Diálogo sem o eu? : estudo da inversão pronominal na fala de duas crianças autistas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Idelma Divina da
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações da UEG
Texto Completo: http://www.bdtd.ueg.br/handle/tede/1268
Resumo: Este trabalho insere-se nos estudos sobre aquisição de linguagem ao problematizar características linguísticas na fala de duas crianças autistas, mais especificamente a inversão do pronome “eu” por “ele” / “ela” ou pelo nome próprio. Tem como um dos objetivos primordiais analisar o estatuto do outro/Outro no processo de interação dialógica. O estudo faz interseção teórica entre a linguística, a psicanálise e a fonoaudiologia (clínica de linguagem). As reflexões encontram fundamentação principalmente nos trabalhos de Saussure (2006), ao discutir o lugar possível para o estudo dos pronomes entre os construtos sobre a língua e a fala; de Benveniste (1988, 1989), na busca por descortinar a função dos pronomes pessoais no processo de subjetivação em relação à língua/discurso; de Lacan (1985, 1992, 1998a, 1998b, 1998c, 1998d, 1998e), no que tange à formação psíquica do “eu” e ao estatuto de sujeito/língua/outro implicados na constituição subjetiva do falante; de Lemos (1981, 1982, 1986a, 1986b, 1994, 1995, 1998, 2000a, 2000b, 2001, 2002a, 2002b, 2003, 2004, 2006), para discutir as três posições subjetivas necessárias à captura da língua. A metodologia pauta-se no paradigma qualitativo e na teoria fundamentada em dados (GLASER; STRAUSS, 2006), e tem como premissa a “escuta” da singularidade circunscrita na constituição de diálogos interativos entre a terapeuta e as crianças. O autismo, neste estudo, é analisado com foco na constituição subjetiva dos sujeitos. A hipótese do estudo é a de que a inversão do pronome pessoal “eu” marca confusões, hesitações e ocultações singulares, que podem “fraturar” o funcionamento linguístico e, de igual modo, interferir na mudança de posições subjetivas ante a língua, culminando em alterações de referencialidade de pessoa/espaço/tempo. Os resultados mostraram que, na fala das duas crianças, há um distanciamento em relação à fala do outro (alienação ao outro/primeira posição subjetiva), com fixação no polo dominante da língua (segunda posição) e raras construções de fala própria (terceira posição). Entende-se que esta pesquisa contribui com as discussões em torno do fenômeno linguístico estudado, na medida em que a inversão do pronome pessoal “eu” possui origem híbrida e interdisciplinar.
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As reflexões encontram fundamentação principalmente nos trabalhos de Saussure (2006), ao discutir o lugar possível para o estudo dos pronomes entre os construtos sobre a língua e a fala; de Benveniste (1988, 1989), na busca por descortinar a função dos pronomes pessoais no processo de subjetivação em relação à língua/discurso; de Lacan (1985, 1992, 1998a, 1998b, 1998c, 1998d, 1998e), no que tange à formação psíquica do “eu” e ao estatuto de sujeito/língua/outro implicados na constituição subjetiva do falante; de Lemos (1981, 1982, 1986a, 1986b, 1994, 1995, 1998, 2000a, 2000b, 2001, 2002a, 2002b, 2003, 2004, 2006), para discutir as três posições subjetivas necessárias à captura da língua. A metodologia pauta-se no paradigma qualitativo e na teoria fundamentada em dados (GLASER; STRAUSS, 2006), e tem como premissa a “escuta” da singularidade circunscrita na constituição de diálogos interativos entre a terapeuta e as crianças. O autismo, neste estudo, é analisado com foco na constituição subjetiva dos sujeitos. A hipótese do estudo é a de que a inversão do pronome pessoal “eu” marca confusões, hesitações e ocultações singulares, que podem “fraturar” o funcionamento linguístico e, de igual modo, interferir na mudança de posições subjetivas ante a língua, culminando em alterações de referencialidade de pessoa/espaço/tempo. Os resultados mostraram que, na fala das duas crianças, há um distanciamento em relação à fala do outro (alienação ao outro/primeira posição subjetiva), com fixação no polo dominante da língua (segunda posição) e raras construções de fala própria (terceira posição). Entende-se que esta pesquisa contribui com as discussões em torno do fenômeno linguístico estudado, na medida em que a inversão do pronome pessoal “eu” possui origem híbrida e interdisciplinar.This work is inserted in the studies on language acquisition by problematizing linguistic characteristics in the speech of two autistic children, more specifically the inversion of the pronoun "I" by "he" / "she" or by the proper name. One of the main objectives is to analyze the status of the other / Other in the process of dialogical interaction. The study makes a theoretical intersection between linguistics, psychoanalysis and speech therapy (language clinic). The reflections are based mainly on the works of Saussure (2006), when discussing the possible place for the study of pronouns between the constructs on language and speech; in Benveniste (1988, 1989), in the search to unveil the function of personal pronouns in the process of subjectification in relation to language / discourse; in Lacan (1985, 1992, 1998a, 1998b, 1998c, 1998d, 1998e), regarding the psychic formation of the “I” and the status of subject / language / other involved in the subjective constitution of the speaker; in Lemos (1981, 1982, 1986a, 1986b, 1994, 1995, 1998, 2000a, 2000b, 2001, 2002a, 2002b, 2003, 2004, 2006), to discuss the three subjective positions necessary to capture the language. The methodology is based on the qualitative paradigm and on the theory grounded in data (GLASER; STRAUSS, 2006), and has as premise the “listening” of the circumscribed singularity in the constitution of interactive dialogues between the therapist and the children. In this study, autism is analyzed with a focus on the subjective constitution of the subjects. The hypothesis of the study is that the inversion of the personal pronoun "I" marks confusions, hesitations and singular occultations, which can "fracture" the linguistic functioning and, likewise, interfere in the change of subjective positions before the language, culminating in changes in person / space / time referentiality. The results showed that, in the speech of the two children, there is a distance in relation to the speech of the other (alienation from the other / subjective first position), with fixation on the dominant pole of the language (second position) and rare constructions of self-speech (third position). It is understood that this research contributes to the discussions around the linguistic phenomenon studied, insofar as the inversion of the personal pronoun “I” has a hybrid and interdisciplinary origin.Universidade Estadual de GoiásUEG ::Coordenação de Mestrado em Língua, Literatura e InterculturalidadeBrasilUEGPrograma de Pós-Graduação Strito sensu em Língua, Literatura e Interculturalidade (POSLLI)Siqueira, Kênia Mara de Freitashttps://orcid.org/0000-0001-6263-6854http://lattes.cnpq.br/7858452230360917Siqueira, Kênia Mara de FreitasAssis, Eleone Ferraz deSilva, Cleber Cezar daSilva, Idelma Divina da2023-08-23T23:47:18Z3999-12-312021-02-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfSILVA, Idelma Divina da. Diálogo sem o eu?: estudo da inversão pronominal na fala de duas crianças autistas. 2021. 144 f. 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