Memórias para a (in)diferença: reflexões sobre a possibilidade de usos éticos do passado da Shoah

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ehrlich, Michel
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de História da UEG
Texto Completo: https://www.revista.ueg.br/index.php/revistahistoria/article/view/9441
Resumo: Resumo: Esse artigo[1] tem por objetivo analisar as possibilidades de memórias traumáticas serem mobilizadas para o combate à indiferença e à construção de uma ética da alteridade. Em um primeiro momento, discuto o conceito de indiferença. Após isso, tomando como exemplo o conjunto de 12 entrevistas realizadas com a metodologia da História Oral com filhos de sobreviventes da Shoah[2], procuro refletir sobre a problemática inicial dessa pesquisa. Concluo que as memórias não tomam um caminho único e verifico a presença ao mesmo tempo de narrativas que realizam essa operação de combate à indiferença, mas também de diversos entraves para a formação dessas memórias, entre os quais se destacam o próprio trauma transmitido de pais para filhos – que dificulta sua elaboração – e a relação entre memória e identidade, que se apresenta como um obstáculo para a constituição de memórias voltadas para o Outro. Palavras-chave: Memórias. Shoah. Indiferença.   [1] Uma versão preliminar desse artigo foi apresentada como trabalho final da disciplina História, Cultura e Política, ministrada pela professora Marion Brepohl de Magalhães no Programa de Pós-Graduação em História da UFPR no segundo semestre de 2018. [2] A palavra Shoah é um termo hebraico cujo significado é próximo de catástrofe ou devastação, utilizado para referir-se ao genocídio perpetrado pelo regime nazista e seus colaboradores que vitimou cerca de 6 milhões de judeus (junto a outros grupos perseguidos pelos nazistas). O termo mais utilizado para se referir a esse evento histórico, Holocausto, é considerado por muitos autores como problemático; a origem dessa palavra, grega, remete a um sacrifício com fogo, e aparece em traduções do texto bíblico com a conotação de um sacrifício voluntário ou passivo. Em função disso, opto pela utilização do termo Shoah. Muitos de meus entrevistados utilizaram o termo Holocausto, por ser o de uso mais comum (e, embora Shoah seja preferível, não considero um termo errado, uma vez que seu uso hoje está difundido como referência a esse genocídio e não à origem da palavra), motivo pelo qual, nesse contexto específico, o termo Holocausto aparece no texto. Para uma discussão mais detalhada sobre os termos: DANZIGER, Leila. Shoah ou Holocausto: a aporia dos nomes. Arquivo Maaravi: Revista digital de estudos judaicos da UFMG, v. 1, n.1, pp 50-58, 2007.  
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