Estudo comparativo dos aspectos funcionais entre pacientes com fibrose pulmonar idiopática, esclerose sistêmica e seus controles

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paula, Luiz Eduardo de
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UEL
Texto Completo: https://repositorio.uel.br/handle/123456789/17399
Resumo: Introdução: A esclerose sistêmica (ES) é uma doença do tecido conjuntivo caracterizada por fibrose da pele e órgãos internos, isquemia por obliteração vascular e autoimunidade. Além do quadro típico de envolvimento cutâneo, pode apresentar envolvimento de órgãos internos, com destaque para o acometimento pulmonar, que é motivo de maior morbimortalidade nessa população. O comprometimento pulmonar observado nesses pacientes se assemelha muito com o de indivíduos com outras doenças pulmonares intersticiais (DPIs), especialmente com Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI). Apesar de algum grau de sobreposição em suas características clínicas e patogênese, a DPI associada à ES e a FPI possuem diferenças importantes, com implicações significativas para diagnóstico, avaliação e manejo clínico. Objetivos: Comparar variáveis de capacidade funcional em indivíduos com ES, FPI e uma amostra de indivíduos saudáveis. Metodologia: Neste estudo transversal, todos os participantes foram submetidos a avaliações de função pulmonar (pletismografia corporal), capacidade de exercício através do teste de caminhada de 6 minutos (TC6m), força muscular periférica através da contração isométrica voluntária máxima do quadríceps femoral (CIVM), teste de sentar e levantar (TSL, 5 repetições e de 1 minuto), atividade física de vida diária (monitor Actigraph wGT3X-BT®), avaliação da qualidade de vida (questionário SF-36), questionário do hospital Saint George na doença respiratória (SGRQ) e escala hospitalar de ansiedade e depressão (HADS). Resultados: Ao todo, 78 indivíduos (26 FPI, 64±9 anos, 27,9±4,7 Kg/m2, CVF 68±18%; 17 ES, 54±10 anos, 26,4±6 Kg/m2, CVF 74±22%; 35 saudáveis, 60±9 anos, 27,6±4,8Kg/m2, CVF 97±11%) foram estudados. Pacientes com FPI e ES demonstraram desempenhos inferiores de funcionalidade no TC6m (436±100 vs 455±98 vs 569±67, respectivamente, p<0,05) e no TSL de 1 minuto (23[20-27] vs 23[20-28] vs 28[25-38], p<0,05) quando comparados com indivíduos saudáveis. Pacientes com FPI e ES apresentaram menor número médio de passos por dia (4404 [2959-5968 vs 5533 [3730-6670] vs 6932 [5387-9939], p<0,05), tempo em pé em minutos por dia (267±86 vs 307±83 vs 374±78, p<0,05) e atividade física moderada a intensa (7 [3-10] vs 8 [2-11] vs 21 [12-36], p<0.05), quando comparados aos indivíduos saudáveis, porém sem apresentar diferenças significantes entre os grupos com doença pulmonar. Da mesma maneira, a força de quadríceps foi menor nos grupos FPI e ES (300 [250-442] vs 243 [226-323] vs 401 [347-516] N, p<0,05). No grupo FPI foi encontrada correlação positiva moderada do TC6m com força do quadríceps (r=0,59 p=0,001), tendência a moderada correlação positiva com TSL de 1 minuto (r=0,52 p=0,057) e fraca correlação positiva (r=0,47 p=0,01) com atividade física moderada a intensa. Nos pacientes com ES, o TC6m se correlacionou fortemente com o número de passos (r=0,77 p<0,001) e de maneira moderada com as variáveis tempo em atividade leve (r=0,67 p=0,004), tempo em atividade moderada a intensa (r=0,61 p=0,01) e tempo em pé (r=0,51 p=0,04). Conclusão: O presente estudo mostrou que os pacientes com ES e FPI apresentaram redução da capacidade funcional, menores níveis de AFVD e menor força da musculatura de quadríceps quando comparados à indivíduos saudáveis. A moderada correlação do TC6m com TSL de 1 minuto e força de quadríceps na população com FPI sugere que neste grupo a força dos membros inferiores podem ter influência importante no desempenho funcional.
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spelling Estudo comparativo dos aspectos funcionais entre pacientes com fibrose pulmonar idiopática, esclerose sistêmica e seus controlesComparative study of functional aspects between patients with idiopathic pulmonary fibrosis, systemic sclerosis and controlsDoença pulmonar intersticialEsclerose sistêmicaTestes funcionaisCapacidade de exercícioAtividade física na vida diáriaCiências da Saúde - MedicinaInterstitial lung diseaseSystemic sclerosisFunctional testsExercise capacityPhysical activity in daily lifeIntrodução: A esclerose sistêmica (ES) é uma doença do tecido conjuntivo caracterizada por fibrose da pele e órgãos internos, isquemia por obliteração vascular e autoimunidade. Além do quadro típico de envolvimento cutâneo, pode apresentar envolvimento de órgãos internos, com destaque para o acometimento pulmonar, que é motivo de maior morbimortalidade nessa população. O comprometimento pulmonar observado nesses pacientes se assemelha muito com o de indivíduos com outras doenças pulmonares intersticiais (DPIs), especialmente com Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI). Apesar de algum grau de sobreposição em suas características clínicas e patogênese, a DPI associada à ES e a FPI possuem diferenças importantes, com implicações significativas para diagnóstico, avaliação e manejo clínico. Objetivos: Comparar variáveis de capacidade funcional em indivíduos com ES, FPI e uma amostra de indivíduos saudáveis. Metodologia: Neste estudo transversal, todos os participantes foram submetidos a avaliações de função pulmonar (pletismografia corporal), capacidade de exercício através do teste de caminhada de 6 minutos (TC6m), força muscular periférica através da contração isométrica voluntária máxima do quadríceps femoral (CIVM), teste de sentar e levantar (TSL, 5 repetições e de 1 minuto), atividade física de vida diária (monitor Actigraph wGT3X-BT®), avaliação da qualidade de vida (questionário SF-36), questionário do hospital Saint George na doença respiratória (SGRQ) e escala hospitalar de ansiedade e depressão (HADS). Resultados: Ao todo, 78 indivíduos (26 FPI, 64±9 anos, 27,9±4,7 Kg/m2, CVF 68±18%; 17 ES, 54±10 anos, 26,4±6 Kg/m2, CVF 74±22%; 35 saudáveis, 60±9 anos, 27,6±4,8Kg/m2, CVF 97±11%) foram estudados. Pacientes com FPI e ES demonstraram desempenhos inferiores de funcionalidade no TC6m (436±100 vs 455±98 vs 569±67, respectivamente, p<0,05) e no TSL de 1 minuto (23[20-27] vs 23[20-28] vs 28[25-38], p<0,05) quando comparados com indivíduos saudáveis. Pacientes com FPI e ES apresentaram menor número médio de passos por dia (4404 [2959-5968 vs 5533 [3730-6670] vs 6932 [5387-9939], p<0,05), tempo em pé em minutos por dia (267±86 vs 307±83 vs 374±78, p<0,05) e atividade física moderada a intensa (7 [3-10] vs 8 [2-11] vs 21 [12-36], p<0.05), quando comparados aos indivíduos saudáveis, porém sem apresentar diferenças significantes entre os grupos com doença pulmonar. Da mesma maneira, a força de quadríceps foi menor nos grupos FPI e ES (300 [250-442] vs 243 [226-323] vs 401 [347-516] N, p<0,05). No grupo FPI foi encontrada correlação positiva moderada do TC6m com força do quadríceps (r=0,59 p=0,001), tendência a moderada correlação positiva com TSL de 1 minuto (r=0,52 p=0,057) e fraca correlação positiva (r=0,47 p=0,01) com atividade física moderada a intensa. Nos pacientes com ES, o TC6m se correlacionou fortemente com o número de passos (r=0,77 p<0,001) e de maneira moderada com as variáveis tempo em atividade leve (r=0,67 p=0,004), tempo em atividade moderada a intensa (r=0,61 p=0,01) e tempo em pé (r=0,51 p=0,04). Conclusão: O presente estudo mostrou que os pacientes com ES e FPI apresentaram redução da capacidade funcional, menores níveis de AFVD e menor força da musculatura de quadríceps quando comparados à indivíduos saudáveis. A moderada correlação do TC6m com TSL de 1 minuto e força de quadríceps na população com FPI sugere que neste grupo a força dos membros inferiores podem ter influência importante no desempenho funcional.Introduction: Systemic sclerosis (SSc) is a connective tissue disease characterized by fibrosis of the skin and internal organs, vascular obliteration and autoimmunity. Outside cutaneous involvement, internal organs can be involved, especially lung parenchyma, which is responsible for high morbidity and mortality in this population. The pulmonary involvement observed is similar with other interstitial lung diseases, especially Idiopathic Pulmonary Fibrosis (IPF). Despite some overlap in clinical features and pathogenesis, SSc associated ILD and IPF have important differences, with significant implications in diagnosis, assessment, and clinical management. Objectives: To compare functional capacity variables in individuals with SSc, IPF and healthy individuals. Methodology: In this cross-sectional study, participants underwent pulmonary function assessments (body plethysmography), 6-minute walk test (6MWT), peripheral muscle strength through maximal voluntary isometric contraction of the quadriceps femoris (MVIC), sit-to-stand test (STS, 5 repetitions and 1 minute), physical activity of daily living (Actigraph wGT3X-BT® monitor), quality of life assessment (SF-36 questionnaire), Saint. George's Respiratory Questionnaire (SGRQ) and hospital anxiety and depression scale (HADS). Results: Data from 78 individuals (26 IPF, 64±9 years, 27.9±4.7 Kg/m2, FVC 68±18 % of predicted; 17 SSc, 54±10 years, 26.4± 6 Kg/m2, FVC 74±22 % of predicted; 35 healthy individuals, 60±9 years, 27.6±4.8Kg/m2, FVC 97±11 % of predicted) were analyzed. Patients with IPF and SSc had lower functional performance on the 6MWT (436±100 vs 455±98 vs 569±67, respectively, p<0.05) and on the 1-minute STS (23[20-27] vs 23[20-28] vs 28[25-38], p<0.05) when compared to healthy individuals. IPF and SSc had lower performance in the mean daily number of steps (4404 [2959-5968 vs 5533 [3730-6670] vs 6932 [5387-9939], p<0.05), standing time in minutes per day (267 ±86 vs 307±83 vs 374±78, p<0.05) and moderate to intense physical activity (7 [3-10] vs 8 [2 -11] vs 21 [12-36], p<0.05), when compared to healthy individuals, but without significant differences between IPF and SSc individuals. Quadriceps strength was lower in the IPF and SSc patients when compared to healthy subjects (300 [250-442] vs 243 [226-323] vs 401 [347-516] N, p<0.05). In the IPF group, a moderate positive correlation was found between the 6MWT and quadriceps strength (r=0.59 p=0.001), moderate positive correlation tendency with 1-minute STS (r=0.52 p=0.057) and a weak positive correlation (r=0.47 p=0.01) with moderate to intense physical activity. In SSc patients, the 6MWT strongly correlated with number of steps (r=0.77 p<0.001) and moderately with light activity time (r=0.67 p=0.004), moderate to intense activity time (r=0.61 p=0.01) and standing time (r=0.51 p=0.04). Conclusion: SSc and IPF patients exhibited reduced functional capacity, lower levels of physical activity of daily living and lower quadriceps muscle strength when compared to healthy individuals. The 6MWT moderate correlation with 1-minute STS and quadriceps strength in the IPF group suggests that, lower limb strength may have an important influence on functional performance.Mantoani, Leandro CruzCamillo, Carlos Augusto MarçalHernandes, Nidia AparecidaPaula, Luiz Eduardo de2024-09-03T15:14:53Z2024-09-03T15:14:53Z2022-10-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/17399porCCS - Departamento de Clínica MédicaPrograma de Pós-Graduação em Ciências da ReabilitaçãoUniversidade Estadual de Londrina - UELLondrina95 p.reponame:Repositório Institucional da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-09-04T06:04:31Zoai:repositorio.uel.br:123456789/17399Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-09-04T06:04:31Repositório Institucional da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)false
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description Introdução: A esclerose sistêmica (ES) é uma doença do tecido conjuntivo caracterizada por fibrose da pele e órgãos internos, isquemia por obliteração vascular e autoimunidade. Além do quadro típico de envolvimento cutâneo, pode apresentar envolvimento de órgãos internos, com destaque para o acometimento pulmonar, que é motivo de maior morbimortalidade nessa população. O comprometimento pulmonar observado nesses pacientes se assemelha muito com o de indivíduos com outras doenças pulmonares intersticiais (DPIs), especialmente com Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI). Apesar de algum grau de sobreposição em suas características clínicas e patogênese, a DPI associada à ES e a FPI possuem diferenças importantes, com implicações significativas para diagnóstico, avaliação e manejo clínico. Objetivos: Comparar variáveis de capacidade funcional em indivíduos com ES, FPI e uma amostra de indivíduos saudáveis. Metodologia: Neste estudo transversal, todos os participantes foram submetidos a avaliações de função pulmonar (pletismografia corporal), capacidade de exercício através do teste de caminhada de 6 minutos (TC6m), força muscular periférica através da contração isométrica voluntária máxima do quadríceps femoral (CIVM), teste de sentar e levantar (TSL, 5 repetições e de 1 minuto), atividade física de vida diária (monitor Actigraph wGT3X-BT®), avaliação da qualidade de vida (questionário SF-36), questionário do hospital Saint George na doença respiratória (SGRQ) e escala hospitalar de ansiedade e depressão (HADS). Resultados: Ao todo, 78 indivíduos (26 FPI, 64±9 anos, 27,9±4,7 Kg/m2, CVF 68±18%; 17 ES, 54±10 anos, 26,4±6 Kg/m2, CVF 74±22%; 35 saudáveis, 60±9 anos, 27,6±4,8Kg/m2, CVF 97±11%) foram estudados. Pacientes com FPI e ES demonstraram desempenhos inferiores de funcionalidade no TC6m (436±100 vs 455±98 vs 569±67, respectivamente, p<0,05) e no TSL de 1 minuto (23[20-27] vs 23[20-28] vs 28[25-38], p<0,05) quando comparados com indivíduos saudáveis. Pacientes com FPI e ES apresentaram menor número médio de passos por dia (4404 [2959-5968 vs 5533 [3730-6670] vs 6932 [5387-9939], p<0,05), tempo em pé em minutos por dia (267±86 vs 307±83 vs 374±78, p<0,05) e atividade física moderada a intensa (7 [3-10] vs 8 [2-11] vs 21 [12-36], p<0.05), quando comparados aos indivíduos saudáveis, porém sem apresentar diferenças significantes entre os grupos com doença pulmonar. Da mesma maneira, a força de quadríceps foi menor nos grupos FPI e ES (300 [250-442] vs 243 [226-323] vs 401 [347-516] N, p<0,05). No grupo FPI foi encontrada correlação positiva moderada do TC6m com força do quadríceps (r=0,59 p=0,001), tendência a moderada correlação positiva com TSL de 1 minuto (r=0,52 p=0,057) e fraca correlação positiva (r=0,47 p=0,01) com atividade física moderada a intensa. Nos pacientes com ES, o TC6m se correlacionou fortemente com o número de passos (r=0,77 p<0,001) e de maneira moderada com as variáveis tempo em atividade leve (r=0,67 p=0,004), tempo em atividade moderada a intensa (r=0,61 p=0,01) e tempo em pé (r=0,51 p=0,04). Conclusão: O presente estudo mostrou que os pacientes com ES e FPI apresentaram redução da capacidade funcional, menores níveis de AFVD e menor força da musculatura de quadríceps quando comparados à indivíduos saudáveis. A moderada correlação do TC6m com TSL de 1 minuto e força de quadríceps na população com FPI sugere que neste grupo a força dos membros inferiores podem ter influência importante no desempenho funcional.
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