A construção da cultura funk no Brasil e a criminalização da questão social

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, Luana Kelsen Ferreira
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UEL
Texto Completo: https://repositorio.uel.br/handle/123456789/8902
Resumo: Resumo: A presente pesquisa pretende elucidar, sociologicamente, a trajetória da cultura Funk no Brasil a partir dos anos 198 e 199, concomitantemente com sua demonização por parte da mídia nacional até os dias atuais Inspirado no Hip-Hop norte-americano, o Funk compartilha de inúmeros elementos comuns às culturas periféricas e marginalizadas, os quais incitam acalorados debates sobre um molde aceitável de cultura por um meio social condicionante e, por vezes, conservador Portanto, ao longo do trabalho aponta-se como a aversão por essas culturas são na verdade um posicionamento hostil ao perfil de seus sujeitos, ou seja, indivíduos pobres, de maioria negra e moradores de regiões periféricas, demonstrando a partir disso como a mídia e determinados segmentos da sociedade as estigmatizam, no contexto da criminalização da questão social, econômica e racial Diante desse panorama, por meio de análise bibliográfica e de entrevistas semi-estruturadas, utilizando-se de autores como Adriana Lopes, Hermano Vianna, Adriana Facina, Erving Goffman, Homi Bhabha e Micael Herschmann, expõe-se como as manifestações culturais, a exemplo do Movimento Funk, são classificadas como próprias ou impróprias para o mercado Tais achados de pesquisa são experienciados com estudantes egressos e profissionais da educação de uma escola pública de Ensino Médio, da rede estadual, localizada no município de São Paulo-SP, ilustrados com resultados de entrevistas semiestruturadas Sabe-se que, partindo da lógica capitalista, de forma arbitrária, tem-se neste processo como instrumento de dissipação a indústria midiática, a qual projeta ao público versões muitas vezes estigmatizadas da população à margem da sociedade Pelo viés jurídico, apoia-se em autores como Danilo Cymrot e Alessandro Baratta, os quais discutem sobre estudos criminológicos baseados na teoria da criminologia crítica, a qual dispõem da ideia de desvio social, observando os processos de criminalização e procedimentos de rotulação de criminosos Alessandro Baratta, por exemplo, precursor dos estudos da criminologia crítica, buscou, através de suas análises expor a seletividade arbitrária do sistema penal e as implicações desta na estrutura das desigualdades sociais Enfim, entre outras hipóteses, defende-se que o Movimento Funk, por gerações, vêm entretendo e legitimando a existência de um grupo invisibilizado socialmente e abandonado pelo Estado, expondo por meio da cultura seu caráter identitário O fato de manifestar-se culturalmente vai muito além do caráter democrático advindo de revoluções culturais globais do final do século XX, observadas por Stuart Hall, mas permeiam o campo político e jurídico quando o fato de expor seu cotidiano torna-se crime
id UEL_80aec6fb835b9eec31cd761bcca1c351
oai_identifier_str oai:repositorio.uel.br:123456789/8902
network_acronym_str UEL
network_name_str Repositório Institucional da UEL
repository_id_str
spelling A construção da cultura funk no Brasil e a criminalização da questão socialCiências sociaisFunk (Música)Hip-hop (Cultura popular jovem)Social sciencesFunk (Music)Hip-hop cultureResumo: A presente pesquisa pretende elucidar, sociologicamente, a trajetória da cultura Funk no Brasil a partir dos anos 198 e 199, concomitantemente com sua demonização por parte da mídia nacional até os dias atuais Inspirado no Hip-Hop norte-americano, o Funk compartilha de inúmeros elementos comuns às culturas periféricas e marginalizadas, os quais incitam acalorados debates sobre um molde aceitável de cultura por um meio social condicionante e, por vezes, conservador Portanto, ao longo do trabalho aponta-se como a aversão por essas culturas são na verdade um posicionamento hostil ao perfil de seus sujeitos, ou seja, indivíduos pobres, de maioria negra e moradores de regiões periféricas, demonstrando a partir disso como a mídia e determinados segmentos da sociedade as estigmatizam, no contexto da criminalização da questão social, econômica e racial Diante desse panorama, por meio de análise bibliográfica e de entrevistas semi-estruturadas, utilizando-se de autores como Adriana Lopes, Hermano Vianna, Adriana Facina, Erving Goffman, Homi Bhabha e Micael Herschmann, expõe-se como as manifestações culturais, a exemplo do Movimento Funk, são classificadas como próprias ou impróprias para o mercado Tais achados de pesquisa são experienciados com estudantes egressos e profissionais da educação de uma escola pública de Ensino Médio, da rede estadual, localizada no município de São Paulo-SP, ilustrados com resultados de entrevistas semiestruturadas Sabe-se que, partindo da lógica capitalista, de forma arbitrária, tem-se neste processo como instrumento de dissipação a indústria midiática, a qual projeta ao público versões muitas vezes estigmatizadas da população à margem da sociedade Pelo viés jurídico, apoia-se em autores como Danilo Cymrot e Alessandro Baratta, os quais discutem sobre estudos criminológicos baseados na teoria da criminologia crítica, a qual dispõem da ideia de desvio social, observando os processos de criminalização e procedimentos de rotulação de criminosos Alessandro Baratta, por exemplo, precursor dos estudos da criminologia crítica, buscou, através de suas análises expor a seletividade arbitrária do sistema penal e as implicações desta na estrutura das desigualdades sociais Enfim, entre outras hipóteses, defende-se que o Movimento Funk, por gerações, vêm entretendo e legitimando a existência de um grupo invisibilizado socialmente e abandonado pelo Estado, expondo por meio da cultura seu caráter identitário O fato de manifestar-se culturalmente vai muito além do caráter democrático advindo de revoluções culturais globais do final do século XX, observadas por Stuart Hall, mas permeiam o campo político e jurídico quando o fato de expor seu cotidiano torna-se crimeDissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Universidade Estadual de Londrina, Centro de Letras e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Ciências SociaisAbstract: The present research intends to elucidate, sociologically, the trajectory of the Funk cul-ture in Brazil from the years 198 and 199, concomitantly with its demonization by the national media until the present day Inspired by American Hip-Hop, Funk shares nu-merous elements common to peripheral and marginalized cultures, which stir up heat-ed debates about an acceptable mold of culture through a conditioning and sometimes conservative social medium Therefore, throughout the work it is pointed out how the aversion by these cultures is in fact a hostile position to the profile of its subjects, that is, poor individuals, of black majority and inhabitants of peripheral regions, demonstrat-ing from this how the media and certain segments of society stigmatize them in the context of the criminalization of the social, economic and racial question In this con-text, through bibliographical analysis and semi-structured interviews, using authors such as Adriana Lopes, Hermano Vianna, Adriana Facina, Erving Goffman, Homi Bhabha and Micael Herschmann, are exposed as cultural manifestations, for example of the Funk Movement, are classified as own or improper for the market These re-search findings are experienced with undergraduate students and education profes-sionals from a public high school, statewide, located in the city of São Paulo, Brazil, illustrated with results from semi-structured interviews It is known that, starting from the capitalist logic, in an arbitrary way, this process has as an instrument of dissipation the media industry, which projects to the public versions that are often stigmatized by the population at the margin of society On the legal side, it relies on authors such as Danilo Cymrot and Alessandro Baratta, who discuss criminological studies based on the theory of critical criminology, which have the idea of social deviance, observing the processes of criminalization and procedures for labeling criminals Alessandro Baratta, for example, precursor of the studies of critical criminology, sought, through his ana-lyzes, to expose the arbitrary selectivity of the penal system and its implications in the structure of social inequalities Finally, among other hypotheses, it is defended that the Funk Movement, for generations, has entertained and legitimized the existence of a group socially invisible and abandoned by the State, exposing through culture its iden-tity character The fact that it manifests itself culturally goes far beyond the democratic character of the twentieth-century global cultural revolutions observed by Stuart Hall, but permeates the political and legal field when exposing their daily lives becomes a crimeLima, Ângela Maria de Sousa [Orientador]Rezende, Maria José dePellegrini, RosivaldoCosta, Luana Kelsen Ferreira2024-05-01T11:41:22Z2024-05-01T11:41:22Z2019.0002.04.2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://repositorio.uel.br/handle/123456789/8902porMestradoCiências SociaisCentro de Letras e Ciências HumanasPrograma de Pós-Graduação em Ciências SociaisLondrinareponame:Repositório Institucional da UELinstname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-07-12T04:20:13Zoai:repositorio.uel.br:123456789/8902Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.bibliotecadigital.uel.br/PUBhttp://www.bibliotecadigital.uel.br/OAI/oai2.phpbcuel@uel.br||opendoar:2024-07-12T04:20:13Repositório Institucional da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)false
dc.title.none.fl_str_mv A construção da cultura funk no Brasil e a criminalização da questão social
title A construção da cultura funk no Brasil e a criminalização da questão social
spellingShingle A construção da cultura funk no Brasil e a criminalização da questão social
Costa, Luana Kelsen Ferreira
Ciências sociais
Funk (Música)
Hip-hop (Cultura popular jovem)
Social sciences
Funk (Music)
Hip-hop culture
title_short A construção da cultura funk no Brasil e a criminalização da questão social
title_full A construção da cultura funk no Brasil e a criminalização da questão social
title_fullStr A construção da cultura funk no Brasil e a criminalização da questão social
title_full_unstemmed A construção da cultura funk no Brasil e a criminalização da questão social
title_sort A construção da cultura funk no Brasil e a criminalização da questão social
author Costa, Luana Kelsen Ferreira
author_facet Costa, Luana Kelsen Ferreira
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Lima, Ângela Maria de Sousa [Orientador]
Rezende, Maria José de
Pellegrini, Rosivaldo
dc.contributor.author.fl_str_mv Costa, Luana Kelsen Ferreira
dc.subject.por.fl_str_mv Ciências sociais
Funk (Música)
Hip-hop (Cultura popular jovem)
Social sciences
Funk (Music)
Hip-hop culture
topic Ciências sociais
Funk (Música)
Hip-hop (Cultura popular jovem)
Social sciences
Funk (Music)
Hip-hop culture
description Resumo: A presente pesquisa pretende elucidar, sociologicamente, a trajetória da cultura Funk no Brasil a partir dos anos 198 e 199, concomitantemente com sua demonização por parte da mídia nacional até os dias atuais Inspirado no Hip-Hop norte-americano, o Funk compartilha de inúmeros elementos comuns às culturas periféricas e marginalizadas, os quais incitam acalorados debates sobre um molde aceitável de cultura por um meio social condicionante e, por vezes, conservador Portanto, ao longo do trabalho aponta-se como a aversão por essas culturas são na verdade um posicionamento hostil ao perfil de seus sujeitos, ou seja, indivíduos pobres, de maioria negra e moradores de regiões periféricas, demonstrando a partir disso como a mídia e determinados segmentos da sociedade as estigmatizam, no contexto da criminalização da questão social, econômica e racial Diante desse panorama, por meio de análise bibliográfica e de entrevistas semi-estruturadas, utilizando-se de autores como Adriana Lopes, Hermano Vianna, Adriana Facina, Erving Goffman, Homi Bhabha e Micael Herschmann, expõe-se como as manifestações culturais, a exemplo do Movimento Funk, são classificadas como próprias ou impróprias para o mercado Tais achados de pesquisa são experienciados com estudantes egressos e profissionais da educação de uma escola pública de Ensino Médio, da rede estadual, localizada no município de São Paulo-SP, ilustrados com resultados de entrevistas semiestruturadas Sabe-se que, partindo da lógica capitalista, de forma arbitrária, tem-se neste processo como instrumento de dissipação a indústria midiática, a qual projeta ao público versões muitas vezes estigmatizadas da população à margem da sociedade Pelo viés jurídico, apoia-se em autores como Danilo Cymrot e Alessandro Baratta, os quais discutem sobre estudos criminológicos baseados na teoria da criminologia crítica, a qual dispõem da ideia de desvio social, observando os processos de criminalização e procedimentos de rotulação de criminosos Alessandro Baratta, por exemplo, precursor dos estudos da criminologia crítica, buscou, através de suas análises expor a seletividade arbitrária do sistema penal e as implicações desta na estrutura das desigualdades sociais Enfim, entre outras hipóteses, defende-se que o Movimento Funk, por gerações, vêm entretendo e legitimando a existência de um grupo invisibilizado socialmente e abandonado pelo Estado, expondo por meio da cultura seu caráter identitário O fato de manifestar-se culturalmente vai muito além do caráter democrático advindo de revoluções culturais globais do final do século XX, observadas por Stuart Hall, mas permeiam o campo político e jurídico quando o fato de expor seu cotidiano torna-se crime
publishDate 2024
dc.date.none.fl_str_mv 02.04.2019
2019.00
2024-05-01T11:41:22Z
2024-05-01T11:41:22Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.uel.br/handle/123456789/8902
url https://repositorio.uel.br/handle/123456789/8902
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Mestrado
Ciências Sociais
Centro de Letras e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.coverage.none.fl_str_mv Londrina
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UEL
instname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)
instacron:UEL
instname_str Universidade Estadual de Londrina (UEL)
instacron_str UEL
institution UEL
reponame_str Repositório Institucional da UEL
collection Repositório Institucional da UEL
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UEL - Universidade Estadual de Londrina (UEL)
repository.mail.fl_str_mv bcuel@uel.br||
_version_ 1809823295086788608