O assentamento rural coletivo COPAVI : contradições e avanços no processo de territorialização camponesa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Zeneratti, Fábio Luiz
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL
Texto Completo: https://repositorio.uel.br/handle/123456789/13523
Resumo: Resumo: As reflexões contidas neste trabalho se inserem no debate sobre a pertinência da reforma agrária no contexto da elevada concentração fundiária brasileira, tendo como recorte empírico a Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (COPAVI), uma experiência de assentamento rural fundada no trabalho coletivo sob uma modalidade de cooperativismo que alcançou êxito em poucas experiências, posto que a maioria dos assentados, ao alcançarem o acesso à terra, tendem a explorá-la individualmente Longe de se ocupar da oposição que frequentemente é invocada para indagar qual é o melhor modelo de assentamento, o coletivo ou o individual, o que o trabalho procura evidenciar é que o modelo de desenvolvimento capitalista brasileiro possibilitou que a propriedade da terra se mantivesse sob controle de uma pequena parcela da população, com isso, a luta pela reforma agrária ganhou importância e representatividade Os movimentos sociais foram os maiores responsáveis pela espacialização e territorialização da luta pela terra, a partir disso emergiram formas alternativas de produção nos assentamentos, elas estão possibilitando a concretização da reforma agrária, guardadas as especificidades do grupo organizado bem como a Geografia do local onde estão inseridos No caso em questão, foi possível observar que o cooperativismo é um importante mecanismo para evitar que a renda da terra camponesa seja apropriada pelo capital, sobretudo possibilitando aos cooperados a inserção no mercado sem a intermediação do capital industrial ou comercial Para isso contribui a estratégia da policultura, mediante a qual se produz uma parte dos gêneros necessários à sobrevivência das famílias, reduzindo-se a dependência externa A divisão do trabalho no interior do assentamento revela uma lógica que lembra a organização empresarial, embora contraditoriamente esteja integrada à lógica de trabalho camponês Se para os cooperados de origem camponesa a lógica de trabalho empresarial é fator limitante para sua permanência no assentamento, pois não permite florescer seu Habitus camponês, para os trabalhadores passíveis de serem associados à tradição proletária, o problema é justamente vislumbrar tarefas a cumprir para além do que a dimensão contratual de sua condição proletária pretérita significava, pois a dedicação e a doação para com o assentamento, muitas vezes aumentando a intensidade e o tempo de trabalho, se apresentam como fatores determinantes para a permanência na cooperativa Sendo assim, a necessária ruptura parcial seja com a tradição camponesa, seja com a tradição proletária, tem influenciado na decisão de desistirem ou permanecerem Isso explica, em parte, a significativa rotatividade das famílias: desde a fundação, cerca de 4 famílias já passaram pela cooperativa, restando apenas seis das 16 inicialmente assentadas Portanto, a dinâmica interna da COPAVI se situa numa posição ambígua, com ingredientes da lógica empresarial de gestão e da lógica camponesa de produção, possibilitando a convergência de trabalhadores distintos segundo uma perspectiva de classe Sendo assim, a COPAVI resiste ao longo do tempo como resultado destas contradições, que ora se apresentam como fatores desagregadores ao trabalho coletivo, ora se apresentam como estratégias de resistência e fortalecimento
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Universidade Estadual de Londrina, Centro de Ciências Exatas, Programa de Pós-Graduação em GeografiaAbstract: The reflections contained in this work are part of the debate about the relevance of the agrarian reform in the context of high concentration brazilian land, with a focus on Agricultural Production Cooperative of Victoria (COPAVI), an experience of rural settlement founded in collective work under a modality of unionism that has achieved success in a few experiments, since the majority of settlers, to achieve access to land, tend to exploit it individually Far from occupying with the opposition which is often call to ask what is the best model of settlement, the collective or individual, that the work seeks to highlight is that the model of capitalist development brazilian allowed that the ownership of the land remained under the control of a small portion of the population, with this, the struggle for agrarian reform has gained importance and representativeness The social movements were the main responsible for spatialization and territorialization of the struggle for land, from addition emerged alternative forms of production in settlements, they are allowing the implementation of agrarian reform, kept the specificities of organized group as well as the Geography of the place where they are inserted In the case in question, it was possible to observe that the cooperativity is an important mechanism to prevent the rent of land peasant is appropriate by capital, especially allowing for cooperative members to insert on the market without the intermediation of capital industrial or commercial This has contributed to the strategy of polyculture, which is produces a part of food necessary for the survival of families, reducing the external dependency The division of labor inside the settlement shows a logic that recalls the business organization, although, contradictorily is integrated to the logic of peasant labor If for the members of peasant to the logic of business work is an essential factor for their stay in settlement, because it does not flourish their Habitus peasant,for workers likely to be associated with the proletarian tradition, the problem is precisely glimpse tasks to fulfill beyond what the contractual dimension of their condition significant proletarian, because the dedication and the donation to the settlement, often increasing the intensity and the time of work, present as determining factors for permanence in the cooperative Then, the required partial rupture is with the peasant tradition, is with the proletarian tradition, has inluenced in decision to give up or to remainThis explains, in part, to significant turnover of families, since the foundation, about forty families have passed by the cooperative, leaving only six of the sixteen initially settled Therefore, the internal dynamics of COPAVI is located in an ambiguous position, with ingredients of business logic of management and the logic of peasant production,enabling the convergence of different workers second a class perspective Therefore, the COPAVI resists over time as a result of these contradictions, which sometimes present as disruptive factors to the collective work, sometimes present as strategies of resistance and strengtheningAntonello, Ideni Terezinha [Orientador]Machado, Eliel RibeiroFernandes, Bernardo MançanoZeneratti, Fábio Luiz2024-05-01T14:15:48Z2024-05-01T14:15:48Z2012.0025.06.2012info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/13523porMestradoGeografiaCentro de Ciências ExatasPrograma de Pós-graduação em GeografiaLondrinareponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-07-04T01:47:03Zoai:repositorio.uel.br:123456789/13523Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-07-04T01:47:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UEL - 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