acontecimento – um rigor que se desdobra em várias possibilidades quando se retira o artigo definido masculino que o acompanha. Naquele momento, a partir de um olhar para entrevistas feitas com licenciandos e professores de matemática, ainda em nosso mestrado, e de largo estudo teórico, trabalhamos incansavelmente na composição de narrativas que ajudaram a construir um lugar de respiro – assim como praticantes de yoga, inspiramos e expiramos profundamente na tentativa de abrir espaço entre os órgãos aparentemente conexos. Encontramos uma possibilidade de tratar o rigor discursivamente e de olhar para falas de uma professora que ensina matemática, sem interpretações ou julgamentos, apenas observando seus afetos passando e atravessando, mostrando-nos novos possíveis para rigor em todas as suas entrelinhas. O resultado desse movimento de des(re)construção do rigor deixou uma infinidade de lacunas e, sendo assim, novas reflexões tornam-se urgentes. Deste modo, o objetivo deste artigo-ensaio é o de adentrar numa das fendas encontradas, continuar compondo e experimentando e, parafraseando Manoel de Barros, repetindo e repetindo até ficar diferente. Mas, que fenda seria essa? Aquela em que adentramos ao tentarmos estabelecer uma linha divisória entre práticas docentes e práticas de estudantes, quando levamos em consideração práticas, táticas e estratégias operadas no interior dos limites de cursos de licenciatura em matemática. Através de um convite para que visitemos pensadores da diferença, tais como Deleuze, Guattari, Rolnik, Foucault, Nietzsche e Lapoujade, tentamos construir uma relação docente-estudante pautada no desejo – um desejo como lugar a ser ocupado por afetos que pedem passagem. No entanto, para conseguir operar tal prática desejante, entendemos que, antes, é preciso compor uma fuga e deixar para trás tudo aquilo que identifica e que rotula – ou seja, abandonar o eu e vislumbrar uma composição de algo totalmente conectado aos outros que circundam e aos afetos que atravessam. Nesse caminho, através de um encadeamento de ideias e de alguns desdobramentos e de duas conjecturas e de uma multiplicidade de entrelinhas, este artigo-ensaio possibilita um pensar sobre a relação docente-estudante a partir de um prisma fora de qualquer categorização prévia, seja em relação às características identitárias ou, mesmo, de práticas devidamente assentadas em modos de agir que garantem a permanência de tais práticas. Uma relação que assume a alteridade e que não vê no outro um lugar distante e inalcançável e que nos falta, mas, sim, que enxerga no outro um ser que coabita e que participa integralmente daquilo que nos tornamos a partir de práticas que compartilhamos. Uma relação docente-estudante pautada na ordem do acontecimento, que compõe existências autênticas e que afirma formas de resistências. Novamente, repito: este artigo devir ensaio e é um convite para que pensemos sobre práticas de professor e práticas de estudante operadas na ordem do acontecimento. |
publishDate |
2021 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2021-06-17 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://revistas.uece.br/index.php/BOCEHM/article/view/5127 10.30938/bocehm.v8i23.5127 |
url |
https://revistas.uece.br/index.php/BOCEHM/article/view/5127 |
identifier_str_mv |
10.30938/bocehm.v8i23.5127 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://revistas.uece.br/index.php/BOCEHM/article/view/5127/4398 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Copyright (c) 2021 Boletim Cearense de Educação e História da Matemática info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Copyright (c) 2021 Boletim Cearense de Educação e História da Matemática |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
EdUECE |
publisher.none.fl_str_mv |
EdUECE |
dc.source.none.fl_str_mv |
Boletim Cearense de Educação e História da Matemática; v. 8 n. 23 (2021): Número Especial - I Encontro Cearense de Educação da Matemática; 1013-1027 2447-8504 2357-8661 reponame:Boletim Cearense de Educação e História da Matemática (Online) instname:Universidade Estadual do Ceará (UECE) instacron:UECE |
instname_str |
Universidade Estadual do Ceará (UECE) |
instacron_str |
UECE |
institution |
UECE |
reponame_str |
Boletim Cearense de Educação e História da Matemática (Online) |
collection |
Boletim Cearense de Educação e História da Matemática (Online) |
repository.name.fl_str_mv |
Boletim Cearense de Educação e História da Matemática (Online) - Universidade Estadual do Ceará (UECE) |
repository.mail.fl_str_mv |
gpehm@uece.br |
_version_ |
1797053998181646336 |