CARACTERISTICAS TEXTURAIS E GEOAMBIENTAIS DAS AREAS DE OCORRENCIA DO PEPINO DO MAR, HOLOTHURIA GRISEA (AQUINODERMATA: HOLOTHUROIDEA), BITUPITÁ-CEARÁ

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: de Sousa , Silvia Teixeira
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Artigo
Título da fonte: GeoUECE
Texto Completo: https://revistas.uece.br/index.php/GeoUECE/article/view/6980
Resumo: A importância farmacêutica do pepino do mar (Holothuria grisea) e sua ocorrência abundante na zona litorânea de Bitupitá-Ceará, leva necessariamente aos estudos correlativos à sedimentologia e morfologia do piso marinho associado a esse equinodermo. A área de estudo concentrou-se entre a praia e a plataforma continental interna rasa de Bitupitá. Na etapa de campo efetuaram-se 18 extrações de sedimentos do ambiente litorâneo e 6 coletas de pepinos do mar para retirada de sedimentos do seu intestino. Também houve a realização da topografia com o Differential Global Positioning System (DGPS), que detectou a cota altimétrica dos pontos, e Estação Total na realização dos perfis de praia. A batimetria foi executada na etapa de campo em mar, assim como 62 coletas utilizando draga Van Veen. Na etapa de laboratório os sedimentos coletados do ambiente litorâneo e os retirados do intestino dos pepinos, foram analisados por processos sedimentológicos e geoquímicos. A maioria dos sedimentos da plataforma continental e da praia apresentou frações grosseiras (cascalhos, seixos, areia grossa), como determinado pelo grau de assimetria, classificação textural de Folk (1954) e classificação pela média. Isto indica que há uma fonte de beach rocks fornecedora destes materiais nas proximidades, sofrendo erosão ativa. O grau de seleção muito pobremente selecionado, e a curtose platicúrtica, indicaram que houve mistura de partículas com tamanhos variados advindos de vários locais. Os sedimentos do intestino dos pepinos do mar revelaram areia fina, segundo a classificação pela média e o grau de assimetria muito positiva, indicando a retenção de partículas em áreas abrigadas pelas rochas. Na classificação de Larsonneur (1977) modificada por Dias (1996), as amostras da praia e plataforma interna, apresentaram principalmente cascalho litobioclástico; areia litobioclástica com cascalho, e cascalho biolitoclástico. Porém, os sedimentos extraídos dos intestinos dos pepinos revelaram areia bioclástica grossa a muito grossa, constituídos na maioria por conchas e outros materiais carbonáticos. A morfoscopia indicou em maior quantidade sedimentos brilhosos devido à viscosidade da água. Na morfometria os grãos apresentaram esfericidade mista (alta e baixa) e grau de arredondamento rolado e subrolado, correspondendo a partículas inseridas há mais tempo no ciclo sedimentar. O grau muito angular, angular e subangular mostraram também que o depósito foi realizado próximo à área fonte. A concentração de matéria orgânica nos sedimentos do ambiente litorâneo apresentou-se muito baixa, com 0,628 % (média) e 1,82 % nos sedimentos do intestino das holotúrias. O teor de carbonato de cálcio atingiu 44,5% na média das amostras, e 52,6 % nos locais de eventos do pepino. O material do intestino desse animal revelou 98% de carbonato, indicando em sua maioria sedimentos bioclásticos. A morfologia da praia e da plataforma continental interna apresentou declividade suave e a presença de beach rocks em alguns trechos. Estas rochas são fortes influenciadoras nos casos da Holothuria grisea na área, devido fornecerem e reterem sedimentos carbonáticos, dos quais a referida espécie se alimenta ou está associada. A concentração desse pepino deve, portanto, estar associada ao tipo de ambiente de beach rocks, seja de praia ou de fundo raso da plataforma com afloramentos.    
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