Considerações analítico-comportamentais sobre a resistência feminista : uma interlocução a partir de María Lugones

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barbosa, Denise Silveira
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UEL
Texto Completo: https://repositorio.uel.br/handle/123456789/8969
Resumo: Resumo: Nos estudos sobre a sociedade, em geral, a noção de resistência costuma ser utilizada em uma acepção contrária às relações de dominação e opressão Sob uma perspectiva feminista, não parece haver, no entanto, uma definição única e consensual sobre o que é resistência Dentre as teóricas da área que se dedicaram ao seu estudo, María Lugones é identificada como uma teórica da resistência, com especial interesse nas suas manifestações cotidianas Para a autora, a opressão se estabelece pela destituição e negação da humanidade e, para compreender a resistência, é necessário identificar as maneiras pelas quais essa humanidade é afirmada De uma perspectiva analítico-comportamental, resistência não é um conceito frequentemente utilizado Porém, há uma crescente produção de trabalhos de cunho sócio-político que, mesmo apoiados por outros termos, versam sobre questões sociais e a perspectiva de transformação de relações O objetivo do presente trabalho foi analisar a noção de resistência de mulheres presentes na literatura analítico-comportamental feminista, partindo de interlocuções com as teses sobre resistência de Lugones Para tal, foi realizada uma pesquisa teórica, dividida em três etapas: a etapa um viabilizou a caracterização das teses lugonianas acerca da resistência, por meio do Procedimento de Interpretação Conceitual de Texto (PICT), em obras selecionadas Na segunda etapa, foi realizada uma busca e seleção de obras analítico-comportamentais feministas, objetivando compreender a rede conceitual da área para dar conta das discussões sobre resistência Na última etapa, uma interlocução dos achados nas etapas anteriores foi proposta A partir da análise das obras de Lugones, pode-se apreender características e condições para que o fenômeno da resistência se apresente como uma possibilidade de populações oprimidas: 1) teses pluralistas contemplam a atividade resistente para além dos seus significados hegemônicos, 2) resistência não é definida pela sua forma, mas pelo contexto, 3) sua esfera de manifestação é infrapolítica, 4) é construída coletivamente e, a partir da relação entre os que resistem, coalizões podem ser formadas para potencializar essa atividade A relação entre a proposta e lugoniana é estabelecida a partir das teses pluralistas, contextualista e relacionistas presentes em ambas as concepções Ainda, a rede de conceitos analítico-comportamentais acionada para contemplar a ideia de transformar relações opressivas é diversa: agência, autoconhecimento, autocontrole e contracontrole são algumas das noções mobilizadas Chama atenção que, mesmo considerando o caráter relacional e contextual das formas de desarticular relações opressivas, os textos feministas da Análise do Comportamento, frequentemente, propõem uma análise circunscrita aos repertórios individuais que podem ser úteis na alteração das contingências sociais da opressão Apesar de uma análise importante e consistente, defende-se que o acréscimo de noções que possam contemplar outras temporalidades e níveis de análise, como a de práticas culturais, pode contribuir para que se admita a possibilidade de uma cultura de resistência da mesma forma que se admite a de uma cultura de dominação Espera-se que as considerações propostas pelo presente trabalho possam ser pertinentes para a consolidação de uma Análise do Comportamento que discuta projetos de teóricos e de sociedade em favor das mulheres e de outras populações oprimidas
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Universidade Estadual de Londrina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Análise do ComportamentoAbstract: In studies on society, the notion of resistance is usually used in opposition to relations of domination and oppression However, from a feminist perspective, it seems that there is not a consensual definition of what resistance is Among feminist theorists, who have dedicated their works to study this subject, María Lugones is recognized as a theorist of resistance with special interet in its everyday manifestations According to the author, opression is a relation which destituits and denies humanity and, in order to understand resistance, it is necessary the identification of the ways in which this humanity is affirmed From a behavior-analytic perspective, resistance is not a frequent concept Nevertheless, there is a growing production of papers on socio-political studies that, even though using others concepts, aime to adress social issues and the possibilities of transforming social relations This work aims to analyze the concept of resistance of women to oppressions present in the feminist behavior-analytic literature Interlocutions with Lugones’ theses on resistance are made For this, a three steps theoretical research was carried out: 1) caracterization of Lugonian theses on resistante through a procedure of conceptual interpretation (PICT), in selected works, 2) papers on a feminist behavioral-analytic perspective were acessed in order to comprehend the area’s conceptual framework account on resistance, 3) dialogue the findings of the previous steps From the analysis of Lugones’ accounts on resistance, it was possible to apprehend the following characteristics and conditions by which resistance presents itself as a possibility of oppressed people: 1) pluralist theses conceptualize resistance activity beyond its hegemonic meanings, 2) resistance is not defined by its form, rather by its contexts, 3) its infrapolitic scope, 4) it is collectively constructed and, based on the relationships between those who resist, coalitions can be formed to enhance this activity A relation can be established between Lugonian account on resistance and radical behaviorism from the link between the pluralist, contextualist and relationist theses present in both conceptions Yet, behavioral-analytic account on the transformation of oppressive relations is diverse: personal agency, self-knowledge, self-control and countercontrol are some of the concepts used It is noteworthy that, even considering the relational and contextual nature of the ways of dismantling oppressive relations, feminist behavioral papers usually limits their analysis to individual repertoires that may be useful in changing social contingencies of opression Despite an important and consistant analysis, it can be argued that the addition of notions that may contemplate other temporalities and scopes of analysis, such as cultural practices, may contribute to admitting the possibility of a culture of resistance It is hoped that the considerations proposed by the present work may be relevant for the consolidation of a Behavior Analysis that discusses projects of theories and societies in favor of women and other oppressed comunitiesGallo, Alex Eduardo [Orientador]Laurenti, CarolinaTatmatsu, Daniely Ildegardes BritoBarbosa, Denise Silveira2024-05-01T11:46:01Z2024-05-01T11:46:01Z2022.0011.04.2022info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/8969porMestradoAnálise do ComportamentoCentro de Ciências BiológicasPrograma de Pós-Graduação em Análise do ComportamentoLondrinareponame:Repositório Institucional da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-07-12T04:20:00Zoai:repositorio.uel.br:123456789/8969Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-07-12T04:20Repositório Institucional da UEL - 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