O segredo de Justine de Sade : um mais além erótico
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UEL |
Texto Completo: | https://repositorio.uel.br/handle/123456789/14453 |
Resumo: | Resumo: Em apenas quinze dias do ano de 1787, o marquês de Sade deu vida à Justine; uma menina loira, doce, religiosa, tímida e principalmente, muitíssimo virtuosa No romance Os infortúnios da virtude, Sade narra as desventuras dessa pobre menina, que foi acusada e condenada por diversos crimes que ela afirmou não ter cometido, fustigada por seu excesso de virtude, sendo humilhada e açoitada proporcionalmente a sua ingenuidade e boa fé Porém, não houve qualquer discurso, por mais eloquente que fosse, que a tenha convencido; nem castigo, por mais cruel e humilhante, que a fez mudar de caminho E apesar de todas as provas que a Providência lhe deu, mostrando que a prosperidade acompanha o crime, enquanto os infortúnios estão reservados aos virtuosos, a fé de Justine na humanidade e na Providência permaneceu inabalável Portanto, há um mistério nesse romance, a questão está naquilo que não foi dito: Justine guardava um segredo E para compreender o segredo de Justine, nos aventuramos por esta obra que foi vista como um escândalo, corruptora, um título proibido, condenado em sua época e ainda em nosso tempo Buscamos interpretá-la por três vias: a primeira delas é o contexto, onde a partir de Robert Muchembled que escreveu O orgasmo e o ocidente, procuramos ver Justine como uma mulher de seu tempo, que vivia nos interditos e transgressões de sua época Já o guia de nosso segundo caminho — o psicológico — foi Gilles Deleuze, que em Sacher Masoch: o frio e o cruel cria uma nova distinção, mais literária do que clínica, de sadismo e masoquismo E que através dela, nos permitiu, caracterizar Justine entre e além desses universos, e também, compreender os seus prazeres no infortúnio Por fim, o último caminho que trilhamos para interpretar os deleites de nossa doce personagem, foi o da crítica literária A partir do texto do crítico literário francês Jean Paulhan, intitulado O Marquês de Sade e sua cúmplice ou as revanches do pudor, procuramos ler a história de Justine como um conto de fada, onde o bem e o mal estão sempre postos em lados contrários, onde um é contantemente recompensado, e o outro sempre castigado, porém, um conto de fada às avessas, um conto sadeano Com esses três olhares fizemos uma análise desse romance, entendendo que Justine coloca o sofrimento como algo inerente à vida, a partir de uma dimensão trágica do mundo, procuramos, também, construir uma perspectiva: a de que essa obra guarda um segredo, que Justine caminha por entre máscaras, e que este é um segredo compartilhado pela criação e seu criador Que Justine e Sade não estão fixados em uma cultura do prazer, e nem em uma cultura da dor, ambos vivem em um além, um mais além erótico |
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O segredo de Justine de Sade : um mais além eróticoMulheresCríticaPrazerHistória socialSocial historyResumo: Em apenas quinze dias do ano de 1787, o marquês de Sade deu vida à Justine; uma menina loira, doce, religiosa, tímida e principalmente, muitíssimo virtuosa No romance Os infortúnios da virtude, Sade narra as desventuras dessa pobre menina, que foi acusada e condenada por diversos crimes que ela afirmou não ter cometido, fustigada por seu excesso de virtude, sendo humilhada e açoitada proporcionalmente a sua ingenuidade e boa fé Porém, não houve qualquer discurso, por mais eloquente que fosse, que a tenha convencido; nem castigo, por mais cruel e humilhante, que a fez mudar de caminho E apesar de todas as provas que a Providência lhe deu, mostrando que a prosperidade acompanha o crime, enquanto os infortúnios estão reservados aos virtuosos, a fé de Justine na humanidade e na Providência permaneceu inabalável Portanto, há um mistério nesse romance, a questão está naquilo que não foi dito: Justine guardava um segredo E para compreender o segredo de Justine, nos aventuramos por esta obra que foi vista como um escândalo, corruptora, um título proibido, condenado em sua época e ainda em nosso tempo Buscamos interpretá-la por três vias: a primeira delas é o contexto, onde a partir de Robert Muchembled que escreveu O orgasmo e o ocidente, procuramos ver Justine como uma mulher de seu tempo, que vivia nos interditos e transgressões de sua época Já o guia de nosso segundo caminho — o psicológico — foi Gilles Deleuze, que em Sacher Masoch: o frio e o cruel cria uma nova distinção, mais literária do que clínica, de sadismo e masoquismo E que através dela, nos permitiu, caracterizar Justine entre e além desses universos, e também, compreender os seus prazeres no infortúnio Por fim, o último caminho que trilhamos para interpretar os deleites de nossa doce personagem, foi o da crítica literária A partir do texto do crítico literário francês Jean Paulhan, intitulado O Marquês de Sade e sua cúmplice ou as revanches do pudor, procuramos ler a história de Justine como um conto de fada, onde o bem e o mal estão sempre postos em lados contrários, onde um é contantemente recompensado, e o outro sempre castigado, porém, um conto de fada às avessas, um conto sadeano Com esses três olhares fizemos uma análise desse romance, entendendo que Justine coloca o sofrimento como algo inerente à vida, a partir de uma dimensão trágica do mundo, procuramos, também, construir uma perspectiva: a de que essa obra guarda um segredo, que Justine caminha por entre máscaras, e que este é um segredo compartilhado pela criação e seu criador Que Justine e Sade não estão fixados em uma cultura do prazer, e nem em uma cultura da dor, ambos vivem em um além, um mais além eróticoDissertação (Mestrado em História Social) - Universidade Estadual de Londrina, Centro de Letras e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História SocialAbstract: En l'espace de quinze jours de l'année 1787, le marquis de Sade a donné vie à Justine, une jeune fille blonde, douce, religieux, timide et surtout très vertueux Dans le roman Les malheurs de la vertu, Sade relate les mésaventures de cette pauvre fille, qui a été accusé et reconnu coupable de divers crimes qu'elle prétend ne pas avoir commis, secouée par la vertu excessive, d'être humilié et battu proportion de leur ingéniosité et de bonne foi Cependant, il n'y avait pas de discours, mais il était éloquent, qui a convaincu, ni punition, mais cruelle et humiliante, qui a changé son chemin Et malgré toutes les preuves que la Providence lui a donné, en montrant que la prospérité vient crime, tandis que les malheurs sont réservés pour la foi Justine vertueux dans l'humanité et de la providence est resté inébranlable Donc, il ya un mystère dans ce roman, la question est ce que l'on ne dit pas: Justine gardé secret Et pour comprendre le secret de Justine, nous nous sommes aventurés pour ce travail qui a été considéré comme un scandale, corrompre un titre interdit, condamné en son temps et même à notre époque Nous cherchons à interpréter de trois façons: la première est le contexte où de Robert Muchembled qui a écrit l'orgasme et l'Occident, on voit Justine comme une femme de son temps, qui vivait dans ce qui est interdit et transgressions de son temps Déjà notre deuxième chemin de guidage - psychologique - était Gilles Deleuze, qui en Sacher Masoch froid et cruel crée une nouvelle distinction, plus littéraire que clinique, le sadisme et le masochismeEt c'est à travers elle, nous a permis de caractériser Justine entre et au-delà de ces univers, et aussi comprendre leurs plaisirs dans le malheur Enfin, le dernier chemin que nous foulons à interpréter notre personnage de Sweet Treats était critique littéraire D'après le texte de la critique littéraire français Jean Paulhan, intitulée Le Marquis de Sade et sa complice ou revanches de la pudeur, nous lisons l'histoire de Justine comme un conte de fées, où le bien et le mal sont toujours placés sur les côtés opposés, où on est récompensé main ferme, et l'autre toujours punis, mais un conte de fée à l'envers, un conte sadien Avec ces trois regards que nous avons fait une analyse de ce roman, la compréhension qui met Justine souffrance comme quelque chose d'inhérent à la vie, à partir d'une dimension tragique du monde, nous construisons également une perspective: que ce travail est le secret que Justine promenades à travers les masques, et que ce n'est un secret partagé pour la création et son créateur Justine et Sade ne sont pas fixés dans une culture du plaisir, et non pas dans une culture de la douleur, les deux vivent dans un au-delà, un au-delà érotiqueGiannattasio, Gabriel [Orientador]Weber, José FernandesCarvalho, Paulo Roberto deArruda, Juliana A. de Lima2024-05-01T14:31:27Z2024-05-01T14:31:27Z2013.0007.06.2013info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/14453porMestradoHistória SocialCentro de Letras e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em História SocialLondrinareponame:Repositório Institucional da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-07-12T04:19:58Zoai:repositorio.uel.br:123456789/14453Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-07-12T04:19:58Repositório Institucional da UEL - 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