Ao belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice Lispector

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Joyce Alves
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL
Texto Completo: http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000217335
Resumo: Essa tese caracteriza Clarice Lispector como cronista perceptora, a partir do estudo e da análise de suas crônicas reunidas na coletânea A descoberta do mundo (1981). Observo de modo particular as crônicas cujos temas estão relacionados à fome, à miséria, ao lugar da mulher pobre na sociedade carioca, entre outros assuntos de ordem social e que me permitem apontar na proposta da cronista certo engajamento no que tangem as causas sociais. Nesse sentido, apresento o momento histórico no qual as crônicas foram produzidas com o intuito de entender o que é que se havia de perceber naqueles tempos. Chamo a atenção, sobretudo, para a evidente desigualdade social que acometia especialmente a cidade do Rio de Janeiro entre as décadas de 1960 e 1970, período no qual as crônicas foram escritas. Na época, o Brasil sofria com a ditadura militar e com as ações opressoras por meio da censura que limitava as manifestações artísticas, o que não intimidou Clarice Lispector. A ousadia tímida da cronista transforma-se em parresía literária graças ao caráter denunciativo de seus textos. Baseio-me, ainda, em arcabouço teórico que gira em torno da crônica enquanto gênero literário de origem jornalística, bem como nas teorias que me permitem explicar a apurada percepção da cronista. Michel Foucault, em O governo de si e dos outros (2010), e Gilles Deleuze e Félix Guattari, em Kafka por uma literatura menor (2015), são autores essenciais para a concatenação deste raciocínio a que me proponho. Entretanto, Walter Mignolo, em Histórias locais/Projetos globais (2003), constitui um dos principais fios condutores da presente tese, sobretudo no que diz respeito ao que o autor chama de pensamento liminar. A perceptora Clarice Lispector promove rupturas com as propostas do projeto cultural moderno conduzindo o leitor a uma mudança de lugar epistêmico. A percepção da cronista volta-se para o marginal e a partir daí o leitor é direcionado sem, no entanto, fixar-se num único ponto de vista, o que denota a liminaridade do pensamento.
id UEL_017bc357393013cf6e23879f6cff4c42
oai_identifier_str oai:uel.br:vtls000217335
network_acronym_str UEL
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL
repository_id_str
spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisAo belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice LispectorThe beautiful can hold the cisco : the chronicler perceiver in the parresía of Clarice Lispector2017-12-12Alamir Aquino Corrêa . Rita de Cássia A. Pacheco Limberti Maria Carolina de Godoy Edgar Cézar Nolasco Telma Maciel da SilvaJoyce AlvesUniversidade Estadual de Londrina. Centro de Letras e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras.URLBREssa tese caracteriza Clarice Lispector como cronista perceptora, a partir do estudo e da análise de suas crônicas reunidas na coletânea A descoberta do mundo (1981). Observo de modo particular as crônicas cujos temas estão relacionados à fome, à miséria, ao lugar da mulher pobre na sociedade carioca, entre outros assuntos de ordem social e que me permitem apontar na proposta da cronista certo engajamento no que tangem as causas sociais. Nesse sentido, apresento o momento histórico no qual as crônicas foram produzidas com o intuito de entender o que é que se havia de perceber naqueles tempos. Chamo a atenção, sobretudo, para a evidente desigualdade social que acometia especialmente a cidade do Rio de Janeiro entre as décadas de 1960 e 1970, período no qual as crônicas foram escritas. Na época, o Brasil sofria com a ditadura militar e com as ações opressoras por meio da censura que limitava as manifestações artísticas, o que não intimidou Clarice Lispector. A ousadia tímida da cronista transforma-se em parresía literária graças ao caráter denunciativo de seus textos. Baseio-me, ainda, em arcabouço teórico que gira em torno da crônica enquanto gênero literário de origem jornalística, bem como nas teorias que me permitem explicar a apurada percepção da cronista. Michel Foucault, em O governo de si e dos outros (2010), e Gilles Deleuze e Félix Guattari, em Kafka por uma literatura menor (2015), são autores essenciais para a concatenação deste raciocínio a que me proponho. Entretanto, Walter Mignolo, em Histórias locais/Projetos globais (2003), constitui um dos principais fios condutores da presente tese, sobretudo no que diz respeito ao que o autor chama de pensamento liminar. A perceptora Clarice Lispector promove rupturas com as propostas do projeto cultural moderno conduzindo o leitor a uma mudança de lugar epistêmico. A percepção da cronista volta-se para o marginal e a partir daí o leitor é direcionado sem, no entanto, fixar-se num único ponto de vista, o que denota a liminaridade do pensamento.This thesis characterizes Clarice Lispector as a perceptive chronicler from the study and analysis of her chronicles gathered in the collection to The discovery of the world (1981). I observe in a particular way the chronicles in wich the themes are related to hunger, misery, the place of the poor woman in the society of Rio de Janeiro, among other issues of social order and that allow me to point out in the proposal of the chronicler some engagement in which concern the social causes. In this sense, I present the historical moment in which the chronicles were produced with the intention of understanding what was to be perceived in those times. I draw attention foremost to the evident social inequality that especially affected the city of Rio de Janeiro between the decades of 1960 and 1970, period in which the chronicles were written. At the time, Brazil suffered from a military dictatorship and oppressive actions through censorship that limited artistic manifestations, which did not intimidate Clarice Lispector. The timid daring of the chronicler becomes literal parresía thanks to the denunciative character of its texts. I am also based on a theoretical framework that revolves around the chronicle as a literary genre of journalistic origin, as well as on the theories that allow me to explain the accurate perception of the chronicler. Michel Foucault, in Self-government and Others (2010), and Gilles Deleuze and Félix Guattari, in Kafka for a minor literature (2015), are essential authors for the concatenation of this reasoning to which I propose. However, Walter Mignolo, in Local Stories / Global Projects (2003), was one of the main drivers of the present thesis, especially in what the author calls "liminal thinking". The perceptive Clarice Lispector promotes ruptures with the proposals of the modern cultural project driving the reader to a change of epistemic place. the chronicler's perception turns to the marginal and from there the reader is directed without, however, being fixed in a single point of view, which denotes the liminarity of the thought.http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000217335porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2023-12-11T09:30:57Zoai:uel.br:vtls000217335Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2018-06-04T13:23:47Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)false
dc.title.pt.fl_str_mv Ao belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice Lispector
dc.title.alternative.en.fl_str_mv The beautiful can hold the cisco : the chronicler perceiver in the parresía of Clarice Lispector
title Ao belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice Lispector
spellingShingle Ao belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice Lispector
Joyce Alves
title_short Ao belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice Lispector
title_full Ao belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice Lispector
title_fullStr Ao belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice Lispector
title_full_unstemmed Ao belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice Lispector
title_sort Ao belo cabe prender o cisco : a cronista perceptora na parresía de Clarice Lispector
author Joyce Alves
author_facet Joyce Alves
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Alamir Aquino Corrêa .
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Rita de Cássia A. Pacheco Limberti
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Maria Carolina de Godoy
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Edgar Cézar Nolasco
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Telma Maciel da Silva
dc.contributor.author.fl_str_mv Joyce Alves
contributor_str_mv Alamir Aquino Corrêa .
Rita de Cássia A. Pacheco Limberti
Maria Carolina de Godoy
Edgar Cézar Nolasco
Telma Maciel da Silva
description Essa tese caracteriza Clarice Lispector como cronista perceptora, a partir do estudo e da análise de suas crônicas reunidas na coletânea A descoberta do mundo (1981). Observo de modo particular as crônicas cujos temas estão relacionados à fome, à miséria, ao lugar da mulher pobre na sociedade carioca, entre outros assuntos de ordem social e que me permitem apontar na proposta da cronista certo engajamento no que tangem as causas sociais. Nesse sentido, apresento o momento histórico no qual as crônicas foram produzidas com o intuito de entender o que é que se havia de perceber naqueles tempos. Chamo a atenção, sobretudo, para a evidente desigualdade social que acometia especialmente a cidade do Rio de Janeiro entre as décadas de 1960 e 1970, período no qual as crônicas foram escritas. Na época, o Brasil sofria com a ditadura militar e com as ações opressoras por meio da censura que limitava as manifestações artísticas, o que não intimidou Clarice Lispector. A ousadia tímida da cronista transforma-se em parresía literária graças ao caráter denunciativo de seus textos. Baseio-me, ainda, em arcabouço teórico que gira em torno da crônica enquanto gênero literário de origem jornalística, bem como nas teorias que me permitem explicar a apurada percepção da cronista. Michel Foucault, em O governo de si e dos outros (2010), e Gilles Deleuze e Félix Guattari, em Kafka por uma literatura menor (2015), são autores essenciais para a concatenação deste raciocínio a que me proponho. Entretanto, Walter Mignolo, em Histórias locais/Projetos globais (2003), constitui um dos principais fios condutores da presente tese, sobretudo no que diz respeito ao que o autor chama de pensamento liminar. A perceptora Clarice Lispector promove rupturas com as propostas do projeto cultural moderno conduzindo o leitor a uma mudança de lugar epistêmico. A percepção da cronista volta-se para o marginal e a partir daí o leitor é direcionado sem, no entanto, fixar-se num único ponto de vista, o que denota a liminaridade do pensamento.
publishDate 2017
dc.date.issued.fl_str_mv 2017-12-12
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000217335
url http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000217335
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual de Londrina. Centro de Letras e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras.
dc.publisher.initials.fl_str_mv URL
dc.publisher.country.fl_str_mv BR
publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual de Londrina. Centro de Letras e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Letras.
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL
instname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)
instacron:UEL
instname_str Universidade Estadual de Londrina (UEL)
instacron_str UEL
institution UEL
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)
repository.mail.fl_str_mv bcuel@uel.br||
_version_ 1784990171562770432