Uma “caça às bruxas” centro-africana: os juramentos do bulungo em Massangano (Angola) em 1717

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marcussi, Alexandre Almeida
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de História da UEG
Texto Completo: https://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/article/view/12311
Resumo: Este artigo analisa uma denúncia enviada no ano de 1717 da vila de Massangano, em Angola, ao tribunal da Inquisição de Lisboa, na qual numerosos africanos foram acusados de feitiçaria por seus vizinhos e parentes. Vários deles haviam sido previamente submetidos a ritos divinatório-judiciários ambundos denominados “juramentos do bulungo” para apurar suas culpas. A partir da análise dos distintos significados da feitiçaria para os agentes eclesiásticos e para os africanos envolvidos (tanto os acusados quanto os acusadores), o artigo evidencia relações de complementaridade e disputa entre diferentes instituições jurídicas africanas e lusitanas. Sugere-se que essas instituições tenham sido estratégica e seletivamente invocadas para resolver disputas ligadas aos direitos de uso da terra por africanos livres em territórios de administração portuguesa. Palavras-chave: Juramentos do bulungo. Feitiçaria. Inquisição. Angola. religiões africanas.
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spelling Uma “caça às bruxas” centro-africana: os juramentos do bulungo em Massangano (Angola) em 1717A Central African “witch-hunt”: bulungo oaths in Massangano (Angola) in 1717Une “chasse aux sorcières” à l’Afrique Centrale: serments du bulungo in Massangano (Angola) a 1717Este artigo analisa uma denúncia enviada no ano de 1717 da vila de Massangano, em Angola, ao tribunal da Inquisição de Lisboa, na qual numerosos africanos foram acusados de feitiçaria por seus vizinhos e parentes. Vários deles haviam sido previamente submetidos a ritos divinatório-judiciários ambundos denominados “juramentos do bulungo” para apurar suas culpas. A partir da análise dos distintos significados da feitiçaria para os agentes eclesiásticos e para os africanos envolvidos (tanto os acusados quanto os acusadores), o artigo evidencia relações de complementaridade e disputa entre diferentes instituições jurídicas africanas e lusitanas. Sugere-se que essas instituições tenham sido estratégica e seletivamente invocadas para resolver disputas ligadas aos direitos de uso da terra por africanos livres em territórios de administração portuguesa. Palavras-chave: Juramentos do bulungo. Feitiçaria. Inquisição. Angola. religiões africanas.This paper discusses a denunciation sent from Massangano, Angola, to the Portuguese Inquisition tribunal of Lisbon in 1717, in which several Africans were charged of witchcraft by their relatives and neighbors. Many of those Africans had been previously subjected to Mbundu divinatory and juridical ceremonies called “bulungo oaths” (“juramentos do bulungo”) in order to determine their guilt. Considering that witchcraft had different meanings to ecclesiastical agents and to Africans (both accusers and accused alike), the paper suggests that Portuguese and African juridical institutions held relations of both complementarity and dispute in that context. Free Africans in territories under Portuguese administration may have used those institutions selectively and strategically in order to solve conflicts over land use rights. Keywords: Bulungo oaths. Witchcraft. Inquisition. Angola. African religions.Cet article analyse une dénonciation portée au tribunal de l'Inquisition de Lisbonne (Portugal) à Massangano, en Angola, en 1717, dans laquelle plusieurs africains ont été accusés de sorcellerie par leurs parents et voisins. Nombreux d’entre eux avaient déjà été soumis à des cérémonies divinatoires et juridiques Mbundu appelées « serments du bulungo » (« juramentos do bulungo ») afin de déterminer leur culpabilité. En tenant compte des significations distinctes que la sorcellerie prenait pour les agents ecclésiastiques et les africains (les accusateurs et les accusés), l'article suggère que les institutions juridiques portugaises et africaines ont maintenu des relations de complémentarité et de conflit dans ce contexte. Les africains libres qui habitaient des territoires sous administration portugaise ont utilisé ces institutions de manière sélective et stratégique afin de résoudre des conflits sur les droits d'utilisation des terres. Mots-clés: Serments du bulungo. Sorcellerie. Inquisition. Angola. Religions africaines.Universidade Estadual de Goiás2022-01-31info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/article/view/1231110.31668/revistaueg.v11i01.12311Revista de História da UEG; v. 11 n. 01 (2022): Dossiê "Poder, intolerância e disciplina em um mundo global": duzentos anos da extinção do Santo Ofício Português (1821-2021); e1122062316-437910.31668/revistaueg.v11i01reponame:Revista de História da UEGinstname:Universidade Estadual de Goiás (UEG)instacron:UEGporhttps://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/article/view/12311/9011http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessMarcussi, Alexandre Almeida2022-07-01T12:01:06Zoai:ojs.pkp.sfu.ca:article/12311Revistahttps://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/PUBhttps://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/oai||revistaueg-historia@yahoo.com.br|| revhistueg@gmail.com2316-43792316-4379opendoar:2022-07-01T12:01:06Revista de História da UEG - Universidade Estadual de Goiás (UEG)false
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