Patronato rural, terra e poder : gênese e atuação da UDR em Goiás(1985-1994)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Denise Gabriela
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações da UEG
Texto Completo: http://www.bdtd.ueg.br/handle/tede/1015
Resumo: A União Democrática Ruralista – UDR é uma entidade de representação patronal rural, fundada em Goiás em 1985, por pecuaristas e latifundiários que se sentiram ameaçados pela proposta governamental contida no Plano Nacional de Reforma Agrária. Sustentado pelos princípios do método Materialista-Histórico-Dialético, este estudo realiza um levantamento bibliográfico e documental para apreender a UDR desde sua formação até sua desarticulação, em 1994. A incorporação da terra ao modo de produção capitalista, como fator de propriedade privada, retira de parte da sociedade o acesso a um dos fatores elementares de sobrevivência. A capitalização da terra ocorre tanto para a percepção de renda quanto para garantir a submissão dos expropriados às relações de trabalho. Reconhecidos enquanto classe social e através de seus representantes, os agentes se articulam para influenciar o Estado e garantir a manutenção de interesses. A estrutura fundiária brasileira é caracterizada pelas elevadas taxas de concentração e as classes rurais, por utilizar o patrimonialismo como instrumento de poder extraeconômico. O processo intenso de exploração praticado no campo motivou a formação de movimentos sociais rurais, que após receber o apoio de outras instituições, como a Igreja, alcançaram vulto e passaram a ser identificados como ameaça pelo patronato rural. Num cenário de crise de representatividade, a UDR emerge e consegue auferir apoio de diversas frações de proprietários por meio de seus discursos e de suas múltiplas formas de atuação. Identificada pela truculência com que trata os trabalhadores, a UDR não se restringiu a essa face. Conseguiu transmutar para o cenário político todo poder de influência e construiu um lobby político capaz de interferir na elaboração da Constituição Brasileira de 1988, no tocante à política agrária. Embora não tenha alcançado êxito nos pleitos eleitorais, o espaço político conquistado pelo patronato rural no Congresso por essa atuação é precursor daquele atualmente ocupado pela Bancada Ruralista.
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A capitalização da terra ocorre tanto para a percepção de renda quanto para garantir a submissão dos expropriados às relações de trabalho. Reconhecidos enquanto classe social e através de seus representantes, os agentes se articulam para influenciar o Estado e garantir a manutenção de interesses. A estrutura fundiária brasileira é caracterizada pelas elevadas taxas de concentração e as classes rurais, por utilizar o patrimonialismo como instrumento de poder extraeconômico. O processo intenso de exploração praticado no campo motivou a formação de movimentos sociais rurais, que após receber o apoio de outras instituições, como a Igreja, alcançaram vulto e passaram a ser identificados como ameaça pelo patronato rural. Num cenário de crise de representatividade, a UDR emerge e consegue auferir apoio de diversas frações de proprietários por meio de seus discursos e de suas múltiplas formas de atuação. Identificada pela truculência com que trata os trabalhadores, a UDR não se restringiu a essa face. Conseguiu transmutar para o cenário político todo poder de influência e construiu um lobby político capaz de interferir na elaboração da Constituição Brasileira de 1988, no tocante à política agrária. Embora não tenha alcançado êxito nos pleitos eleitorais, o espaço político conquistado pelo patronato rural no Congresso por essa atuação é precursor daquele atualmente ocupado pela Bancada Ruralista.The União Democrática Ruralista – UDR (Ruralist Democratic Union) is an entity of rural patronal representation, founded in Goiás in 1985, by cattle breeders and landowners that felt threatened by the governmental proposal contained in the Plano Nacional de Reforma Agrária (National Plan of Agrarian reform). Sustained by the principles of the Materialist-Historical- Dialectical method, this study performs a bibliographical and documental survey to seize the UDR since its formation until its disarticulation, in 1994. The incorporation of the land to the capitalist way of production as a factor of private property, withdraws from a part of society the access to one of the very fundamentals factors of survival. The capitalization of the land occurs both for the perception of income and for guaranteeing the submission of the expropriated to the relations of work. Acknowledge while social class and through its representatives, the agents articulated themselves to influence the State and guarantee the maintenance of interests. The Brazilian land ownership structure is characterized by high concentration rates and the rural classes, by utilizing the patrimonialism as an instrument of extra economic power. The intense process of exploration practiced in the countryside motivated the formation of rural and social movements, which after receiving the support of others institutions, like The Church, reached size and came to be identified as a threat be the rural patronage. In a crisis scenario of representativeness, the UDR emerges and manage to earn the backing of many fractions of landowners through its speeches and multiple ways of acting. Identified by the truculence with which it treats the workers, the UDR did not restricted itself to this facet. It was able to transmute to the political scenario all the power of influence and so build a political lobby capable of interfering in the elaboration of the Brazilian Constitution of 1988, regarding the agrarian policy. Although it has not been successful in the electoral processes, the political space won by the rural patronage in Congress through this activity, is a precursor of that one currently occupied be the Ruralist Bench.Universidade Estadual de GoiásUEG ::Coordenação de Mestrado Territórios Expressões Culturais do CerradoBrasilUEGPrograma de Pós-Graduação em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (PPG-TECCER)Xavier, Glauber LopesXavier, Glauber LopesMaciel , Dulce PortilhoBruno, Regina Ângela LandimLunas, Divina Aparecida LeonelDias, Denise Gabriela2022-03-30T19:51:49Z2017-03-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfDIAS, Denise Gabriela. Patronato rural, terra e poder : gênese e atuação da UDR em Goiás(1985-1994). 2017. 197 f. Dissertação( Mestrado em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado) - Universidade Estadual de Goiás, Campus Anápolis de Ciências Socioeconômicas e Humanas, Anápolis,GO.http://www.bdtd.ueg.br/handle/tede/1015porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações da UEGinstname:Universidade Estadual de Goiás (UEG)instacron:UEG2022-03-30T19:51:49Zoai:tede2:tede/1015Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://www.bdtd.ueg.br/PUBhttps://www.bdtd.ueg.br/oai/requestbibliotecaunucet@ueg.br||opendoar:2022-03-30T19:51:49Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações da UEG - Universidade Estadual de Goiás (UEG)false
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