Compatibilidades entre agência feminista e comportamentalismo radical

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Emanuelle Castaldelli
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UEL
Texto Completo: https://repositorio.uel.br/handle/123456789/13922
Resumo: Resumo: A agência pode ser tradicionalmente definida como a capacidade de um indivíduo de iniciar uma ação Esse conceito foi considerado um obstáculo à formação de uma aliança política entre feminismo e comportamentalismo radical, pois poderia se referir a uma instância interna responsável por originar os comportamentos dos indivíduos Todavia, essa compreensão não faz jus à pluralidade da comunidade feminista, na qual outras definições de agência compatíveis com o comportamentalismo radical poderiam emergir O objetivo deste estudo teórico-conceitual foi avaliar compatibilidades entre acepções feministas de agência e o comportamentalismo radical A bibliografia selecionada para esta pesquisa foi buscada em periódicos nacionais e internacionais especializados em estudos feministas Foram analisados vinte artigos que continham o descritor agência no título e uma definição desse conceito no resumo e/ou no corpo do texto A análise desses artigos foi pautada nas seguintes categorias: conceito de agência no projeto feminista, crítica a acepções dicotômicas de agência, perspectiva relacional de agência, características da agência, agência e interseccionalidade e agência e coletividade Considerando essas categorias, é possível afirmar que o conceito de agência seria fundamental no feminismo, cujo projeto social consiste em lutar contra controles opressivos e construir um mundo melhor para todas as mulheres A agência, nesse sentido, oferece contexto para que o comportamentalismo radical se filie a projetos de sociedade revolucionários, como o feminismo A literatura feminista, tal qual o comportamentalismo radical, critica explicações dicotômicas de agência, uma vez que elas ferem o caráter contextual e relacional das relações humanas Tanto as explicações de agência centradas no indivíduo quanto as explicações centradas nas estruturas sociais parecem partir da mesma lógica argumentativa que instaura uma dicotomia entre indivíduo e ambiente Feministas e comportamentalistas radicais compreendem que a agência é histórica e temporalmente situada e que a relação dos indivíduos com essas circunstâncias, principalmente seu caráter probabilístico, tornaria a agência possível A perspectiva relacional de agência daria origem a diferentes características de agência que, em uma interpretação comportamentalista, poderiam ser entendidas como repertórios agênticos Alguns aspectos feministas que destacam esses repertórios são: autodeterminação, escolha, competência normativa, performatividade, personificação, agência narrativa e tecnologias do eu Esses repertórios teriam em comum a consciência (autoconhecimento) de controles opressivos em relação ao gênero, que possibilitaria às mulheres fazer escolhas (autocontrole) que viabilizariam a luta contra essas relações de poder opressivas (contracontrole) e construir um mundo com relações mais igualitárias A luta contra relações desiguais de poder também implicaria, para a literatura feminista, incorporar as interseccionalidades das vidas das mulheres (raça, grupo étnico, classe, casta, religião, orientação sexual), a fim de evitar a reprodução dessas desigualdades entre as próprias mulheres Por fim, o reconhecimento dessas interseccionalidades possibilitaria aproximar as mulheres como grupo, o que potencializaria suas ações de resistência contra controles opressivos
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criticism of dichotomous agency acceptations; relational agency perspective; agency features; agency and intersectionality and agency and collectivity It is possible to affirm that the agency's concept would be fundamental in feminism, whose social project consists of struggling against oppressive controls and constructing a better world for all women In this sense, the agency's discussion offers a context in which radical behaviorism can join revolutionary social projects, as feminism does Feminist literature, much as radical behaviorism, criticizes dichotomous accounts of agency, as they are antithetical to the contextual and relational conception of human relations Both individual-centered and social-structured-centered accounts of agency seem to stem from the same logic that establishes an individual-environment dichotomy Feminists and radical behaviorists understand agency as historical and time-situated, and the individuals' relations with these circumstances, mostly its probabilistic nature, make agency possible The relational agency perspective could engender different agency features, understood as agentic repertoires in a radical behaviorist view Some of the features that highlight these repertoires are: self-determination, choice, normative competence, performativity, embodiment, narrative agency, and technologies of the self These repertoires would share consciousness (self-knowledge), socially originated, that enables women to choose (self-control) to struggle against oppressive power relations (countercontrol) and build a world with more egalitarian relations Feminist literature also points out that struggling against unequal power relations demands incorporating women's lives intersectionalities (race, ethnic group, class, caste, religion, sexual orientation) to avoid the reproduction of these inequalities among women themselves Finally, recognizing intersectionalities could bring women closer as a group, and that could strengthen their acts of resistance against oppressive controlsLaurenti, Carolina [Orientador]Bezerra, Marina Souto LopesMizael, Táhcita MedradoSilva, Emanuelle Castaldelli2024-05-01T14:21:05Z2024-05-01T14:21:05Z2021.0015.02.2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/13922porMestradoAnálise do ComportamentoCentro de Ciências BiológicasPrograma de Pós-Graduação em Análise do ComportamentoLondrinareponame:Repositório Institucional da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-07-12T04:19:52Zoai:repositorio.uel.br:123456789/13922Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-07-12T04:19:52Repositório Institucional da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)false
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