A esperança em tempos sombrios : a produção poética brasileira da primeira metade do século XX
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UEL |
Texto Completo: | https://repositorio.uel.br/handle/123456789/14934 |
Resumo: | Resumo: A função desse estudo crítico é analisar como se desenvolveu o sentimento esperança na produção poética brasileira da primeira metade do século XX, período em que suas premissas de existência, como a percepção de um futuro possível, abalaram-se profundamente, dada a atmosfera de medo e incerteza instaurada no Brasil e no mundo Em 1949, o filósofo alemão Ernst Bloch ao publicar sua obra máxima, Das Prinzip Hoffnung (O Princípio Esperança), dividida em três volumes, trouxe à baila a discussão sobre esse afeto, expondo um longo inventário daquilo que, sob a forma de sonhos e utopias, é portador de esperança A partir do que enxergava no passado e no presente, Bloch esboçou os contornos de um futuro possível, em que o homem reconquiste a si mesmo, ultrapasse o reino da alienação e realize um mundo novo Para tanto, nessa nova perspectiva blochiana, a esperança passaria de uma utopia inerte e contemplativa para uma ação de transformação do homem e da sociedade No entanto, na primeira metade do século XX, o otimismo de Ernst Bloch em relação à esperança de um mundo melhor chocou-se com uma dura realidade: a escuridão, o horror e o caos que marcaram duas grandes guerras mundiais Escuridão essa capaz de turvar os olhos do homem e, cegando-o, impedi-lo de vislumbrar o futuro possível proposto por Bloch Face às notícias das mortes em massa, dos genocídios, somados ao regime ditatorial instaurado no Brasil, restou ao homem a triste constatação de sua fragilidade e finitude, num contexto em que ele próprio encontrava-se naufragado em sua luta vã em busca de respostas para sua dura existência Esse luto interminável lhe gerou um transbordamento de emoções como o medo, a angústia, o desespero, a melancolia, a incerteza e, principalmente, a desesperança, como foi possível perceber nos três primeiros capítulos dessa pesquisa Configurou-se, assim, em grande parte da produção poética brasileira estudada, a negação do sentimento esperança proposto por Bloch No entanto, ainda que em menor medida, também foram detectados alguns focos de esperança em poemas do período, conforme apresenta o capítulo IV – “Mas viveremos” Discutiu-se a dialética blochiana que fez do fracasso, do medo e da morte motivos para que o homem supere o sofrimento presente e busque o futuro do ainda-não Para tanto, foram elencadas as formas de consolação usadas pelos poetas para atenuarem seu sofrimento, bem como as imagens poéticas da esperança Dentre elas, destacou-se o arquétipo da aurora como a representação do nascer de um novo dia e, assim, da certeza de que todo o sofrimento é passageiro e dará lugar à vida nova Ademais, foi reiterado o papel da escrita como um fortíssimo ato de resistência à situação vivida |
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A esperança em tempos sombrios : a produção poética brasileira da primeira metade do século XXPoesia brasileiraHistória e críticaEsperançaPrincípio (Filosofia)UtopiasHopePrinciple (Philosophy)Brazilian poetryHistory and criticismResumo: A função desse estudo crítico é analisar como se desenvolveu o sentimento esperança na produção poética brasileira da primeira metade do século XX, período em que suas premissas de existência, como a percepção de um futuro possível, abalaram-se profundamente, dada a atmosfera de medo e incerteza instaurada no Brasil e no mundo Em 1949, o filósofo alemão Ernst Bloch ao publicar sua obra máxima, Das Prinzip Hoffnung (O Princípio Esperança), dividida em três volumes, trouxe à baila a discussão sobre esse afeto, expondo um longo inventário daquilo que, sob a forma de sonhos e utopias, é portador de esperança A partir do que enxergava no passado e no presente, Bloch esboçou os contornos de um futuro possível, em que o homem reconquiste a si mesmo, ultrapasse o reino da alienação e realize um mundo novo Para tanto, nessa nova perspectiva blochiana, a esperança passaria de uma utopia inerte e contemplativa para uma ação de transformação do homem e da sociedade No entanto, na primeira metade do século XX, o otimismo de Ernst Bloch em relação à esperança de um mundo melhor chocou-se com uma dura realidade: a escuridão, o horror e o caos que marcaram duas grandes guerras mundiais Escuridão essa capaz de turvar os olhos do homem e, cegando-o, impedi-lo de vislumbrar o futuro possível proposto por Bloch Face às notícias das mortes em massa, dos genocídios, somados ao regime ditatorial instaurado no Brasil, restou ao homem a triste constatação de sua fragilidade e finitude, num contexto em que ele próprio encontrava-se naufragado em sua luta vã em busca de respostas para sua dura existência Esse luto interminável lhe gerou um transbordamento de emoções como o medo, a angústia, o desespero, a melancolia, a incerteza e, principalmente, a desesperança, como foi possível perceber nos três primeiros capítulos dessa pesquisa Configurou-se, assim, em grande parte da produção poética brasileira estudada, a negação do sentimento esperança proposto por Bloch No entanto, ainda que em menor medida, também foram detectados alguns focos de esperança em poemas do período, conforme apresenta o capítulo IV – “Mas viveremos” Discutiu-se a dialética blochiana que fez do fracasso, do medo e da morte motivos para que o homem supere o sofrimento presente e busque o futuro do ainda-não Para tanto, foram elencadas as formas de consolação usadas pelos poetas para atenuarem seu sofrimento, bem como as imagens poéticas da esperança Dentre elas, destacou-se o arquétipo da aurora como a representação do nascer de um novo dia e, assim, da certeza de que todo o sofrimento é passageiro e dará lugar à vida nova Ademais, foi reiterado o papel da escrita como um fortíssimo ato de resistência à situação vividaTese (Doutorado em Letras) - Universidade Estadual de Londrina, Centro de Letras e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em LetrasAbstract: The objective of this critical study is to analyze how the sense hope was developed in the Brazilian poetry of the first half of the twentieth century, a period in which its assumptions of existence, as the perception of a possible future, were deeply shaken, due to the atmosphere of fear and uncertainty hanging in Brazil and worldwide In 1949, the German philosopher Ernst Bloch published his masterpiece, Das Prinzip Hoffnung (The Principle of Hope), divided into three volumes; in it, he discussed this feeling, exposing a long inventory of what, in the form of dreams and utopias, carries hope From what he saw in the past and present, Bloch outlined a possible future, where man would regain himself, beyond the realm of alienation and build a new world To do so, this new Blochian perspective, hope would change from an inert and contemplative utopia into an action of transformation of man and society However, in the first half of the twentieth century, Ernst Bloch optimism regarding the hope for a better world collided with a harsh reality: the darkness, the horror, and chaos brought in by the two world wars This darkness clouded man's eyes and blinded him, making it difficult for him to envision the possible future proposed by Bloch Given the news of the mass killings, genocides, together with the dictatorial regime established in Brazil, men was left with the sad fact of his frailty and finitude, in a context in which he found himself hostage of his vain struggle for answers to his tough existence This endless grief caused him an overflow of emotions such as fear, anxiety, despair, gloom, uncertainty, and especially hopelessness, as the first three chapters of this research shows Therefore, the denial of hope as proposed by Bloch was seen in most of the studied Brazilian poetic production However, although to a lesser extent, some pockets of hope were detected in poems of the period, as shown in Chapter IV - "But we will live on" We discussed Bloch’s dialectic that made failure, fear, and death reason for man to overcome his current suffering and seek the future of not-yet To do so, we listed the forms of consolation used by poets to mitigate their suffering as well as the poetic images of hope Among them, the archetype of dawn as representing the birth of a new day, and thus the certainty that all suffering is temporary and will give place to a new life stood out Moreover, we reiterated the role of writing as a very strong act of resistance against a given situationCorrêa, Alamir Aquino [Orientador]Ramos, Tânia Regina OliveiraFerraz, Francisco César AlvesSimon, Luiz Carlos SantosKaimoti, Ana Paula Macedo CartapattiFuza, Patrícia Josiane Tavares da Cunha2024-05-01T14:39:54Z2024-05-01T14:39:54Z2014.0006.08.2014info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/14934porDoutoradoLetrasCentro de Letras e Ciências HumanasPrograma de Pós-graduação em LetrasLondrinareponame:Repositório Institucional da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-07-12T04:19:44Zoai:repositorio.uel.br:123456789/14934Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-07-12T04:19:44Repositório Institucional da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)false |
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